Capítulo dezesseis: Na terceira pessoa

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Tomo um rápido banho e volto para o quarto, entro no closet e vejo que como Conrado havia falado, todos os meus pertences estavam lá, na verdade, tinha mais coisas de Isabella do que minhas, mais eu tentava me virar como podia. Ao sair do closet percebo que Conrado ainda não havia voltado, o que era estranho já que tinha se passado um certo tempo. Sigo até o closet e consigo achar alguns lençóis de cama, troco os que estavam antes polo novo e me sento na cama e observo o quarto. Era um lugar lindo e aconchegante, a decoração era moderna e depojada, bem a cara de Conrado. E eis que ele surge entrando no quarto com uma bandeja nas mãos.

Um sorriso bobo logo surge em meu rosto ao vê-lo segurando a bandeja com algumas guloseimas e pra minha surpresa, estava apenas com uma toalha presa em seu quadril. Mesmo só de toalha, havia conseguia ver o volume em sua região íntima. Eu precisava me acostumar com aquela visão.

- Está com fome? - pergunta colocando a bandeja sob a cama a minha frente.
- Muita. - falo com um leve sorriso.
- Então delicie-se. - diz ele me dando um rápido beijo na boca. Fico sem graça mais disfarço. Pego alguns cookies que estão dentro de um pratinho e começo a comer. Estava uma delícia, parecia ser caseiro.
- Troquei os lençóis de cama, estavam sujos. - falo sem graça. - Espero que não se importe. - Conrado me olha atentamente.
- Claro que não, você é dona dessa casa, e dona de mim Isabella. - diz acariciando minhas bochechas. Seu toque sempre me tirava do chão, era como se ele me fizesse voar apenas com um simples toque. - Nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo. Aquele amor, que meu avô contava, nunca pensei que fosse viver isso um dia. - diz ele olhando em meus olhos. Sorriu em resposta. Parecia que era um sonho, e se fosse, não queria acordar.
- Obrigada, obrigada por me permitir entrar em sua casa, e em sua vida. - digo e em resposta, Conrado me beija.
- Você está bem? - pergunta ele após o beijo.
- Sim, só estou um pouco cansada e, dolorida. - sinto minhas bochechas arderem enquanto falo isso.
- Você fica linda constrangida. - diz ele sorrindo. - Sobre o cansaço, nada que uma boa noite de sono não resolva. E sobre estar dolorida, - me olha com olhar provocativo. - Eu queria ser gentil, cauteloso, mais você quase que me espanca. - diz me fazendo morrer de vergonha. Abaixo a vista. - Você fica linda tímida. - diz ele ao me dar outro beijo e se levanta indo em direção ao closet.

*****

- Quando é sua folga? - pergunta Conrado enquanto estávamos sentados encostados na cabeceira da cama.
- Amanhã. - digo recostada sob seu peito, Conrado alisa meus cabelos.
- por que você trabalha num restaurante? - perguntou ele para minha surpresa, não esperava que ele me fizesse essa pergunta.
- Eu sei que você não fez faculdade e também nunca trabalhou antes, más, você é herdeira de uma fábrica de tecidos. Poderia trabalhar em qualquer função na empresa da sua família... - fico sem reação, o que poderei dizer a ele? - Desculpe, não quis invadir sua privacidade. - concluiu ele. Levantei minha cabeça e me afastei um pouco dele, me acomodando ao seu lado. Olho para frente tentando encontrar uma resposta, mais eu não sabia como lhe responder.
- Gosto de ser independente, gosto de me virar sozinha. - abro meu coração para ele. Ainda olhando para frente, continuou. - Não trabalho na empresa da minha família, porque, não me dou bem com meu pai. Pensamos de modo diferente. - digo com pesar. Conrado permanece calado. - E, gosto de trabalhar com o Pepe. Ali no restaurante, eu consigo ser eu mesma, sem preocupações, me faz lembrar de uma época boa e divertida da minha vida, época essa que eu não tinha nenhuma preocupação nem medo. Eu era eu mesma. É por isso que trabalho, que trabalho lá. - ao dizer isso, me viro e vejo Conrado me olhando com um certo brilho no olhar, como se estivesse curioso, ou atento, não sei bem como explicar.
- Se quiser, pode ser você mesma e trabalhar em uma de minhas empresas, ou até mesmo no hotel. Percebi que você gostou de lá. - diz me olhando atentamente.
- Obrigada Conrado, mais não gosto de favoritismos. - digo de forma gentil. Ele sorri. - E também não sei o que poderia fazer trabalhando pra você, Isabella não tem experiência alguma. - digo rápido demais, e quando percebo, as palavras já saíram. Olho para Conrado nervosa, será que ele havia desconfiado de algo?
- Você está mesmo muito cansada, está até falando de si mesma na terceira pessoa. - diz para meu alívio, respiro aliviada, ele não havia percebido. Mais eu tinha que me conter, tomar cuidado. - Agora vamos dormir, você está bem cansada.

Ao dizer isso, deitamos e encosto minha cabeça em seu peito, e sem muito sacrifício, adormeço.

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