Em média dois meses haviam se passado e tudo estava na mais perfeita paz na Inglaterra, até o assentamento ser atacado de surpresa por saxões. Os rios se tornaram vermelhos naquela tarde. Flocos de neve caíam sobre os corpos deitados sem vida ao chão. Hvitserk desferia golpes contra diversas cabeças. Gargantas. Pessoas mutiladas, gemendo de dor, gritando.
Hvitserk parou em um determinado momento e sentiu um cansaço insuportável. Uma dor insuportável. Naquele momento ninguém veio até ele no campo de batalha, nem inimigos, nem seu próprio povo, pareciam sentir e entender a sua dor.
Do outro lado do oceano, Violet gritava a dor de uma mãe no seu momento mais delicado, o parto. Enquanto com ela a dor era o ato de parir uma criança, do outro a dor de Hvitserk era liberada após tanto tempo ser reprimida, a dor da partida de Violet.
Enquanto no rosto de Hvitserk escorria sangue. No de Violet escorria suor. "Aguente mais um pouco." Ragnar proferia para Hvitserk e Aslaug para Violet. A força veio do interior, das entranhas. A força dela? De uma mãe, uma leoa, protetora. Dele? De um pai sem um filho, desolado, sem o amor da sua vida. Ela pensava em Hvitserk e aquilo a fazia espremer cada vez mais a fim de que junto com o bebê toda a dor fosse embora. Hvitserk segurava a espada com tanta força que sentia sua mão formigar.
"Estamos quase lá!" Aslaug falou para Violet que agora chorava.
Hvitserk ouviu um trovão ao horizonte e assim logo veio um relâmpago forte. A luz. Ele respirou aliviado por ter visto os saxões recuarem. Violet por sua vez beijou a cabeça de quem ela acabava de dar à luz que partir daquele dia, seria Liv, como o seu significado diz, a luz da vida de ambos.
"É uma menina!" Aslaug sorriu e deu as felicitações a Violet.
De última hora Violet decidiu mudar o nome, lembrando do relâmpago que reluziu quando sua filha veio ao mundo.
Hvitserk chorou. Não sabia que a sua filha tinha nascido, mas sentiu no seu íntimo o alívio de ter terminado a batalha. Sentia uma alegria inexplicável, misturada com toda a adrenalina. Seus irmãos se deitaram ao seu lado e Ivar sentia remorso. Não sabia explicar. Enquanto um enchia o peito de alegrias o outro sentia remorso em seu mais íntimo coração.
...
Um mês se passou e Liv já estava com os olhinhos abertos e sorria feito um anjo. Violet ficou sabendo da expedição que aconteceria para a Inglaterra e contatou uma pessoa de confiança. Entregou a ela uma mantinha feita de pelos de animais e essas conservavam bastante o cheiro.
Antes de partirem, pediu a Marghrete que entregasse a manta a Hvitserk. A moça disse que faria toda questão. Ele merecia saber.
Atracaram na costa do assentamento alguns dias depois. Marghrete seguiu diretamente ao que foi designada. Encontrou Hvitserk, Ubbe, Ivar e Sigurd conversando e bebendo hidromel. Falou na frente de todos pois era desrespeitoso chamar ao seu senhor para ter a sós.
"Hvitserk." Ela reverenciou.
Ele a olhou, olhando logo em seguida para a manta que ela carregava. Sentiu o coração ser tomado por uma esperança de uma notícia que viria logo em seguida.
"Violet pediu para que eu te entregasse esta pequena lembrança." Ela estendeu a manta que tinha em mãos.
"O que é isso?" ele perguntou já sabendo a resposta. Ubbe e Torvi sorriam.
"A sua filha veio ao mundo." Marghrete respondeu.
"Filha?" ele falou pegando a manta e a cheirando.
"Sim. ela se chama Liv."
"Luz da vida." Torvi falou sorrindo.
"Eu tive uma filha. Eu sou pai de uma garotinha!" Hvitserk parecia deslumbrado.
Ivar virou de vez o copo de hidromel e limpou a boca com o peito da mão de maneira ríspida.
"E, se me permite dizer, ela é a sua semelhança."
Essa foi demais para Ivar. Lançando o copo sobre o chão, saiu e foi tomado por um ódio irreparável.
Liv. Liv deveria ser a sua luz da sua vida.
Até o próximo, meus amores! muito obrigada pelo retorno sempre <3
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ruined By Love
FanficViolet, de significado "bonita como uma flor", e ela era. Delicada como pétalas de rosas, seu rosto macio como plumagem, mas, como toda rosa, com seus espinhos. Espinhos capazes de ferir, machucar, dilacerar, não qualquer coisa, mas corações, quando...