O Café da Manhã

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NA MANHÃ SEGUINTE, Olivia, Zoe e Lily pareciam completamente surpresas ao entrarem e me verem praticamente pronta, me alongando sobre o tapete mais macio que já pude tocar. Por mais que minha aventura no jardim tivesse me tirado horas preciosas de sono, acordei assim que o sol nasceu. Pensei que seria bom continuar minha rotina de exercícios matinais, seguidos de banho e yoga.

As três encararam a cama arrumada com uma careta.

— Senhorita, se continuar fazendo todo o nosso trabalho, vamos acabar mal acostumadas. — O comentário de Olivia bastou para me fazer sorrir.

Aquelas três garotas provavelmente seriam as mais fáceis de lidar durante minha temporada no palácio. Eu me perguntava se elas se tornariam minhas confidentes, ou se o treinamento e a etiqueta as impediria de compartilhar até uma xícara de chá comigo. Pelo jogo de cartas ontem, esperava que fosse a primeira opção.

Pude ver Zoe observando as manchas de grama na minha camisola, seguida pelos olhos cuidadosos de Olivia e por último Lily. Ainda bem que nenhuma delas fez perguntas, nem viram o paletó que escondi deliberadamente no armário. Pensei que elas tentavam se intrometer na minha vida com as indagações do dia anterior, mas eu estava errada. Era óbvio que estavam extremamente preocupadas com meu conforto.

Elas apenas tiraram minha camisola com cuidado.

Meus cabelos estavam molhados ainda, então Zoe aproveitou o momento para secá-los, prendendo metade deles no alto da cabeça com as fitas que eu trouxera de casa. Olivia fez minha maquiagem, leve como a do dia anterior, e Lily passou loção nos meus braços e nas minhas pernas.

Quanto ao vestido... Passei a manhã pensando na opção mais adequada. Mesmo parecendo fútil, essa seria a primeira impressão que eu daria oficialmente ao príncipe e à família real. Queria parecer simples, madura e elegante, e precisaria me destacar das outras com isso. A extravagância estava fora de questão, então optei pelo menos esperado.

Escolhi um lindo vestido creme sem mangas, estilo tubinho e com decote quadrado, de onde desciam lindos bordados florais pelo busto. O que eu adorei era o casaco que fazia seu conjunto, com o mesmo comprimento do vestido e os mesmos bordados nas mangas ¾. Elegante, simples... exatamente o que eu queria.

Havia uma série de joias à minha escolha, mas resolvi pedir minha própria caixinha. Eu tinha uma pequena pulseira que pertencia a minha mãe. O pingente — algo que parecia uma moedinha com o desenho de uma estrela no verso — era dourado e combinava com meu broche. Acabei, no entanto, acatando a sugestão de Zoe e coloquei um pequeno colar de pérolas.

Olivia, Zoe e Lily sorriram diante do resultado. Com reverências e sorrisos, as três me desejaram sorte antes de eu sair.

Fui para o vestíbulo no alto da escadaria onde todas havíamos nos encontrado. Fui a primeira a chegar, então me sentei em um pequeno sofá para esperar as outras. Aos poucos, elas começaram a dar as caras. Logo percebi a tendência: todo mundo estava fenomenal. Elas tinham tirado o cabelo do rosto, fazendo tranças e cachos intrincados. A maquiagem fora feita com esmero, e os vestidos tinham sido passados com perfeição.

Notei que, como esperado, todas procuravam chamar a atenção. Vi duas meninas chegarem ao vestíbulo e perceberem que estavam com vestidos muito parecidos — ambas deram meia-volta e foram trocar de roupa. Todo mundo queria se destacar e ia conseguir, à sua maneira. Até eu.

Todas pareciam princesas. Eu estava torcendo para parecer uma rainha.

Esperamos mais algum tempo, considerando que Victoria e Violet quiseram ajustar os vestidos esta manhã. Uma vez reunidas, começamos a caminhar na direção das escadas. Descemos na expectativa de ser levadas até a sala de jantar, onde faríamos as refeições, segundo tinham dito. Em vez disso, fomos guiadas direto para o Grande Salão, que estava preenchido com fileiras de mesas individuais, cada uma com pratos, copos e talheres. Mas não havia comida. Nem mesmo um cheirinho esperançoso. No canto da frente, encaixado na parede, notei um pequeno jogo de sofás. Um punhado de cinegrafistas espalhados pelo salão filmava nossa chamada.

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