Capítulo 1.

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Olá, meus amores.

O sono demorou á vim.

Harry se sentia cansado ao extremo, mas não conseguia dormir. Estava acordado. Olhando para o nada, pensando em como teria sido bom ter uma família, Sirius tinha prometido ser sua família, eles viveriam juntos, como deveria ser o relacionamento de pai e filho? Ele tinha desejado isso ardentemente, uma família, apenas uma família que fosse amá-lo, mas ele deveria ter sabido melhor, ter esperanças nunca tinha sido bom para ele, Harry sempre se machucava no final, por que tinha que ser tão esperançoso sobre algo que estava claro que não aconteceria? Ele não tinha sorte para que alguém o olhasse com amor e cuidasse dele.

Se virou no colchão desconfortável, respirando fundo, o armário tinha um cheiro forte de produtos de limpeza que irritava. Harry suspirou infeliz ao sentir os seus olhos se enchendo de lágrimas, piscou lentamente, tentando não chorar, isso não o ajudaria agora, tudo o que ele tinha que fazer era aguentar firmemente e não chorar, ele não era mais uma criancinha, tinha que ser mais forte, não tinha um pai ou uma mãe que o ajudariam.

Harry abraçou a manta que mal o aquecia, estava com frio, parecia que o frio gelava os seus ossos. Ele se encolheu na cama, murmurando distraidamente ingredientes de Poções, tinha que se manter distraído por algum tempo já que não conseguia dormir de jeito nenhum, suas costas começaram á doer como se estivessem sendo rasgadas por um chicote, ele mordeu os lábios com toda a sua força para não gritar, o seu sangue tinha um gosto metálico em sua boca, seu corpo se agitou na cama, a dor o transpassando como uma espada.

Todo o seu corpo pareceu ferver por um tempo, Harry gemeu baixinho, tudo doía, a sua visão ficou vermelha por alguns segundos, voltando á ficar focada depois, percebeu que estava sem óculos, pela a primeira vez em sua vida conseguiu enxergar decentemente.

Suas costas estavam sangrando torrencialmente como se tivessem sido atingidas por um chicote de pontas afiadas, ele fez o possível para se manter em silêncio, mas estava cada vez mais difícil, a dor era extrema, parecia fervê-lo vivo, a sensação torturante aumentava mais á cada segundo, sentia o gosto do seu sangue quente e metálico em sua língua, tremia tanto, afastou a manta de si, tirou a blusa com pressa, quase a rasgando no processo de se despir, odiava as cicatrizes feias em seu corpo, mas não se importou em vê-las, a blusa grudava em suas costas e peito suados e ensanguentados, ele se deitou no chão frio, tentando de forma falha esfriar a sua pele muito quente.

Viver doí, eu estou cansado, ele pensou enquanto a dor parecia esmagá-lo, por que? Por que isso está acontecendo comigo?

Sua visão escureceu por alguns sentidos, Harry gritou angustiado, ouvindo palavrões, seu tio gritou para ele ficar quieto, bem, pelo menos ele não estava descendo as escadas para lhe dar uma surra de chicote. Outro grito rouco escapou de sua garganta já dolorida e muito seca, ele se deitou de lado enquanto suas costas doíam ardentemente, estava totalmente encolhido dentro do seu armário escuro, desejando que o sono merecido, ou talvez a morte acolhedora, viessem buscá-lo.

"— Me encontre —" uma voz falou, sussurrada e muito calma, soava doce, Harry nunca tinha ouvido uma voz assim, tão doce com ele, quem seria? Talvez a sua imaginação apenas? Talvez por estar com dor, ele pudesse estar imaginando? Poderia ser, Harry já tinha imaginado alguém cuidando de seus machucados e lhe dando carinho, isso nunca aconteceria "— Venha até mim, me encontre".

De repente a dor se foi do mesmo jeito que tinha começado, ele se sentiu relaxando devagar. Seus pensamentos clarearam, ele se sentiu mais calmo e menos agitado, se lembrou da pessoa falando, parecia estar no armário, junto com ele, sussurrando gentilmente em seu ouvido, Harry suspirou, ele realmente queria ir até essa pessoa, mas não conseguia, não sentia que tinha forças o suficiente para dar um passo.

Harry demorou á dormir, sua cabeça parecia ter sido rachada por um machado, seus lábios estavam rachados e secos, mas fora os ferimentos em suas costas que pareciam cicatrizar lentamente, ele estava melhor.

Ou quão melhor ele poderia estar.

Talvez as coisas fossem melhores um dia.

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Até o próximo capítulo, meus amores.

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