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Deidara mordeu o lábio inferior e ignorou o olhar de Rock Lee sobre seu rosto. O professor de educação física do ensino fundamental sabia do que aconteceu e quem era o pai de sua filha e sentia pena do garoto como todos os outros presentes. A dor já era muito perceptível nos olhos azuis o tempo todo e seu incômodo ficava ainda mais intenso naquele momento.

Orochimaru, o sensei de biologia, tinha ligado a televisão da sala dos professores justamente em um dos canais que passavam a entrevista de Obito enquanto ele tomava posse das empresas.

O loiro até então não teve coragem de olhar para a tela. Ouvia apenas a voz grossa e pesada que fazia sua ômega tremer e, somente com isso, conseguiu constatar que seu ex havia mudado muito naqueles cinco anos. Seus olhos não conseguiam se mover em direção à TV e realmente agradecia por isso. Não queria voltar como uma cadela para ele, ele não merecia ter uma família consigo, não tinha motivos para o perdoar e voltar a ser dele e para evitar tudo aquilo precisava ignorar o Uchiha ao máximo.

- Orochimaru, por que não muda de canal? Vi que tem um jogo de basquete incrível agorinha. - Guy pediu ao perceber seu enorme desconforto com a situação.

Mas como poderia ficar confortável ouvindo a pessoa que tanto amou e - amava - muito longe de si e feliz enquanto ele se remoia no passado?

- ah, espere um pouco. Agora é a hora do discurso principal e pessoal dele, vamos ver se ele não vai usar essa posse para destruir o resto das florestas de Konoha e acabar com as reservas ambientais...O único que presta dessa família é o Sasuke...

Deidara apertou o punho direito e colocou a xícara de café puro entre os lábios. Seu peito estava disparado e seu corpo suava muito em ansiedade.

Ele iria fazer algum tipo de agradecimento a uma provável futura esposa? A um filho que teve com alguma das pessoas que ficou? Aos seus pais? Iria citá-lo?

Essa última alternativa estava fora de questão para o pequeno.

- quero agradecer aos meus pais por me darem a confiança e a oportunidade de ser o novo líder e chefe das empresas da minha família e do nosso clã e, não somente a eles, mas também a única pessoa que me fez amar de verdade, que me fez feliz e que me fez um alfa dominante de verdade. Eu, infelizmente, o machuquei e muito, deixei meu ômega sozinho e lhe fiz muito mal e me arrependo de cada segundo da minha viagem de cinco anos. Quero pedir desculpas ao meu ômega que com certeza está ouvindo isto aqui e também a minha filha que eu infelizmente não pude ver nascer e crescer. Quero fazer do mundo um lugar melhor e, antes de tentar mudar o mundo, tenho que tentar concertar o que fiz no passado porque, se eu não consigo nem resolver minhas questões, como poderei resolver dos outros? - fez uma pausa e no momento todos os olhares já eram totalmente focados em Deidara. Todos os professores sabiam porque alguns lhe deram aula na época em que namorou com Obito e outros eram colegas de sua turma e aquele era o próprio inferno para o pobre ômega.

- vocês não sabem como é difícil para mim falar sobre isso. - manteve a pose firme e seria em todo segundo e o Uzumaki sabia o motivo disso. Obito nunca fraquejava. Um Uchiha nunca caía, um Uchiha nunca se mostrava fraco independente da situação. - eu amo uma pessoa que eu machuquei em busca de diversão, eu sou pai e eu não tenho nem o meu ômega e nem a minha filhote do meu lado. A busca da diversão é sua pior inimiga quando você já tem tudo em mãos. Eu tinha o mundo comigo e do mesmo jeito fui idiota o suficiente para jogar esse mundo no lixo junto com o amor dessa pessoa e agora irei arcar com as consequências de vê-lo feliz sem ser do meu lado e de ter que ver minha filha de longe ou poucas vezes. Porém, apesar de tudo, não deixarei que meus problemas e erros afetem as empresas que passaram por gerações de minha família.

Deidara segurou o choro e engoliu um soluço antes de se desligar totalmente do discurso do alfa. Aquilo doía muito em seu coração e a marca em seu pescoço parecia queimar. Obito lhe feriu de todos os jeitos possíveis e destruiu seu peito em centenas de pedaços e mesmo assim o amava de um jeito que nem parecia ser possível.

Laços - obidei Onde histórias criam vida. Descubra agora