Vinte e três: Perdidos no espaço

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"Não tem problema você gostar dela Campbell, o problema é você não fazer nada a respeito."

A frase de Rebecca não saiu da cabeça de Nicholas. Ele repassou cada palavra várias e várias vezes, até perceber que, se o incomodava, é porque ela tinha razão.

Ele não queria mais ser apenas amigo de Maya, e apesar de considerar Scoot como um irmão, ele estava angustiado por tentar tantas vezes se afastar dela e não conseguir.

Assim, quando ele pegou a prova e viu que havia conseguido a melhor nota de física em toda a sua vida por causa dela, ele decidiu que iria dizer o que sentia. Mesmo correndo o risco de escutar que ela não sentia nada de volta e que o cara que era queria era realmente o Scoot, ele tinha que tentar.

Ele estava pronto para pedir perdão durante uma vida inteira se fosse preciso ao amigo, mas como Becca havia dito, ele precisava fazer algo a respeito. Um não dela era o suficiente para fazê-lo desistir para sempre, e deixar que ela fosse feliz com o Scoot.

Sendo assim, depois de conversar com ela na varanda e receber um abraço que havia deixado seu ar completamente escasso, ele saiu a procura de Samuel. Ele precisava da permissão dele para sair com Maya a noite, e sabia que se a resposta fosse não, ele também não passaria por cima.

— Bom dia. — Nick disse, entrando na oficina. Não parecia haver ninguém. O cheiro de óleo e graxa ocupava o pequeno estabelecimento.

— Bom dia. — a voz grossa de Samuel fez o garoto dar um pulo para trás, e seu susto se completou quando o grande homem saiu em uma espécie de carrinho debaixo de uma caminhonete marrom que parecia ser dos anos 80. — O que está fazendo aqui garoto?

— Eu gostaria de conversar um pouco com o senhor.

— Seja rápido, não tenho tempo. — ele se levantou e pegou a chave de fenda. Nicholas engoliu uma saliva.

— Eu queria pedir para levar a Maya para sair hoje à no...

— Não! — ele o interrompeu alto e voltou para debaixo do carro.

— Mas eu não terminei de falar...

— Não precisa, a resposta é não.

— Eu sei que o senhor não tem uma boa impressão sobre mim, mas...

— Não tenho mesmo. — Samuel saiu debaixo do carro e estendeu a chave de fenda na frente de Nicholas. — Mais alguma coisa?

Nick respirou fundo e abaixou a cabeça, se virando para sair da oficina. Quando ele chegou na porta, no entanto, percebeu que deveria ser sincero.

— Eu estou apaixonado por ela, senhor. — ele disse, se virando com coragem e vendo o grande homem arregalar os olhos. — Estou apaixonado pela sua filha, e eu possuo total consciência de que não sou o melhor garoto do mundo para ela, mas se o senhor deixasse, eu gostaria de tentar.

— Ela sabe disso? — Samuel colocou a chave de fenda na mesa de madeira e cruzou os braços.

— Pretendo contar a ela hoje, senhor. Se ela não sentir o mesmo, prometo nunca mais insistir novamente. — Nicholas respondeu, olhando de cabeça erguida no fundo dos olhos dele.

— Tenho te visto na igreja. Está levando a sério ou só está lá por causa da Maya?

— Ela não sabe, não contei a ela e creio que em nenhuma das vezes ela me viu. Pecado maior cometeria eu se estivesse buscando a Cristo pelos motivos errados.

Samuel assentiu, e pegou um alicate, voltando a mexer no carro.

— Volte com ela às 21:30, e me mande o endereço de onde estão porque se um minuto do horário marcado passar, eu estarei lá. Estamos entendidos?

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