Halloween goes wrong

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• Casal fictício original (Maya e Andreea)
• +18
• Tradução - Halloween dá errado
• Música De Inspiração - Camille Saint-Saëns "Danse Macabre"

Dia 31 de outubro, também conhecido como dia do Halloween, sempre foi uma data especial para mim. É quando nós podemos ser nós mesmos, sem restrições, sem julgamentos e olhares maldosos. Sempre gostei muito das fantasias e maquiagens, apesar de não ser muito boa com habilidades artísticas. Todo ano, quando esse feriado se aproximava, eu começava a caçar uma festa temática para marcar presença, e dessa vez não foi diferente.

Meus amigos me convidaram para uma festa de Halloween super badalada que eles conseguiram acesso e eu, como não sou boba nem nada, aceitei sem hesitar. Minha fantasia foi de diaba, porém eu dei uma modificada na tradicionalidade. Vesti uma roupa toda preta, uma jaqueta de couro na qual eu havia respingado sangue falso pouco antes, uma tiara com um par de chifres realistas e ensanguentados e, para finalizar o visual, lentes de contato que deixavam a parte branca do meu olho preta e a íris vermelha. Como não fiz maquiagem, peguei o resto de sangue falso que sobrou da customização da jaqueta e pinguei algumas gotas escorrendo dos meus olhos. Assim que fiquei pronta, peguei meu carro e parti para o local da festa que, de acordo com meu aplicativo de localização, seria em uma chácara muito distante. O caminho era macabro, uma estrada de terra empoeirada e escura, típica dos filmes de terror onde há massacres e serial killers e, para colaborar com o clima assustador, uma neblina se formava logo à frente do carro. Depois de meia hora, talvez quarenta minutos, dirigindo naquela via esburacada e pedregosa, alguns trovões soaram no ambiente, acompanhados de raios e relâmpagos que iluminavam o céu e alertavam que uma tempestade cairia a qualquer momento. Me arrependi de ter aceitado o convite para aquela festa quando a chuva transformou a estrada em barro e o vento derrubou vários galhos de árvores próximas, que interditaram o caminho. Arrisquei uma rota alternativa e entrei em uma via estreita e ainda mais escura, que me deu calafrios e me fez sentir um medo genuíno. Decidi ligar para meus amigos e avisa-los que seria impossível chegar na festa a tempo e aproveitei para compartilhar minha localização. Nessas horas a gente inventa várias paranóias e nossa cabeça fantasia até sobre assassinatos no meio desse breu.

- Samantha, não vou conseguir chegar na festa - falei assim que ela atendeu

- O que!? - gritou e eu pude ouvir muito barulho envolvendo-a - Eu não tô escutando, pera aí. Pronto pode falar

- Não vou conseguir chegar na festa

- Por que não, Maya?

- Eu tô no meio de uma tempestade aqui nessa merda de estrada de terra! É impossível continuar se não eu vou atolar meu carro. Da próxima vez, antes de me convidar pra sair, me avisa que o caminho é essa porcaria - bufei

- Desculpa, Ma, eu devia ter te avisado que tem outra rota mais rápida pra chegar aqui

- O que!? - perguntei incrédula

- Eu esqueci! Tem uma estrada pra chegar aqui, asfaltada e tudo

- E você só tá me dizendo isso agora? Eu tô no meio do mato, no escuro, quase sem sinal! Olha o perigo que eu tô correndo! - meu tom de voz era de pura irritação

- Desculpa, eu juro que foi sem querer

- Depois a gente resolve isso - revirei os olhos, cansada daquela situação toda - Eu vou tentar dar um jeito de sair daqui

- Vai dando notícias pra gente saber que tá tudo bem

- Tá bom, eu vou mandando mensagem

Desliguei o celular já tomada por um misto de emoções. Eu estava frustrada, exausta, chateada e com muito medo. Depois de andar mais alguns metros, o sinal de celular caiu completamente e eu aceitei que estava perdida e, possivelmente, correndo perigo. Tentei não deixar os pensamentos pessimistas tomarem conta de mim, o que foi difícil, mas aos poucos consegui distrair minha mente e me acalmar. Avistei de longe uma casa enorme, construída nos moldes de um castelo medieval, parecia antiga, mas era muito bem conservada e de construção impecável. Aquela poderia ser minha única chance de conseguir ajuda, talvez alguma informação de como voltar para minha cidade ou, quem sabe, até mesmo um copo de água ou um telefone com sinal. Estacionei na frente da grade de ferro que cercava a propriedade e reparei que o portão estava semiaberto, com uma pequena abertura na qual eu conseguiria passar facilmente. Peguei meu spray de pimenta que eu levava comigo a todos os lugares, só para ter mais segurança ao tocar o interfone de uma casa sombria de um completo desconhecido, e corri até a porta de entrada, tentando não pegar muita chuva no percurso. Notei que não havia interfone, então bati na porta algumas vezes e aguardei, não obtendo retorno. Não me deixei desistir e bati mais algumas vezes, dessa vez com mais força e intensidade, e finalmente a luz externa se acendeu, indicando que alguém estava vindo me atender. Logo a porta se abriu e eu me deparei com uma mulher alta, de cabelos pretos escuros como a noite, trajada em uma roupa preta colada ao corpo, que destacava sua silhueta perfeita e contrastava com seu batom vermelho escuro. Ela me analisou de cima a baixo, me deixando um pouco intimidada, e sua voz rouca soou no ambiente poucos segundos depois:

FEMME ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora