A Linha Cinco. O Quinto Mundo. A Realidade das Múltiplas Oportunidades. O ponto no Multiverso onde Alex vivia sua vida relativamente tranquila, tinha muitos nomes no mundo sobrenatural. Era o final feliz almejado por muitos inocentes e ignorantes e a chance de conquista e glória para alguns poucos poderosos. O desafio a ser batido pelas Forças do Caos.
O ano era 2001.
Nesse mundo ainda não havia uma Juíza Menina, os Avatares do Caos estavam contidos e em silêncio. Imortais malignos teciam seus planos nas sombras sem que isso afetasse o equilíbrio do universo. Não havia necessidade do mais poderoso guardião daquela realidade se preocupar. Não havia desafios para ele. Mas, naquele Halloween, Alex escolheu uma boa luta para entrar. Escolheu devolver um pouco da alegria perdida por um coração amargurado. Decidiu ajudar uma amiga.
— Whiteheaven. Eu adorava esse lugar. Minha família vinha passar as férias aqui todo ano em minha adolescência. — Yari respirou fundo e sorriu. Estava em uma praia de areias muito brancas e um mar com um tom de azul turquesa majestoso. Os pés descalços da bruxa eram envoltos por água límpida e fria, refrescante, numa cálida manhã em plena primavera australiana.
Yari dançava e saltava espalhando água. Parecia uma menina. As conchas e fitas de seu cabelo balançando e brilhando ao sol. O riso sincero da bruxa alegrou Alex.
— Vamos lá, Yari! A festa de Halloween está acontecendo nesse exato momento. Vamos ver o Donnie dessa época. — Alex gritou. Estava segurando os seus sapatos e as botas de Yari. Estava quase começando a acreditar naquelas pessoas que diziam que o mar reenergizava, que o simples ato de molhar os pés em água corrente renovava as forças.
Yari veio até Alex saltitando.
— Obrigada! Eu precisava de um pouco de luz solar e água do mar. Bruxas tiram poder da escuridão. Mas esse poder nos fere.
— Eu sei. — Alex fez um gesto e a água do mar se ergueu como um portal. — É melhor calçar suas botas. Os ricaços vão estranhar uma hipponga descalça penetrando na festa deles.
— É uma festa à fantasia, não é? Posso dizer que estou fantasiada de Janis Joplin! — Yari riu.
— Ainda bem que você deixou o chapéu. Não ia combinar com a desculpa. — Alex riu de volta.
Eles atravessaram o portal feito da água do mar. Do outro lado, havia mesas e cadeiras dispostas ao longo de um deque muito grande, em frente a uma mansão no melhor estilo Hamptons. Garçons passavam de um lado para o outro equilibrando taças de champanhe em bandejas.
Alex concluiu que os ricaços não entendiam muito bem o conceito de festa à fantasia. Aquilo estava mais para um baile de máscaras, do que para uma festa de Halloween. E a música era tão entediante que ele quase considerava que Nora e Lennon podiam dar uma festa bem melhor.
— Eu não sou muito de festas, mas essa coisa aqui é deprimente. Os caras conseguem fazer a Austrália parecer entediante...
— Tem muita gente aqui... Como vamos encontrar ele? — Yari perguntou.
Alex encolheu os ombros.
— Acho que a gente faz estilo Scooby-Doo, vamos nos separar e procurar pistas.
— Você não mandou essa... — Yari revirou os olhos e Alex se deu conta de que a resposta para a pergunta daquele dia inteiro havia estado sempre ali. Ele só não prestara atenção o suficiente.
— Tá, eu vou por aqui, você vai por lá. Se eu encontrar o moleque, eu abro um buraco no chão e mando ele pra você.
— Você! Nem se atreva a fazer uma coisa dessas!
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O Halloween de Yari (Conto)
Short StoryÉ dia 31 de outubro de 2015, e Alex não comprou doces para distribuir no Halloween. Agora, um grupo de crianças raivosas está amaldiçoando a casa de Suzana. Não que a maldição vá pegar, é claro. Mas se tratando da única noite do ano em que os...