Onze: Lágrimas de luz

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— Becca? — Maya bate na porta do quarto, chamando a amiga após ter subido às escadas em completo desespero. Ela já imaginou o que estava acontecendo, e se repreendeu por não ter pensado nisso antes. De tanta preocupação, ela havia matado as duas últimas aulas daquela manhã e pego um metrô às pressas. A avó da garota, dona Nancy, havia deixado ela entrar e contado que a neta estava trancada no quarto a dias. — Bec por favor, abre a porta. Sou eu.

— Eu estou dormindo. — a voz dela ressoa quase engasgada por dentro do quarto, fazendo Maya colar a testa na porta, batendo ainda mais forte.

— Não, você não está! Bec abre, por favor. — ela respirou fundo, orando mentalmente para que ela abrisse. — Você sabe que eu não vou embora enquanto você não falar comigo.

Alguns segundos se passaram em silêncio. Um barulho no quarto surgiu, e quando a porta foi aberta, Maya encontrou a melhor amiga da forma que não via a muito tempo: Olhos vermelhos e inchados, o cabelo rosa completamente bagunçado, e dois quilos a menos. Rebecca se jogou nos braços da amiga e chorou, até quase soluçar.

— Você vai ficar bem... eu estou aqui, me perdoa, me perdoa por ter demorado tanto para perceber. — May diz querendo chorar também. As duas entraram no quarto e becca fechou a porta para que a avó não a visse desabar.

— Está doendo tanto... tanto... — becca se solta do abraço e se senta no chão de pernas cruzadas no tapete, enfiando o rosto entre as mãos.

— Eu sei. — Maya se ajoelha ao lado dela e puxa as suas mãos do rosto. — Que dia ela voltou? — a amiga não respondeu. Maya tentou de novo. — Bec me responde, que dia você voltou a ter crises de ansiedade?

— Já tem mais de um mês. — ela confessou, tateando seu óculos que estava jogado no quarto, junto com todos os pratos e copos sujos empilhados. — Eu não queria preocupar você. Não queria mais causar incômodo na vida de ninguém.

— Você não é um incômodo na minha vida, Becca! Nunca será. Deus, você devia ter me contado! Passaríamos por isso juntas, como fizemos das outras vezes...

— Eu não quero mais, May! Não quero mais sentir isso. Eu não aguento mais... — ela sussurrou em uma voz dolorosa e voltou a chorar, como se estivesse sendo sufocada.

— Você não vai se render a isso, está me ouvindo? Olha pra mim. — Maya segura em seu rosto e a faz olhar para ela. — Você não está sozinha. Nunca esteve, e nunca estará. Sua dor é a minha dor também.

— Eu não consigo... — ela soluça em meio ao choro e abraça Maya novamente. — Eu não sou importante...

— Claro que é! — Maya responde, se rendendo as lágrimas que haviam se acumulado. — Nunca se esqueça disso que eu vou dizer agora, está bem? Você é importante! Extremamente importante na minha vida. Eu amo você, sua avó ama você, eu não sei o eu faria se eu não a tivesse. Se lembre que não o importa o que você sinta aqui... — ela toca no coração da amiga, que estava mais acelerado do que o normal... — Deus não deixou de estar com você. Se lembra daquele versículo? Não há fardo tão grande que não possamos suportar.

— Eu não posso, May... eu quero, mas não consigo mais suportar isso...

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço. Eu vou te ajudar a passar por isso, nós vamos lutar juntas, está bem? Você não precisa me esconder nada, nunca mais!

— Tudo bem. — Becca se rende, soltando um meio sorriso em meio às lágrimas que ainda desciam. — Agora é a hora em que você vai orar comigo?

— Agora é a hora em que eu vou orar com você. — ela sorri junto com a amiga, limpando o rosto com o dorso do braço. As duas fecham os olhos, e Maya começa, colocando todo o seu coração naquela oração.

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