Ao longe, Ragnar observava tudo e viu quando Violet saiu completamente nervosa e chateada. Ele a seguiu por entre os matos mais altos e a encontrou sentada em uma pedra, sentada, tomando sobre seu rosto o vento que fazia seus longos cabelos loiros voarem.
"Qual o seu nome?" Violet pulou ao ouvir a voz do rei soar por suas costas. Se virou rapidamente e reverenciou, tirando mechas de cabelo do rosto. "não se faz necessário. Qual é seu nome?" ele perguntou, rejeitando o ato de respeito.
"Violet." A garota respondeu.
"E o nome de quem você carrega?" ele perguntou olhando para a barriga dela.
"Ainda não demos..." ela repensou a frase "ainda não dei um nome." Disse sorrindo sem jeito.
"Demos?" Ragnar insistiu no erro cometido antes. A garota não respondeu, sendo assim, ele prosseguiu "Esse filho é de Hvitserk?" indo direto ao assunto, fazendo com que Violet se assustasse, respondendo logo em seguida com semblante envergonhado.
"Sim."
"Portanto, já que este filho é de Hvitserk e eu como rei tenho total liberdade e poder para discernir sobre todas as questões a mim competentes, te declaro uma mulher livre, de total direito sobre as suas vontades e desejos." Violet sentiu o coração saltar a cada palavra saída da boca de Ragnar.
"Por que?" ela perguntou.
"Não quer?" ele franziu a testa.
"Claro que quero, mas por que decidiu isso?" ela insistiu.
"Decidi porque essa criança é um fruto do meu filho. Essa criança é parte de mim e do meu legado. Enquanto ela estiver aqui, sofrerá. Algumas pessoas ficarão no assentamento, porém outras voltarão para Kattegat, é a sua chance de criar essa criança longe de toda disputa orgulhosa e estúpida que meus filhos estão travando." Ele disse olhando para Hvitserk que se aproximava. "Agora é com você." disse se virando para Violet, mas ela já não estava mais ali. Hvitserk carregava um semblante de decepção ao ver a garota saindo e Ragnar suspendeu os ombros deixando claro que não tinha nada a ver com aquilo. Passou pelo filho dando tapinhas em seu ombro.
"Boa sorte." O pai disse.
...
Muitos dias foram passando. Algumas vezes o assentamento era atacado. Algumas lutas aconteciam. Violet sempre era escondida por Torvi para que não precisasse lutar e, por não saber, acabasse morta.
Meses se passaram e então a excursão de volta para Kattegat foi confirmada por Ragnar. Violet estava pelo seu sétimo mês de gravidez. Permanecia sem falar com Hvitserk. O garoto não parecia estar dando tanta importância também, mas ela a todo momento sentia seus olhares. Ivar sempre tentava falar com ela, mas nunca conseguia.
Até aquele dia.
Violet estava terminando de ajeitar algumas coisas, no barco, quando foi parada por uma voz.
"Você tem sorte de estar indo embora." Ivar disse.
"Por que diz isso?" ela respondeu sem o olhar.
"Digo porque eu não vou desistir de você." Ele falou de uma forma que a fez parar de ajeitar as coisas no baú.
"Pensei que já tivesse desistido." Retrucou.
"Quando eu te vi pela primeira vez, tive certeza de que era você." A fala do garoto fez Violet corar.
"Era eu quem você iria matar de pronto?" perguntou.
"Que eu iria amar de pronto." Ela soltou um longo ar pelo nariz.
"Bom. Então você demonstrou do jeito errado." Disse.
"Eu só tinha, você sabe, ciúmes de Hvitserk." Ele falou se apoiando na muleta.
"E não tem mais?" ela o olhou de canto de olho e ele olhava para a água, parecia se esforçar para estar ali. "por que não me disse tudo isso antes?" perguntou.
"Porque você jamais me aceitaria e não aceitaria o fato de que eu não poderia te dar um filho." Disse.
"Então agora você assume e reconhece que esta criança não é sua, sim?" ela arqueou a sobrancelha.
"Tenho dúvidas." Ele disse.
"Por Odin, Ivar." Ela exclamou irritada e deu as costas.
"Você não pode ir embora." Ele disse.
"Eu sou uma mulher livre agora."
"Mas eu não."
"O que está falando?" ela perguntou e sentiu ele pegar uma de suas mãos, iria puxá-la, mas o ato dele começar a falar, a fez desistir da ideia.
"Estou preso ao que sinto por você dentro de todo esse meu corpo pesado e que aparenta não ter vida. Estou preso ao seu jeito de andar. Ao seu cheiro. Ao seu sorriso. Aos seus cabelos longos e loiros. Estou preso ao quão bonita você ficou depois que começou a carregar esta criança e estou tão preso a esse sentimento que não vejo mais como não ter você perto de mim, mesmo que eu não possa tocá-la ou sentir seus lábios nos meus. Entende?" ele falou e Violet o olhava sem piscar. Seu coração pulava e estava completamente descompassado.
Ivar nunca tinha sido tão incrível ao ponto de dizer tantas palavras bonitas assim. Ele tinha ensaiado? Talvez. Talvez fosse um jogo sujo para, no futuro, se utilizar da criança e chegar ao seu objetivo desde o princípio? Talvez. Ela respirou quando finalmente ele soltou a sua mão.
"Mas eu não posso te prender aqui, porque não é isso que o amor faz." Ele disse e ela voltou a ajeitar as coisas.
"Sim...não é isso que o amor faz." Violet avistou Hvitserk os observando com uma feição nada agradável. A garota desviou o olhar as coisas e continuou seus afazeres. Naquela altura, Ivar já tinha saído.
...
Todos já estavam dentro dos barcos e eles se afastavam da costa. Violet sentia o cheiro do salitre do mar e os ventos fortes baterem em seu rosto. Respirava aliviada por agora ser uma mulher livre e por poder se governar e decidir por si seus direitos, deveres, obrigações. Sorriu e acariciou a barriga. Sentiu seu bebê chutar e apertou com os dedos o local onde ele chutou.
"Você anda muito apressado." Ela falou baixinho.
A viagem durou algum tempo, até que chegaram em Kattegat. Violet foi direto ao grande salão para falar com Aslaug, a qual a olhava de maneira serena.
"Então é você que carrega o meu neto?" ela perguntou indo em direção a garota, abraçando-a. Violet sorriu e se perguntou com que rapidez essa informação tinha chegado.
"Acho que seja uma menina." Ela disse.
"E se for, qual será o nome dela?"
"Lovise." Aslaug sorriu entendendo o significado daquilo e entendendo a referência ao pai da suposta neta.
Não era de se negar que seus filhos tinham considerável habilidade em campo de batalha, mas que Hvitserk se destacava por força, agilidade, rapidez e principalmente, garra.
Lovise significa guerreira renomada e Violet não tinha dúvidas de que, sendo menina, seria sua guerreira renomada e de seu pai que mesmo tão distante, ouviria seu nome em todos os quatro cantos do mundo.
Olá! eu disse que ia sumir, né? mas como eu consigo ficar distante? Vi que chegaram algumas pessoas novas nos comentários e eu amei, eu fico muito feliz com esse retorno. Espero que vocês gostem desse e do próximo capítulo que vou postar! beijos
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Ruined By Love
FanfictionViolet, de significado "bonita como uma flor", e ela era. Delicada como pétalas de rosas, seu rosto macio como plumagem, mas, como toda rosa, com seus espinhos. Espinhos capazes de ferir, machucar, dilacerar, não qualquer coisa, mas corações, quando...