2-Caçada

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Faz alguns meses que estou fora do espaço sem tempo, eu já estava confortável com a rotina de adolescente universitária que aderi para viver entre os mortais, infelizmente a brincadeira acabou, e antes de voltar, tenho algo a fazer.

A alguns metros de distância do entretenimento noturno, escondido pela penumbra da viela, o rapaz do bar me espera com um cigarro na boca, encostado na parede sem reboco.

— Demorei? — questiono chamando sua atenção.

— Não — O cigarro é arremessado no chão sujo próximo a várias latas de lixo. Um sorriso devasso surgi na sua face.

Ele é o típico cara que só serve para uma noite, aqueles que faz você perde a virgindade pelo calor que provoca no seu corpo, o cara que você beijaria na frente de todo mundo só para ver as especulações ou o que você arrastaria para atrás de uma árvore ou construção de obras só para ter o desejo saciado, depois, nada mais que uma lembrança.

Um homem como ele na vida, é um caus definido. Principalmente porque esse em especial não vale nada como homem e muito menos como ser humano.

A cada passo que dou em direção à perfeição masculina, posso até  imaginar quais foram os seus atos imundos. Ele pode não ser do submundo, e nunca irá para lá, mas merece ser arrastado para os confins do desespero pela eternidade.

- Vem cá morena, deixa eu sentir o sabor dos seus lábios - o rapaz de pele clara e cabelos negros busca me envolver em seu abraço.

- Calma, apressadinho você! - recuo com o aroma de perfume amadeirado no meu nariz.

Respondo aos seus olhares famintos retirando a minha jaqueta bem devagar subindo meu vestido num movimento ousado.

- Anda logo gata, vem que o papai aqui está no ponto - ele esfrega a mão no seu membro sob as calças.

"É cada idiota"  Típico de homens, acredita que sua virilidade é medida pelas suas atitudes infantis e primitivas de demonstrar apetite sexual.

- É mesmo? - suas mãos grandes encostam na minha pele deslizando a alça do vestido deixando o caminho livre para o seu toque.

Como um cão ele avança, me jogando contra a parede, domina meu corpo pequeno comparado com seus músculos definidos. Ardiloso, abocanha minha pele clara buscando beijar os seios protuberantes.

Seu toque exitante é o suficiente para qualquer mulher se perder no mar de euforia, eu, no entanto, busco mais que aquecer meu corpo com suas investidas. Abraço o homem excitado, trazendo-o para mim.

"Beije, é só beijar"

Deslizo meus lábios encaixando no seu sentido o calor do seu corpo, mordo a parte superior e em seguida a inferior, logo ele faz o previsto. Introduzir sua língua a minha boca.

Infelizmente para ele o beijo é a sua sentença de morte.

Não preciso viver de almas, mas preciso delas para manter minhas habilidades e durante esse ato absorvo a sua mente, todos seus pensamentos, e tudo que acontece em sua vida. Passa como um filme de milésimos de segundos.

O homem quando percebe que algo está errado afasta-se, sentido sua energia vital desaparece em segundos.

- O que está acontecendo comigo? - questiona colocando a mão sobre seu peito - O que você fez comigo?

- Eu, nada - desliso o dedo na lateral da minha boca- mas, o que você fez?

Como eu imaginava, ele não valia nada.

- O quê? - a voz some, e a dor começa com um zunido alucinante.

- As garotas que você costuma embebedar no bar com seu emprego de quinta - resmungo - você não é um homem bonzinho que espera elas acordarem da ressaca. — acuso seca.

Ele grita, a dor piora.

- Foram muitas não é - falo vestindo a jaqueta e arrumando o vestido indiferente a expressão  de dor agonizante - vi seu anel com a droga. É um truque antigo sabia?

O processo finalmente acaba, meus olhos mudam de cor, de castanhos escuros, vão para vermelho fogo. Finalmente tenho forças o suficiente para encarar qualquer coisa, afinal, nada melhor que a vitalidade humana para alimentar uma imortal.

Abro minhas mãos e as mesmas começam a faiscar e em seguida a chama vermelha salta como se as mesmas pegassem fogo.

O semblante de dor e agonia da lugar ao medo. Ele fica aterrorizado.

- Quem é você? - as pernas faltam, o Barman começa a cambalear e em uma tentativa de escapar do fim, joga-se no chão.

- O último rostinho lindo que você verá pela eternidade, que pena para você. - zombar do pobre coitado agonizando é prazeroso, adoro ver homens como ele sentir a dor e uma descarga elétrica intensa passando por seu corpo.

Ele começa a rastejar buscando ajuda, para ele já é tarde o ar ficar rarefeito e por fim as suas últimas reservas de energia são drenados.

- Você continua caçando como um novato, Morgana - uma voz feminina ecoa no beco escuro.

" É ela, reconheço essa voz em qualquer lugar"

Como era aguardado, alguém me vigiava. Os livros de filosofia da faculdade parecem mais atrativos agora que serei obrigada a voltar para aquele tormento sem fim do submundo.

- Minha intenção é apenas está precavida e ter forças para atravessar o véu - respondo arrumando a bota preta.— afinal, a última vez não foi uma recepção calorosa.

A lembrança dos cabos de aço me prendendo de ponta a cabeça com o calor do fogo aquecendo meu corpo como um animal surge.

- Querida, a tortura não  será capaz de lhe te matar... - ela surge do lado mais escuro da viela com sua áurea negra feito a noite - só ele.

Seus passos silencioso e cheio de graça traz um certo magnetismo e mistério.

— Se descobrir que está infrigindo suas regras vivendo entre os humanos novamente. Isso seria muito desastroso para você.

- O que você quer dizer com isso?- Viro-me para a mulher de vestido longo preto.

- Digamos que você está no mundo mortal a meus serviços. Você sabe que meu marido e caridoso com minhas serviçais.— Ela joga os longos cabelos loiros para trás com suas mãos pequenas e delicadas.

- A que preço? - cruzo os braços arqueado a sobrancelha. Ela trás consigo o frio que até mesmo os imortais sentem junto ao cheiro de sândalo.

- Que encontre uma pedra para mim - Ela pausa a alguns centimentros de distância.

A loira é a representação em pessoa do medo mais comum existe no mundo dos mortais, a morte.  A Ceifeira é impecável em seu trabalho no submundo, porém, seu jeito firme e estável de rainha esconde uma mulher amarga e mimada que ninguém que conheço teve a ousadia de contestar.

- Que pedra?

- Painita, ela é essencial para mim no momento. - Uma das pedras preciosas mais raras do mundo sendo exigida pela Ceifadora mais poderosa de todos os tempos, algo não está certo.

- Você sabe que não dá para encontrar na rua da esquina não é.

- Você quer ou não a minha proteção Morgana. - ela aponta para a rua atrás de nos e o turista que tive o desprazer de ver mais cedo está lá, a espreita observando, seus olhos tinham mudado de cor, estava negro, ou seja, esta sendo usado.

- Tenho escolha—um sorriso surge rapidamente no rosto da loira.

Mara faz um movimento rápido de estala de dedos com sua mão direita e sua foice aparece, ela arremessa o objeto contra o homem cortando sua garganta fazendo ele cair no chão agonizando. A arma de corte fatal retorna a sua mão atraído pelo seu poder.

— É um prazer lhe encontrar novamente Morgana.

Ela toca sua arma no chão e uma névoa negra surge espalhando-se rapidamente consumindo o ambiente em uma escuridão intensa.

MORGANAOnde histórias criam vida. Descubra agora