006

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Agnes 🔮

Acordei com um sol do caramba ardendo na minha cara, essa noite foi difícil dormir, até chorei relembrando algumas coisas, mas me senti mais tranquila por saber que ele não entraria pela porta a qualquer momento.

Levanto e me espreguiço, tentando acordar me corpo.

- O boneca... - Coringa entrou com tudo no quarto,  e seus olhos foram logo para a minha calcinha que estava a mostra.

Meu Deus, que vergonha.

Corro pra cama e me cubro com o lençol.

- Eita porra - ele sorriu - foi mal aí mano. Mas então, vim perguntar se tu quer comer alguma coisa, se quiser, vai lá na cozinha e se vira porque eu tô saindo viu, falou!

E como se ele não tivesse acabado de me ver de calcinha, ele saiu e fechou a porta.

- Puta que pariu, que vergonha do caralho, meu Deus!

Passei a mão pelo rosto, que com certeza estava vermelho e me levantei. Vesti novamente o shorts e fui para o banheiro lavar o rosto, fiz um bochecho com pasta de dente, prendi o cabelo e fui para a cozinha.

Preparei um pão e um café, comi, e lavei tudo que sujei, depois, revirei a casa procurando um pano de chão e um desinfetante.

Passei pano na casa, arrumei os sofás, e limpei as mesas de vidro, depois olhei para o relógio na parede e vi que já passava das onze e meia.

- Caramba - resmunguei - Eu preciso ir em casa...Coringa, cadê você...

Depois de mais uma meia hora, ele apareceu, todo sujo e suado, e com alguns machucados. Inclusive um corte na boca.

- Coringa... - assustei - meu Deus, o que aconteceu? Você tá bem?

Ele não me respondeu, só andou até o sofá e sentou, passando a mão pelo cabelo.

- Aqueles lazarentos! - ele gritou - Esses cara do PCC tão tirando uma com a minha cara, puta que pariu!

Ele estava muito bravo, e sinceramente, senti um pouco de medo, por isso não me aproximei tanto.

- Quer me dizer o que aconteceu...? - perguntei receosa.

- Mano, eles tentaram entrar aqui de novo! - ele bate a mão na mesinha de centro - Eu mato, escuta o que tô te falando - ele me olha e só consigo enxergar ódio em seus olhos - Eu mato aquele filho da puta! Ele que mandou os cachorro dele vir aqui.

- Você quer uma água? - pergunto sem saber bem o que fazer.

- Eu quero matar aquele lazarento! - ele grita e eu dou um pulo.

Depois que ele estava mais calmo, me sentei no sofá que ficava de frente com ele e o encarei. Não temos tanta intimidade assim, mas sinto que ele precisa conversar, é como se eu devesse isso a ele, depois do que ele está fazendo por mim.

- Mano - seu humor muda do nada - mó fome cara, se não quer comer não?

- Eu...

- Vamo pedir uma pizza, sei lá. - ele pega o celular e começa a procurar algo.

Eu não pretendia almoçar lá também, já era demais! Eu só ia passar a noite e ir embora cedo, mas não, cá estava eu, com a boca cheia de pizza e morrendo de rir enquanto Coringa contava sobre a vez em que a menina fez coco no anal.

- Mano eu não sabia se dava risada ou se fazia de besta - ele dá risada - a mina cagou e eu fiquei lá, paradão.

- Aí meu Deus, Coringa - coloquei a mão na barriga - sério, nunca ri tanto.

- É de chorar, não de rir, sua doida. - ele dá risada também.

E assim foi, demos risada como se fossemos melhores amigos, cheios de intimidade e que se conheciam a muito tempo.

Coringa 🚀

Meu parceiro, vô ti contar, que mina da hora.

A gente conversou tanto que até esqueci que ela tinha que ir embora e que prometi mandar alguém junto com ela pra casa.

- Coringa - ela para de rir e me olha - Eu preciso ir pra casa...você ainda vai mandar alguém comigo?

- Eu mesmo vou, acho que tô livre daqui pra frente.

- Ok, então vou pegar a minha roupa e já venho.

Subi com ela até a casa dela, e assim que chegamos na frente, uma mulher apareceu gritando e dizendo que ali ela não entrava, deduzi ser a mãe dela.

Agnes começou a chorar e eu tive que tomar partido. Disse que ela ia entrar sim, e que se alguém tentasse impedir ia prestar conta comigo.

Então a mãe dela deixou ela passar e pegar as coisas, entrei junto e ajudei ela a carregar duas pequenas bolsas cheias de roupa e pertences.

Depois de pegar tudo, saímos de lá e a mulher deu um último grito:

- NUNCA MAIS VOLTE AQUI! SUA VAGABUNDA!

Agnes só chorava, e só então saquei que ela não tinha de novo pra onde ir.

- É, morena - dei um sorriso - o jeito é tu colar de novo no meu barraco.

Libertina - [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora