NYC Here I Come

7. This is halloween

30 de outubro de 2021 | sábado

O prazer de conseguir acordar depois do meio dia é algo único. Tudo o que eu precisava era de doze horas de sono sem ninguém tentando me acordar e em um silêncio absoluto. Isso que eu amava nessa parte do bairro, era silencioso, ainda mais durante o final de semana. Deixei a preguiça ganhar. Desci apenas para pegar café e pegar algumas torradas com queijo. Voltei para o quarto para me atirar na cama e ver alguma coisa aleatória na televisão enquanto conversava com o pessoal.

Ingrid me convidou para ir com ela jantar em um restaurante brasileiro aqui na ilha, já estava pronta para aceitar o convite, mas o plus de "tem caipirinha e brigadeiro para pedir de sobremesa" foi o adicional perfeito para a mensagem confirmando minha presença. Tomei banho, escovei meus cabelos, coloquei uma calça skinny escura, uma camiseta da baw que parecia de banda de rock, um casaco escuro e saltos.

Chegando lá havia mais duas pessoas, quer dizer, uma pessoa e meia. Laura, filha da Ingrid estava junto a ela e outra mulher. Ver a pequena ali na mesa me lembrou a Sofia e automaticamente puxei ela para o meu colo e provocando risos nas outras presentes na mesa graças a nossa conexão. Joana, amiga de Ingrid, é brasileira e mora a anos nos Estados Unidos, acabaram se conhecendo em um evento e viraram melhores amigas. Ela é bem agitada, mal me conheceu e já perguntou se eu queria ir com ela para uma festa de halloween que iria assim que acabasse o jantar. Encontraria outros amigos por lá, então não seria só nós duas. Já que eu tinha vindo para esse país com o objetivo de aproveitar cada segundo sem pensar no dia seguinte, topei sem pestanejar.

O brigadeiro estava em nossa mesa, o que significava que o jantar estava chegando ao fim. Laurinha já sonolenta no meu colo e sem querer me soltar, e assim, não teria problema nenhum em levar ela para minha casa, avisei Ingrid disso, se ela precisasse de uma babá era só deixar a garotinha na minha casa que eu cuidava sem problema nenhum. Ela é incrível, carinhosa, educada, quietinha e já fala um pouquinho dos dois idiomas.

Joanna chamou um carro para nos levar até o local da festa. Paramos em frente a uma porta no meio de algumas lojas, olhei confusa para a garota sem entender o que estava acontecendo, mas ela apenas deu os ombros, bateu na porta e esperou ser aberta por um cara grandão. A porta dava diretamente em uma escadaria, no final dela um grande salão, com colunas e arcos com tijolos à vista, bares neons decorados com temática de halloween, inúmeras pessoas fantasiadas e uma banda de rock tocando em cima de um palco não muito alto.

Encontramos os amigos que fui avisada sobre e a linguagem foi alterada para o inglês, assim todos poderiam acompanhar. Fomos até o bar e fui convencida a tomar um tal de "fishbowl", tentei entender o que estava sendo misturado em um recipiente que parecia ser um aquário de peixe beta, três garrafas de coloração azul que lembravam ice foram adicionadas, seguido por dois copos de shot que acredito ser vodka e dois shots maiores de outro liquido que não faço ideia do que poderia ser. Apenas confiei na sugestão do pessoal e valeu a pena, o drink era perfeito, porém era aqueles que de gole em gole você acabava tombada em dois segundos. Docinho e forte.

Um dos gringos da rodinha estava me encarando a noite inteira, mas em momento nenhum chegou perto ou deu qualquer sinal além das olhadas, ou seja, eu também que não ia ir. Comecei a dançar com as meninas que estavam por ali enquanto acaba meu drink e ia em busca de outro igual aquele, mas se coloração diferente. Quando retornei a rodinha elas estavam fazendo algo que parecia uma sarrada, comecei a rir sozinha e fui ensinar o que era uma "sarrada no ar brazilian style", o que fez com que elas ficassem uns dez minutos fazendo no meio das músicas de rock enquanto eu ria da cena.

Assim que o show foi finalizado, as músicas alteraram de estilo, passando para algo mais pop e eletrônicas. Comecei a dançar com Joana até o chão. Ela foi puxada por um cara que pelo que entendi era meio que namorado dela a um tempo, mas não se assumiam. Segui dançando no meu mundinho, dois aquários já faziam efeito em meu organismo. Quando percebi estava entre duas garotas que dançavam quase fazendo um sanduíche de Rafaella, ri lembrando das minhas amigas e comecei a rebolar até o chão enquanto elas se aproximavam para ir junto comigo. Quando retornamos elas seguiam próximas a mim, a loira que estava na minha frente colocou as mãos em minha cintura e a morena que estava atrás colou seu corpo nas minhas costas.