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(Estou focando mais na narração da Agnes, logo o Coringa aparece).

Agnes 🔮

Pagamento?

Engoli em seco e abaixei a cabeça, pensando um pouco.

- Oh... - O bonitão malvado resmungou - Você não sabia? Seu pai me "deu" você - ele sorriu.

- Na verdade, ele só fez o mínimo. Eu queria mesmo era o meu dinheiro, mas como aquele imundo não tinha nem onde cair morto, ele usou você como pagamento.

Sentia meu estômago se revirar toda vez que ele falava "pagamento". Era como se eu fosse um objeto!

- Você não vai ser tão útil quanto o dinheiro, mas acho que posso fazer uma grana boa em cima de você - ele acendeu um cigarro e soltou a fumaça que veio direto no meu rosto.

- Eu não sou "pagamento" nenhum - respirei fundo tentando manter a calma - Eu tenho meus próprios direitos, não sou propriedade do meu pai e não vou aceitar isso aqui. Agora se me dá licença, eu vou embora.

- E vai para onde, fofinha? - ele riu e se levantou ao mesmo tempo que eu.

- Pra ca... - parei de falar quando me lembrei que, na verdade, eu nem tinha casa.

- Percebe? - ele caminhou até minha direção,  ficando de frente comigo - Você não tem ninguém, muito menos um lugar para ir.

- Eu tenho o...

- O Coringa? - sua expressão mudou radicalmente, e vi seus olhos me encararem com raiva - Era ele que você ia falar?!

- Sim... - me afastei lentamente, com medo.

- Saiba então, que ele é outro que não se importou com você. Ele sabia de tudo o tempo todo, sabia que iríamos atrás de você e mesmo assim fez você ficar na casa dele.

- Ele me ajudou! - senti meus olhos arderem.

- Não, ele não te ajudou. Assim como o seu pai ele é outro perdido da vida que se endividou comigo... sabia que você não ficaria segura com ele... então não pense que ele te ajudou...

- Mas...

- Porque foi graças a ele que te encontrei mais facilmente.

- Cala a boca! - tampei os ouvidos e balancei a cabeça.

- Quando descobri que seu pai tinha batido as botas, até pensei em te deixar quieta, não ir atrás - ele continuou, enquanto andava devagar até mim, que sem nem perceber já tinha me encostado na parede do outro lado da sala.

- Mas então, me avisaram que você tinha se metido pro lado do Coringa... E por amor ao ódio que sinto por ele, resolvi que iria querer você sim - ele sorriu, parando na minha frente.

- Por que você odeia ele?! - gritei - Eu duvido que ele já tenha feito alguma coisa pra você!

- Cala essa boca - ele me empurrou ainda mais para a parede e ficou a centímetros do meu rosto - Você não sabe se nada.

Eu podia sentir a respiração quente dele, tocando minha pele e me arrepiando, me deixando com mais medo.

- Você não tem nada, não tem ninguém. Não tem porra nenhuma! - ele gritou na minha cara - Então, ou você dança conforme a minha música por vontade própria, ou vou te fazer dançar a força.

Ele me apertou pela cintura e encarou o fundo dos meus olhos, enquanto segurava meu queixo e me obrigava a encarar seu rosto.

Ele tinha um olhar estranhamente familiar, como se me lembrasse alguém. E por um momento, era como se eu estivesse diante de uma pessoa conhecida.

Percebi que aquela medrosa não era eu, então encarei ele de volta e respirei fundo.

- Eu não vou fazer a porra da sua vontade - sorri, sentindo uma lágrima salgada na minha boca - Ninguém manda em mim.

Libertina - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora