Tentando recomeçar - Duologia Recomeço

Capítulo bônus

Momento da morte da Nathalie, primeira filha do casal principal.

(Bianca)

Eu não imaginava que minha vida mudaria do nada. Que viraria de ponta a cabeça tão de repente. Em um dia, pura alegria. No outro, puro desespero.

Acordei logo cedo, pois a minha filha sempre acorda cedo e passeia com a babá no jardim. Ela ama receber os primeiros raios solares. E eu amo observar enquanto tomo café. Até me junto algumas vezes.

Mas nesse dia ela estava diferente. Rosana, a babá, levou-a para brincar no jardim. Assim que levantei e olhei da janela da cozinha, Rosana tentava fazê-la andar. Mas Nathalie não se equilibrava.

Minha filha começou a andar muito cedo e eu achava a coisa mais incrível do mundo. Aos 10 meses minha neném já batia as perninhas pela casa.

Mas da janela reparei que ela estava torta, com reais dificuldades para manter-se de pé. Ainda assim, achei que fosse apenas um estado de preguiça mesmo.

Nem sempre o bebê fica disposto a fazer tudo que o incentivamos. Então relevei.

Ao final do banho de sol, isso já beirando sete e meia da manhã, Rosana entra com minha filha nos braços e vem até mim.

_Dona Bianca, eu vou precisar me ausentar agora pela manhã. Minha filha, Letícia, vai ter apresentação na escola pela manhã. A senhora lembra que avisei?

_Claro! Pode ir, Rô. Hoje estou folgada, pode ir. Ligue qualquer coisa.

Rosana é uma pessoa maravilhosa, mas leiga. Bem mais do que eu. Claro que ela não iria imaginar que algo de terrível tinha acontecido com a minha filha.

Assim que ela foi embora, resolvo dar o primeiro banho do dia nela. Brinco, falo, chamo, mas Nathalie demonstra estar alheia a mim.

Estranho, mas ainda assim me forço a acreditar que ela está apenas chatinha. Criança tem dessas coisas né?

Preparei seu banho e foi uma luta para manter Nathalie sentada na banheira. Ela não tinha apoio nenhum. Sorri, brinquei e chamei mais uma vez, mas ela não estava contactante.

Após o banho, deitei minha filha na cama e comecei a observar. Nathalie estava com uma parte do rosto um pouco caído, era estranho. Parecia que ela tinha levado uma queda.

_Filha? Amor da mamãe?_Faço gestos com as mãos, mas ela apenas olha e depois tira a vista.

O sinal soou forte na minha mente. Minha filha não está bem. Vesti uma roupa nela, ajeitei tudo, peguei as coisas principais e fui para o hospital.

Ela poderia ter algo ou não, mas eu não queria arriscar. Meu coração de mãe começou a ficar apertado, como se meu peito se tornasse pequeno para comportá-lo.

Assim que chegamos no hospital, rapidamente minha filha foi atendida. Além de ser prioridade, os sinais que descrevi deixou a equipe em alerta. Porém nada me falaram.

Ainda consegui ver quando os médicos fizeram alguns exames físicos e depois uma enfermeira chegou em mim e pediu que eu aguardasse fora da salinha. Garantiu que minha filha estava bem assistida, até porque tinha câmeras dentro do consultório, mas que por questão de não atrapalhar procedimentos que eu possa julgar ser desnecessário era melhor aguardar do lado de fora.

Ok. Atendi a petição educada da enfermeira. Aos poucos vários profissionais começaram a entrar na sala. O alerta inicial soou ainda mais forte.

Algo de muito sério está acontecendo com a minha filha e eu vou quebrar esse hospital inteiro se não vierem me dizer o que é. Nem que seja o que eles supõe.