Capítulo Dez

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Era 7 de novembro, a véspera de seu trigésimo segundo aniversário, como ele frequentemente se lembraria depois.

Ele estava voltando para casa, perto das onze horas, vindo da residência de lorde Henry, onde ele jantara e estava envolto em pesadas peles, pois a noite estava fria e cheia de neblina. Na esquina de Grosvenor Square e South Adley Street, um homem passou por ele pela névoa, caminhando apressadamente e com a gola de seu sobretudo levantada. Ele tinha uma sacola em sua mão. Ele o reconhecera. Era Basil Hallward. Um estranho sentimento de medo, que ele não podia entender, se apoderou dele. Ele não fez nenhum sinal de reconhecimento e continuou lentamente, na direção de sua própria casa.

Mas Hallward o vira. Dorian escutou primeiro ele parar e então se apressar em sua direção. Em poucos momentos, sua mão estava sobre o braço dele.

"Dorian! Que sorte extraordinária! Estive esperando por você desde as nove horas em sua biblioteca. Finalmente, me apiedei de seu criado cansado e disse-lhe para ir dormir, enquanto ele me deixava sair. Estou indo para Paris no trem da meia-noite e queria vê-lo em particular antes de partir. Pensei que era você, ou melhor, seu casaco de peles, quando passou por mim. Mas eu não estava muito certo. Você não me reconheceu?"

"Nesta neblina, meu caro Basil? Ora, não pude nem reconhecer Grosvenor Square. Acho que minha casa está por aqui, mas não me sinto muito seguro a respeito. Lamento que você esteja indo embora, pois não o vejo há muito tempo. Mas suponho que volte logo?"

"Não: estou saindo da Inglaterra por seis meses. Pretendo ocupar um estúdio em Paris e me trancar lá até terminar um grande retrato que tenho em mente. Porém, não era sobre mim que queria conversar. Aqui estamos, em sua porta. Deixe-me entrar por um momento. Tenho algo a lhe dizer".

"Ficarei encantado. Mas você não irá perder seu trem?", disse Dorian Gray languidamente, enquanto ele subia os degraus e abria a porta com sua chave de ferrolho.

A luz do lampião lutava contra a neblina e Hallward olhou para seu relógio. "Tenho muito tempo", ele respondeu. "O trem não sairá até meia-noite e quinze, e ainda são onze horas. Na verdade, eu estava indo ao clube para procurá-lo, quando o encontrei. Você vê, nem deverei me atrasar com as bagagens, pois já despachei as coisas pesadas. Tudo o que tenho comigo é esta sacola e posso chegar tranquilamente à Victoria em vinte minutos".

Dorian olhou para ele e sorriu. "Que maneira para um pintor sofisticado viajar! Uma bolsa Gladstone e um sobretudo! Entre ou a neblina invadirá a casa. E veja se não falará algo sério. Nada, hoje em dia, é sério. Pelo menos não deveria ser".

Hallward balançou a cabeça, enquanto entrava e seguiu Dorian até a biblioteca. Havia um brilhante fogo reluzindo na grande abertura da lareira. As lâmpadas estavam acesas e um estojo holandês de prata para bebidas estava aberto, com alguns sifões de água gaseificada e grandes copos de vidro lapidado, em uma pequena mesa.

"Veja que seu criado fez com que eu me sentisse bem confortável, Dorian. Ele me deu tudo o que eu queria, incluindo seus melhores cigarros. Ele é uma criatura bem hospitaleira. Gosto dele muito mais do aquele francês que você tinha. Por falar nisso, o que aconteceu com ele?"

Dorian deu de ombros. "Acho que ele se casou com a empregada de lady Ashton e a estabeleceu em Paris como uma estilista. A anglomania está muito em voga por lá, agora, ouvi dizer. Parece tolice dos franceses, não é? Mas - você sabe? - ele não era um mau empregado. Nunca gostei dele, mas nada tinha a reclamar. Sempre se imaginam coisas que são bem absurdas. Ele era, realmente, bastante leal a mim e parecia se lamentar muito quando ele se foi. Quer outro conhaque com soda? Ou você gostaria de um hock and seltzer? Eu sempre tomo um hock and seltzer. Estou certo de que há um pouco na sala ao lado".

O Retrato De Dorian GrayOnde histórias criam vida. Descubra agora