Que a Cuca vem pegar - Parte 2

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• Cidade Invisível (Inês + Márcia)
• +18

Depois de Inês soltar um comentário me pedindo para passar no Cafofo tomar um chá e Eric me questionar sobre o significado daquilo, eu desconversei e me afastei dele o mais rápido possível, tentando evitar uma explicação esfarrapada que pioraria a situação. Observei de longe meu amigo acompanhar a morena até a sala de interrogatórios e, aproximadamente quarenta minutos depois, ela foi liberada. Pela expressão facial de descontentamento de Eric, Inês havia mantido seu depoimento igual ou extremamente semelhante ao primeiro, sem nenhuma incoerência que pudesse acusá-la dos assassinatos em investigação, então tudo estava de volta à estaca zero.
Ao invés de se dirigir à saída ao ser liberada do depoimento, Inês traçou seus passos até a minha mesa e eu suspirei pesado, já sabendo que a morena viria com seu papo provocativo de sempre e, consequentemente, me deixaria em maus lençóis com Eric. A fim de tentar evitar contato com ela, fingi estar pesquisando algumas documentações no meu computador, porém aquilo não foi o suficiente para pará-la. Inês apoiou uma de suas mãos na superfície da minha mesa e se debruçou, pendendo seu corpo um pouco para frente, em um movimento que deixava seus seios fartos cobertos por um vestido decotado destacados.

- Meu rosto é um pouco mais pra cima, meu bem - ela debochou com aquela voz sedutora, insinuando que eu estava olhando para seus peitos

- O que você quer? - questionei um pouco seca, não querendo muito papo com ela

- Nossa, é assim que você me trata depois de me foder horrores ontem?

- Shiu, fala baixo! - olhei ao redor, a fim de verificar se algum colega tinha escutado as palavras da morena

- Pelo jeito você não vai ser diferente do resto... - sua expressão facial mudou para irritação e frustração - Você só queria me comer, né, Márcia? - ela endireitou a postura, ficando ereta e com o tórax estufado, visivelmente aborrecida

- Não, Inês, não é nada disso! É que eu tô trabalhando, se meu chefe me ver de conversa paralela dá ruim pra mim. E outra, tem toda aquela questão do Éric, você sabe...

- Ah, vocês ainda estão nessa? Eu não matei ninguém, pelo amor de Deus!

- Eu sei, eu acredito em você, mas ele é cabeça dura... Eu vou conversar com ele sobre isso, tá?

- Converse mesmo. Eu não quero ficar fazendo as coisas escondido, a gente não é adolescente pra ter que ficar desse jeito

- Você Tá certa

- E Márcia, se suas intenções forem só me foder e sumir, me avisa já pra gente não ter problemas

- Para com isso. Eu te falei ontem que pra mim você não é só um corpo, mulher nenhuma é

- Então me prova

- Como?

- Vai no Cafofo hoje a noite. A gente vai beber, conversar e ver no que dá. O que você acha?

- Pode ser, vai ser bom

- Ótimo. Aparece por lá umas oito horas - Inês deu meia volta e demonstrou que iria embora, porém antes de caminhar até a saída ela tornou a se virar pra mim e disse - E é pra conversar olhando pros meus olhos, tá bom? - brincou e me arrancou uma risada tímida

- Eu vou tentar

Assim que ela saiu da delegacia, Éric veio correndo até mim com as sobrancelhas contraídas e o maxilar rígido, em uma expressão de cansaço e reflexão. Em suas mãos, trazia uma pasta com alguns papéis e documentos, a qual ele jogou sobre a minha mesa ao se aproximar o suficiente.

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