Capítulo 8

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Eu não faço a menor ideia de que horas são, até porque essa maldita cabana grande não tem um relógio. Ou tem, já que estou aqui a dias e nunca explorei o lugar.
É noite, o vento gelado assovia e me assusta no meio do nada, meu colega de quarto desapareceu sem deixar pistas e eu me sinto uma inútil olhando para o fogão.
— Vamos lá, Heloísa, isso não pode ser tão difícil. 
Tento me motivar a cozinhar mais uma vez, a omelete e o arroz deram muito errado e eu me recuso a comer macarrão instantâneo, meu estômago se acostumou com a comida boa de Hendrie, mas aquele infeliz decidiu sair correndo apenas porque eu tentei beijá-lo.
— Homens são patéticos.
Respiro fundo e mentalizo que sou uma grande chef da culinária mundial, toda a minha vida observei Lígia fazer panquecas para Isabela, que se achava a garota americana, mas nunca me interessei pela receita.
Tento me lembrar dos ingredientes e coloco tudo de uma vez no liquidificador, afinal o que pode dar errado? 
Essa é uma pergunta capciosa, já que ignorar o mínimo detalhe pode dar errado. A quantidade de farinha está certa? Se não, dará errado. O leite está na temperatura que a receita pede? Ou então, com certeza dará errado. No meu caso, o detalhe ignorado foi a fantástica tampa do liquidificador, o que fez com que tudo desse muito errado.
— Meu Deus, mulher, eu saio por algumas horas e você já está brigando com os eletrodomésticos?
A voz de Hendrie me faz saltar de susto antes da raiva invadir meus olhos, ogro desgraçado que não sabe avisar onde vai e poderia ser comido por animais selvagens. 
— A culpa é sua que me deixou aqui sozinha e eu estava com fome, a culpa é sua que não avisa onde foi e me fez achar que tinha ido embora no meio da noite e me fez te imaginar brigando com cobras e onças. Eu te odeio, Rambo. 
Ele se balança de um lado para o outro, visivelmente bêbado, mal se aguenta em pé tentando caminhar para mim. 
— Você me beijou e deixou a minha cabeça em uma confusão de coisas absurdas, eu precisei respirar, tá legal? Agora vou cozinhar.
Ele tenta caminhar sem sucesso e a parede é quem o segura de levar um tombo. Se ele cair, ficará no chão até amanhã porque não faço ideia de como conseguir movê-lo do lugar. 
— Nada de jantar por hoje, Rambo, nós faremos o jejum dos inocentes e te levaremos direto para o chuveiro. 
— Você não é inocente, não, bailarina, tentou me agarrar duas vezes, duas vezes, sua loba má. 
Eu quero rir e estapeá-lo ao mesmo tempo, o desgraçado consegue ser interessante até embriagado.
— Eu vou te levar para o banheiro, matador, você precisa de água gelada, isso sim — Ele sorri em meio à barba mal feita e os cabelos revoltados.
Seu dedo percorre a minha bochecha, buscando a massa que escorre por cada centímetro de pele, eu estou uma bagunça, para não dizer nojenta. 
Lentamente ele leva os dedos à boca e suga, não sei se me arrepio ou grito, pelo amor de Deus, qual o problema desse cara?
— Você errou no açúcar e o ponto não está correto, precisa apenas de uns ajustes. — Seu corpo grande encurrala o meu na pia, perto demais para que eu consiga respirar adequadamente — Queria que eu chupasse sua língua como fiz com meus dedos? Quer que eu prove do seu gosto, aqui nesse balcão, bailarina? Me peça agora e eu farei.
Minha mente e vagina gritam “quero”, mas ele está bêbado e será um desastre quando perceber que me aproveitei disso.
— Não. 
E a palavra é como um botão que desliga sua sensualidade, ele ajeita a postura como se soubesse ficar em pé sozinho e franze o cenho tentando entender algo em mim. 
— Você não quer? 
— Eu quero que você cale a boca e me deixe te ajudar a chegar ao banheiro. 
Sem reclamar ou pestanejar, Hendrie me acompanha, o braço jogado por cima dos meus ombros é um mero enfeite já que não estou fazendo esforço algum, o máximo do meu trabalho é manter seu equilíbrio.
Abro a porta do quarto que nunca entrei para dar de cara com uma vista incrível, com certeza amanhã brigaremos por isso, eu também quero uma cama imensa e dormir olhando a lua. 
Coloco-o sentado no vaso enquanto ajusto a água fria, o silêncio impera e ele me observa como um falcão.
— Agora você pode entrar aí enquanto enche, ta? — declaro sem querer sem expectadora do banho e babar como um cachorro em frente a uma máquina de frango assado. 
— Pode me ajudar com a camiseta, por favor?
Valha, minha Nossa Senhora, que eu não sou forte assim não, e Renato era um desgraçado que me negava sexo porque estou gorda.
Devagar, ele levanta os braços enquanto eu me ocupo de tirar a peça, estou em pé no meio das suas pernas e não consigo me mover mesmo sabendo que o certo é sair correndo daqui. 
— Pode me ajudar a levantar? — Hendrie sussurra entregando que está tão afetado quanto eu. 
Me recuso a responder e apenas estendo a mão, que ele segura prontamente. Ainda conectado a mim, ele caminha até a borda da banheira colocando um pé após o outro. Quando sente que está seguro, seus dedos se preparam para me soltar, mas o que acontece é estupidamente o contrário quando, em um impulso, ele me puxa e caímos, os dois espalhando água por todo o lugar.
— Que merda, Rambo, a água está fria... 
Antes que eu completasse a reclamação, sua boca me engole em um beijo frenético, capaz de parar o funcionamento do meu cérebro em segundos.
— Não pensa em nada, Helô, só me beija.
Eu me deixo levar pela intensidade do momento, passeando minhas mãos por seu corpo quente, Hendrie é todo cheio de músculos e veias saltando pelo braço, capazes de mexer com meus desejos mais obscuros, eu quero tocar e lamber seu corpo todo, mergulhar na loucura que é transar com um estranho. 
— Eu posso? — Pergunta cauteloso quando seus dedos brincam com a barra do meu vestido.
Um leve aceno que sim é o máximo que consigo fazer agora, estou com medo, ansiosa e carregada de tesão. Sinto meu interior se contrair com o prazer que a antecipação causa em mim, as tão famosas preliminares que nunca fizemos porque meu noivo babaca achava perda de tempo.
Quando o vestido se vai, eu estou apenas de calcinha, seminua com os seios à mostra e quente como um inferno, mas não é esse o problema, minha cabeça busca por defeitos que eu sei que estão lá porque os quilos a mais quiseram assim, a cintura que, ainda marcada, não traz mais a mesma magreza de antes e desenha culotes nos quadril largo demais. Meu primeiro reflexo é me esconder, mas Hendrie segura minhas mãos. 
— Você é perfeita, não se esconda de mim. — Ele declara fazendo minha libido subir mais alguns degraus. 
Sua língua degusta minha pele até alcançar meu seio, cujo mamilo ele suga com delicadeza, o envolvendo com sua língua faceira e belisca o outro, que espera pela mesma gentileza. Eu tento me calar, mas o êxtase toma conta de mim e me faz gemer por mais dessa sensação. 
— Eu quero que sente na borda da banheira e depois deite-se devagar, está bem?
Meu corpo ansiava pelo comando então eu obedeço e, deitada, na expectativa do que está por vir, eu fecho os olhos quando o sinto retirar minha calcinha. Mais uma vez o medo me joga um balde de água fria, fazendo meu corpo se inundar com a vergonha. Quando penso em parar o que estamos fazendo, sinto a língua de Hendrie beijar minha boceta como quem beija minha boca, é quente e tão voraz que me cega, eu já não me lembro mais de que mundo viemos. 
— Hendrie, pelo amor de Deus. — reclamo manhosa quando seus dedos entram em mim alcançando meu ponto mais erógeno, é como se eu não tivesse mais o controle, não mais, ele está na ponta dos dedos do homem que tem a boca alucinada sugando tudo de mim.
Eu sinto prazer correndo pelas minhas veias, já tive orgasmos, sei os sinais, mas nada comparado ao que estou sentindo agora. 
— Vai gozar para mim, bailarina, como nunca gozou antes e eu vou beber do seu prazer como um bom desgraçado que sempre fui.
Ele sopra o ar gelado me fazendo implorar pela língua quente, eu quero o orgasmo, eu sinto que ele está vindo, mas meu corpo traidor não o quer sem sentir o beijo quente desse homem acariciando minha boceta encharcada para o prazer. 
Hendrie sente que estou pronta e eu ouço perfeitamente o riso satisfeito que ele emite, sem mais delongas ele me consome, rouba de mim todo o ar que há em meus pulmões, sugando meu corpo como seu prato favorito. É como uma montanha russa de sensações que me faz gritar e morder os lábios, deliciada com a maravilha de gozar em um perfeito sexo oral. 
Meu coração galopa sentindo Hendrie sorver cada gota do meu prazer, quando termina ele se levanta, beija a ponta do meu nariz e sorri. Um sorriso infernal que me faz questionar se esse homem realmente foi obra divina.
— Venha, eu vou dar um banho em você e depois vamos dormir, mocinha safada. 
Me esforço para levantar e tenho a impressão de que quem está bêbada sou eu, minhas pernas mal conseguem segurar meu peso.
O chuveiro é ligado na água quente lavando a sensação fria da banheira. Hendrie massageia meus cabelos e beija meu ombro.
— Eu quero mais. — sussurro com a coragem crescente que acabei de encontrar perdida em um bom lugar.
Suas roupas se foram e seu corpo se cola às minhas costas, ele se esfrega em mim sem dizer nada enquanto o cheiro do shampoo perfuma o ambiente. 
— Hendrie, eu quero mais. — peço me virando de frente e segurando seu membro, duro como uma rocha esperando por mim. 
— Não seja gulosa, bailarina, está cansada e eu estou bêbado, não vai ser gostoso como desejamos que seja. — Quero reclamar que vai sim, oras, mas ele me cala esfregando seu sexo em mim a fim de me matar de ansiedade.
Meu corpo chora quando a água é desligada dando fim à minha brincadeira.
Inferno de homem com bom senso, que

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