28 anos de idade

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O Natal seria um pouco diferente daquela vez, especialmente porque a vida de Seokjin estava um tanto diferente também. Tudo estava de pernas para o ar, mas não de uma forma ruim. Pelo menos não na sua visão — o que não era, nem de longe, uma unanimidade.

Seokjin tinha pedido demissão de seu emprego, depois de alguns anos ganhando muito dinheiro às custas de grande tristeza. Nisso acabou saindo do seu apartamento caro, indo para outro, bem menor e mais barato, no intuito de, enfim, seguir o seu sonho de ser escritor. Sentia que esse era seu verdadeiro chamado, mas, para ser um "homem de sucesso", tinha tentado se convencer com força de que não era. Porém, depois de tanto tempo se sentindo infeliz, decidiu criar toda a coragem que nem sabia possuir e mudar o rumo de sua vida.

Como consequência Seokjin teve uma série de perdas: algumas amizades se foram, a relação com os pais se deteriorou — eles não conseguiam entender como um jovem de sucesso poderia jogar tudo fora daquela forma, e acabaram cortando laços — e, obviamente, teve uma série de perdas materiais, como o seu belo carro, por exemplo, do qual precisou se desfazer. No entanto, apesar de tudo, as vitórias obtidas acabavam por se sobressair: tinha conquistado sua autoestima de volta, o respeito próprio, sua felicidade e paz de espírito. Seu irmão também não tinha parado de falar consigo e, claro, Namjoon estava ao seu lado lhe dando todo o apoio necessário, como sempre. Inclusive, quando Seokjin não conseguia encontrar um emprego que o satisfizesse e já estava ficando sem dinheiro, Namjoon estava lá para lhe oferecer uma cama debaixo de seu teto. Era um apartamento modesto, mas suficiente para dois. E, também, estava lá para lhe oferecer o ombro, caso Seokjin desejasse chorar e lamentar sua sorte.

Namjoon era um grande amigo, e Seokjin nunca duvidara disso. Toda a sua nova situação era apenas mais uma prova de sua amizade e lealdade, e isso constituía, também, uma das maiores razões pelas quais Seokjin vinha se sentindo feliz nos últimos tempos. O mundo estava desmoronando, mas Namjoon seguia com ele, lhe dando apoio e alento, não importando o problema que ele enfrentasse. Por esta e outras era que Seokjin amava Namjoon, muito, e perceber o quanto o amava e era amado de volta era o suficiente para o deixar bem em meio ao caos. Apesar de toda a confusão, ter isso era mais do que podia sonhar.

Ainda mais considerando os tipos de sonhos que Seokjin costumava ter.

Seokjin pensava sobre esses assuntos quando Namjoonn chegou em casa, fazendo um enorme barulho ao abrir a porta, denotando seu estado emocional. Seokjin esperava algo do tipo. Devido às atuais circunstâncias, era bem provável que Namjoon tivesse tido frustrações e estresses na sua missão. Por isso ele tinha decidido fazer um pouco de café para quando ele chegasse, e tinha sido um timing perfeito ele chegar quando a bebida ficou pronta.

— E aí, como foi tudo? — Seokjin perguntou quando Namjoon fechou a porta, entrando no apartamento.

— Pior que o esperado. — Namjoon respondeu ao tirar os sapatos e se sentar no sofá. — Um desastre completo.

— Sinto muito, Joonie — comentou se aproximando do sofá, com duas canecas cheias de café. — Sinto muito mesmo.

— Não tem que ficar assim, isso não tem nada a ver com você — retrucou, pegando uma das canecas e soprando o café antes de tomar um gole.

— Não tem, mas odeio ver você esgotado dessa forma. — Tomou um pouco de café, e em seguida limpou as lentes dos óculos, que ficaram embaçadas devido à fumaça da bebida. — Seu pai não é fácil de lidar, e nem mesmo doente ele facilita. Seria ótimo se ele pudesse relaxar um pouco ao menos nesse período que está nessa situação tão complicada.

— Eu não o culpo. Ninguém quer ter um filho gay. Ele não consegue superar isso.

— Não é desculpa para te tratar feito lixo. Gay ou não, você é filho dele.

Os momentos mais belos da vida (ao seu lado)Onde histórias criam vida. Descubra agora