14 anos de idade

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Datas comemorativas eram especiais para Namjoon. Para ele, sempre era momento para celebrar algo importante, mesmo que a data em questão não correspondesse exatamente com a realidade. E foi assim que ele transformou o Dia dos Namorados num evento para celebrar a sua amizade com Seokjin.

No começo Seokjin achou estranho, não quis levar isso adiante. Tomou um susto quando ganhou uma barra de chocolate suíço de Namjoon, quase deu um escândalo. Mas Namjoon explicou delicadamente sua intenção, e no ano seguinte, se tornou uma tradição trocarem pequenas lembranças nessa data.

A primeira vez foi quando eles tinham doze anos. No ano anterior a isso os pais de Namjoon realmente se divorciaram, o que levou o garoto a inventar as mais diferentes formas de fazer com que a chama da amizade com Seokjin se mantivesse acesa. Não foi tão fácil, e ainda não era. Na época foram morar na casa da avó de Namjoon, e como ele previu, teve que mudar também de escola, devido à distância. Eles não tinham tanto tempo para se verem, mas acabaram por telefonarem todos os dias um para o outro, e escrever cartas sempre que tinham vontade. Seokjin era quem escrevia mais, pois tinha o dom da palavra. Namjoon costumava desenhar coisas para o amigo em troca, porque era o que sabia fazer de melhor.

No ano atual o presente de Seokjin seria diferente. Nada de balas, chocolates, figurinhas ou desenhos mais elaborados. Namjoon agora tinha um trabalho de meio período, que lhe permitia não só ajudar em casa, como também comprar coisas variadas para si mesmo. Foi com esse dinheiro que ele conseguiu comprar uma pelúcia no próprio local de trabalho, que ele achava muito bonita. Se tratava de um coala azul, de olhinhos fechados, e era a coisa mais fofa depois de RJ, a alpaca que passava períodos distintos entre as casas dos dois amigos. A pelúcia era linda, e não teve como não comprar para presentear Seokjin. Assim, com o bichinho dentro de uma caixa, ele foi para a casa de Seokjin naquele dia dos namorados.

— Oi, Namjoon! — A mãe de Seokjin, uma bela mulher cem por cento americana, abriu a porta, sorrindo. — Entre, querido. Seokjin está lá em cima, você sabe o caminho.

— Obrigado, Sra. Kim — respondeu com educação, entrando e indo direto para as escadas. — Oi, Seokjung! — disse para o jovem que estava na sala, o irmão mais velho de Seokjin.

— E aí! — Foi a resposta que Seokjung deu.

Em dois minutos Namjoon já estava no quarto de Seokjin, onde o pegou jogando videogame.

— E aí, Joonie! — O garoto disse quando viu o outro na porta, através de seus óculos enormes.

— Eu sou maior que você, não me chama de Joonie! — Sentou ao lado de Seokjin, no chão. — É Namjoon pra você. Melhor: "senhor Namjoon".

— Idiota.

— Valeu pelo elogio. — Namjoon riu, sendo seguido por Seokjin. — Você nunca se cansa disso? — perguntou ao observar a televisão.

— Parece que eu tô cansado? — Seokjin perguntou, sem mover um músculo.

— Nem um pouco — Namjoon replicou, tentando entender o que se passava no jogo. — Sabe de uma coisa? Parece bem estúpido ficar colocando esse baixinho em risco só pra salvar a princesa. Quem garante que ela quer ser salva? Como você pode ter certeza de que é isso que ela quer, que ela não tá ali por vontade própria?

— Porque a história diz isso pra gente. — Seokjin estava absorto no jogo. — Ela foi sequestrada pelo vilão, e é dever do nosso herói salvá-la. Eu já te falei sobre isso.

— Não tem a menor graça.

— Não é pra ser engraçado, é pra ser desafiador, Joonie.

— Senhor Namjoon pra você.

Os momentos mais belos da vida (ao seu lado)Onde histórias criam vida. Descubra agora