10. The bet

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03 de novembro de 2021 | quarta-feira

Já passava da meia noite quando cheguei em casa, Bia voltou comigo de metrô já que seu carro estava na minha rua e ficou o percurso inteiro rindo da minha cara maravilhada com a cena de filme que rolou na minha frente. Quando eu iria imaginar que coisas desse tipo realmente aconteciam nas ruas de New York? Qualquer um teria absoluta certeza que eram eventos roteirizados enquanto as câmeras eram escondidas para filmar todas as partes sem filmarem umas às outras.

Estava pronta para sair por aí conhecendo pessoas novas, que me apresentassem coisas novas como a Bianca fez. Imagina conhecer gente de tribos diferentes o tanto de lugares e experiências diferenciadas que eu encontraria nessa cidade que, como dizem, nunca dorme. Ouvia sempre sobre intercâmbios mostrarem novos horizontes e descobrir coisas sobre você que nunca imaginava. Estou ansiosa para descobrir o que me espera.

Como de costume, verifiquei se o aquecedor estava ligado, coloquei meu pijama, tirei a leve maquiagem do rosto e pulei para baixo das cobertas. A caminhada e o dia agitado me deixaram mais cansada do que eu esperava, só percebi isso no momento que encostei a cabeça do travesseiro e me permiti descansar. Vi que Bianca tinha mandado mensagem avisando que tinha chegado em casa, mas não tive forças para desbloquear o celular e responder a morena.

Cada dia eu ficava mais orgulhosa de mim por finalmente estar aprendendo a chegar no curso sem depender do moovit para dizer exatamente onde embarcar, desembarcar, dobrar e quanto tempo caminhar até chegar lá. A aula também havia sido tranquila, era dia da aula com o professor que curte fazer jogos e dessa vez era uma "roda viva" basicamente, um aluno sentava em uma cadeira no meio da sala e os demais faziam perguntas para você responder YES ou NO, mas você não podia respondeu NO ou qualquer variação que remetesse a negação. Obviamente perdi rápido em todas as rodadas.

Estava saindo distraída para pegar meu café no intervalo quando ouvi alguém falar em português, achei que estava ficando doida e ignorei. Escutei outro "Oi, Rafa?" e virei-me para uma menina que estava com muletas e o pé enfaixado. Fui cumprimentá-la contando que achei que nem era comigo, por isso não tinha olhado antes. Nesse tempo chegou outra brasileira falando com ela e já me dando oi também, conversamos enquanto eu fazia o pedido do café e elas contavam que também estudavam na Kappa e estavam a pouco mais de três meses por lá.

Almocei em um pequeno restaurante com alguns colegas da turma que conversavam sobre cultura, arte e sobre visitar algumas galerias em Chelsea. Decidimos ir juntos após a refeição. O bairro é uma combinação de casas, prédios baixos de apartamentos, arranha-céus luxuosos e atrações badaladas como o High Line, um parque elevado construído sobre antigos trilhos de trem. Segundo Mariska, nas fábricas desativadas estão instaladas mais de duzentas galerias de arte, bem como o Chelsea Market, repleto de sofisticados empórios, restaurantes e lojas para visitarmos.

B: Hey garota bonita, como você está?

B: Já acabou sua aula? Sai agora de uma reunião e estou livre pelo resto da tarde

R: Oi Bi, estou em Chelsea com alguns amigos

B: Você? Em Chelsea?

R: Sim?

B: Não era você que era hétero???

R: O que isso tem a vê?

B: Chelsea é basicamente o epicentro gay?

B: Tá, não tanto quanto antigamente, mas ainda tem muitos bares LGBT achei que tinha ido para um com seus amigos...

R: Não? hahahahahah vim ver galerias de arte.

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