Porta 3: Luas de Netuno

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「INFORMAÇÕES」

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INFORMAÇÕES

☽ Escrito por zarrybyziegler
☽ Conteúdo +18
☽ Contém: palavras de baixo calão, pressão psicológica, atividade sexual homoafetiva explícita, chantagem, agressão física acentuada, submissão, distúrbios e conflitos psicológicos, desvirtuamento de valores éticos, violência, tortura e homicídio.
☽ A autora é fã de ᴅᴀʀᴋ ʀᴏᴍᴀɴᴄᴇ, ᴘʟᴏᴛ ᴛᴡɪsᴛ ᴇ ᴅᴇᴀᴛʜ ғɪᴄ, então não prometo finais felizes. Não me responsabilizo por quebra de expectativas.
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TRAILER

"Tudo o que vemos ou parecemos, não
passa de um sonho dentro de um sonho".
– Edgar Allan Poe

I. NÁIADE

Ela rodopia em seu vestido florido. Toda vez que ela arrisca um movimento novo, os mocassim surrados fazem um barulho esquisito no piso desgastado de madeira. A música é um jazz antigo, tão antigo que não reconhece o cantor mesmo quando a melodia chega ao fim.

Ela desliga o rádio e, ainda cantarolando, remexe no balcão. Tira um cigarro amassado e um isqueiro cravado com as iniciais YM escrito em azul, agora quase completamente desbotado pelo uso excessivo do acendedor. Leva a guimba até os lábios e repensa se é uma boa ideia acendê-lo dentro da lanchonete.

Yaser não se importaria, pensa ela. Não se importaria mesmo. Não quando ele fuma trocentas vezes no estabelecimento quando não há nenhum cliente. E ele não está, acrescenta em pensamentos. Ele não está. Ele não verá. Ele não sentirá. Ele nunca saberá.

Ela desliza o dedo pela roldana de metal e acende o cigarro, tragando o mentol com presteza. Observa se está vulnerável a um flagra pelas vidraçarias da lanchonete, mas lembra que os clientes mais fiéis embarcaram em uma viagem de dois dias para uma província vizinha, acompanhados pela paróquia local. Era de se esperar que eles fossem mais devotos ao vigário do que ao hambúrguer gorduroso e melequento dos Malik.

Com maestria, se debruça no balcão e observa o relógio encardido acima da porta. Ela conta o tempo para largar. Duas horas. Apenas mais duas horas e poderá fechar a lanchonete para se encontrar com Cory. Ela estima que levará vinte e cinco minutos para chegar em casa, o que a atrasará dez minutos para se encontrar com o namorado em um pub local.

Ela pensa. Seu dedo enrola em uma mecha que escorregou do emaranhado de fios negros prendidos por uma piranha no centro da cabeça. Ela cogita um novo caminho. Desiste quando aceita que a ideia é péssima e perigosa. Ela lembra que se cortar caminho pelo parque, terá tempo suficiente para colar os cílios postiços sem fazer melequeira. Está decidido. Ela vai pelo caminho novo.

Pandemônio - Zarry StylikOnde histórias criam vida. Descubra agora