Tentando recomeçar - Duologia Recomeço

O meu recomeço.

(Tomaz)

Eu sabia que não iria ser fácil conversar com a Bianca, principalmente porque ela não iria me receber de braços abertos. Pensei que o namorado inútil e inconsequente dela também estaria incluso nessa comversa, mas me enganei.

E ao ouvi-la assumir que provava goles de bebidas diferentes só pra saber o sabor de cada uma me deixou furioso. Ela sentiu toda a barra que foi me suportar com a cara cheia e agora está provando bebidas, e ainda estando grávida.

_Como você me diz naturalmente que prova bebidas estando grávida?

_Eu não provo mais, ok?_Ela explica-se um tanto exaltada._A médica proibiu depois que minha pressão subiu. Não precisa se preocupar comigo, o Lucas já faz isso.

Dou uma risada de escárnio, ela está ficando louca. Só pode!

_O seu namorado é quem te oferece bebidas e você diz que ele se preocupa contigo?_Chego muito perto dela._Não, definitivamente ele não se preocupa. Mas não vim aqui pra falar do seu relacionamento com esse tal aí.

Observo seu olhar um pouco confuso virado pra mim. Ela parece procurar algo, não sei decifrar ao certo.

_Eu vou assumir a Júlia._Afirmo voltando ao meu lugar no sofá._Com certeza o seu namorado nem cogitou assumi-la se caso eu não aparecesse.

_É... Ele não é o pai._Ela parece perdida._Mas eu não gostaria de ter você visitando a minha casa. E aliás, em dois meses eu vou pra França. Não posso ter a Júlia aqui, sozinha. Preciso da ajuda da minha mãe.

_Eu agora estou aqui e você não estará mais sozinha._Fico tentado a alisar seu rosto, mas me contenho._Se ainda quiser ir para a França, tudo bem, mas eu vou te seguir onde quer que você e a Júlia estejam. Eu não vou te deixar só nunca mais, Bianca.

Ela me encara e percebo seus olhos marejarem. Ela sabe quando sou sincero, ela me conhece muito bem. O momento é interrompido com o toque do meu celular. Tiro o mesmo do bolso e vejo que minha mãe está me ligando.

_Com licença, é a minha mãe.

Aviso e me afasto um pouco da Bianca para atender. Deslizo o dedo na tela iniciando assim a chamada.

_Oi, mãe.

_Filho, não me aguentei e resolvi ligar. Sei que é um pouco tarde, mas mesmo assim queria saber se você está bem.

_Perdão por não ter ligado logo, encontrei a Bianca e acabei sabendo que vou ser pai de outra menina. Tudo isso em pouco tempo resultou em uma certa confusão mental, perdão._Explico-me ouvindo uma risada maravilhosa vinda dela.

_Que notícia boa, Tomaz. Liguei para matar um pouco da saudade e descubro que vou ser avó de outra menininha._Sua voz embarga no fim._Ligue-me assim que der, por favor. Preciso contar logo ao seu pai essa notícia. Um beijo, filho.

_Até breve, mãe.

Encerro a chamada e encaro o celular com um sorriso no rosto. Quando me viro, percebo que Bianca estava perto demais, talvez tenha ouvido minha conversa. Seus olhos brilham tanto, são tão chamativos.

_Você realmente está feliz por ser pai de outra menina?_Sua voz se quebra um pouco.

_Sério que você está me perguntando isso?_Meu sorriso aumenta._Entendo que antes eu fazia de tudo pra evitar e cheguei a nos privar de relações sexuais com medo que isso acontecesse, mas entenda que não teve nada a ver com você. Era comigo, eu que estava com os sentimentos em frangalhos. Tinha medo de passar novamente pelo que eu tanto suprimir dentro de mim, o luto.

Respirei fundo escolhendo as palavras certas para explicar o que sinto. Falar com a Bianca é como pisar em ovos, não sei quando posso botar tudo a perder.

_Depois do tempo que passei pensando e tentando juntar os cacos dentro de mim, percebi o quão burro eu fui perdendo tempo me destruindo ao invés de te amar cada dia mais e recomeçarmos juntos._Me aproximo para enxugar as lágrimas que caíram dos seus olhos._A Júlia é um presente, é o meu recomeço. Não vou deixá-la escapar.

Ela aproxima o rosto do meu, sinto sua respiração muito perto. Fecho um pouco os olhos ansiando pelo seu toque, mas logo nos afastamos sobressaltados pelo toque na porta.

_É..._Ela engole seco._Vou abrir.

Assinto passando a mão pelo rosto praguejando quem quer que bateu nessa porta. Meu coração está tão acelerado, meu Deus! Pareço um adolescente apaixonado que iria acabar de ganhar seu primeiro beijo.

_Ainda tem comida pra você._Ouço a voz de Bianca aproximando-se._Esse é o Tomaz, meu ex-marido e pai da Júlia.

Viro-me encarando o homem que me faz ter pensamentos assassinos. Ele estende a mão, parecendo muito à vontade com a situação.

_Lucas Vittorino, prazer._Ele diz com um sorriso alegre demais.

_Tomaz de Alcântara Muniz.

Um clima estranho se instalou no ambiente assim que ele puxou a Bianca e a beijou na minha frente. Virei o rosto para o lado tendo a sensação de estar engolindo uma pedra.

_Vou comer. Ainda tem sobremesa, gracinha?

_Não comemos o pavê de chocolate ainda. Estávamos esperando você, Lucas._Observo Bianca tocar em seus braços de forma acolhedora._Um minuto, Tomaz.

Assinto novamente caminhando até a varanda do apartamento. Era pequena, mas parecia muito maior que a sala, onde o ar parecia me faltar a todo instante. O clima estava agradável, uma brisa soprou bagunçando meus cabelos. Logo ouço passos anunciando que voltaram a sala.

_Tome aqui, Tomaz. Prove esse pavê maravilhoso que minha mulher fez._O safado estende o prato pra mim, ainda com esse sorriso alegrinho demais.

_Não, obrigado._Caminho até perto dele._Estava esperando você chegar pra te dar um aviso.

_Então vamos lá, diga!_Ele enfia uma colher cheia na boca.

_Se você oferecer bebida para a Bianca mais uma vez, ou até cogitar chamá-la para esses lugares que você costuma frequentar que não são adequados para uma grávida, eu vou matar você._Encaro bem seus olhos._Eu não estou brincando. Não mexe com a saúde das duas ou do contrário eu te quebro._Imito o sorriso alegre dele._Foi um prazer, Lucas.

Dou um beijo rápido na testa da Bianca, abro a porta e vou embora. Pra tudo tem limites e esse cara extrapolou todos. Não é que a Bianca seja uma boba inocente, mas ela está fragilizada e ele está se aproveitando disso.

***

O

que estão achando da história?

Até o prox cap💋