Fugindo

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Era noite, claro. Para o começo de uma história dessas tinha que ser noite, aff. Sabe, eu nunca gostei de histórias de terror e em como elas podiam ser tão genéricas e repetitivas, por exemplo de todas passarem-se de noite. Enfim, não curto. E não por menos que não fui o maior apreciador do que aconteceu comigo na noite passada.

Antes que possa tirar uma péssima conclusão sobre mim, como se precisasse, não sou o clichê de personagem cético desses filmes de terror, pelo contrário sou umbandista e sei muito bem respeitar o que está além da minha mortalidade... Além da minha mortalidade? Que idiota fala assim? Ahahaha, aff. Não estou bem. Voltando, não sou cético. Acredito nessas coisas, apenas odeio filmes de terror e em como eles retratam a realidade de forma tão deturpada e simplificada. Parando para pensar isso deve ser coisa de filme, né? Nossa, estou perdendo o foco aqui. Ok, vamos começar de novo.

Ontem, de noite, umas 20h30 mais ou menos, voltava para casa depois de terminar meu turno de 5hrs na padaria KIKO'S, lembra? É ali do lado do centro de conveniência Liberate Camargo, a algumas quadras do parque Jardim das Benignas na avenida Amoreira e, claro, no caminho para o principal cemitério da cidade. Geralmente é assim que os filmes de terror começam, quando o garoto vai ao cemitério, mas o ponto é que eu não pretendia ir ao cemitério e entrar nele, pelo contrário só passava do lado dele como em todas as noites, porém naquela vez... Naquela maldita vez, tive que pegar um atalho, já que estava cansado e não queria me encontrar com... Digo, ter que lidar com mais um problema – havia sido um dia difícil. Logo, notei que a porta, que naquele horário costumava estar fechada, estava aberta e andei rápido para que ninguém me notasse ali.

Eu devia ter percebido que não era uma boa ideia quando vi a porta aberta numa noite pré-Halloween, me diz se isso não é pedir para ser a primeira vítima? Aff. Pena que foi necessário.

Já dentro do Santa Catrina, parei de andar correndo e me dei um tempo para recompor as energias. Como disse, foi um dia e tanto e vê-la só fez ele piorar. Provavelmente se não fosse por ela nada daquilo teria acontecido comigo ou conosco. Mas enfim, foi ao parar ali que vi em como o céu parecia mais estrelado dentro do cemitério e como os túmulos quase brilham com a luz da lua, sem contar que... E isso falo sério... Vários botões de flores brancas iam se abrindo com passar da luz noturno pelas mesmas, que clareavam ainda mais o lugar dando para notar as outras flores neste. Quem diria que um local aterrorizante pudesse transmitir tanta paz e beleza – mas sério, Santa Catrina tem tantas flores que poderia virar uma floricultura. Como odeio os filmes de terror por tirarem essa noção destes lugares.

Como meu ônibus chega só as 21h20 e o ponto ficava só a duas quadras dali, não vi problema em passear pelo local um pouco até que dê-se meu horário. Tem uma capela no centro, grande até, que conecta a parte por onde entrei até a outra saída. Normalmente, a capela tem o que se assemelha a uma cúpula no telhado onde uma vela acessa brilha num vermelho forte que dá para se ver de longe, mas ontem não, ontem brilhava em um amarelo quase branco como se fosse um bom sinal. Grande engano. Acabei dando a volta nesta e quase esbarrando numa oferenda de Exu em frente a uma lápide, meu coração gelou naquele momento. Prestei mais atenção por onde andava depois daquilo e ia em direção a outra saída quando um homem baixo de roupa militar, talvez de alta patente, veio depressa em minha direção. É óbvio que pensei daquele ser um policial segundo as circunstâncias, então coloquei as duas mãos para trás da cabeça e disse..

Contos para se aterrorizar: porque o perigo espreita as sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora