Homens mortos não precisam de dinheiro

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O terno era conservador, cinza e enfadonho.

Magnus Bane olhou seu reflexo no espelho com uma expressão desapontada.

Ele parecia... bem, mas o terno não alcançou o efeito que ele esperava: ele não parecia mais velho.

Talvez tivesse sido muito para esperar.

Suspirando, Magnus passou a mão pelo queixo liso, desejando que ele tivesse uma barba masculina para esconder o rosto de bebê.

Ele tinha vinte e três anos, pelo amor de Deus.

Era constrangedor que a maioria das pessoas não acreditasse que ele tinha idade para beber, e que ele tivesse que estar com sua identidade o tempo todo.

Magnus culpou sua boca ridícula: por causa de seu lábio superior carnudo, seu rosto parecia estar em um beicinho permanente.

Isso o fazia parecer muito jovem e, embora normalmente não fosse um problema, era um pé no saco parecer um jovem de dezesseis anos, quando era necessário comparecer a uma reunião de negócios importante.

Não que ele comparecesse a tantas reuniões de negócios.

Magnus sorriu severamente para seu reflexo e endireitou os ombros.

Bem, isso estava prestes a mudar.

Ele iria provar a seu pai que ele merecia confiança com as coisas importantes. Claro, seu pai ficaria furioso quando descobrisse, mas essa chance era boa demais para deixar escapar por seus dedos.

Ele não teria uma chance como esta novamente.

Normalmente, quando ele estava nos Estados Unidos, seu pai o mantinha sob controle, o observando como um falcão.

Magnus teria gostado de pensar que a razão para isso, era o excesso de proteção de seu pai, mas ele não estava delirando: Asmodeus Bane simplesmente não confiava em seu filho.

Magnus tentou não levar isso para o lado pessoal, Asmodeus não confiava em ninguém, mas era hora de mudar isso.

Ele não tinha se formado em Oxford, apenas para passar a vida sendo um rostinho bonito para as campanhas de marketing de seu pai.

Magnus sempre odiou isso, e ele estava completamente farto, depois dos últimos dois meses que passou em Moscou, participando de eventos sem sentido, no lugar de seu pai para a filial russa das Indústrias Bane.

O e-mail que Magnus recebeu alguns dias atrás, foi uma pausa bem-vinda da rotina entorpecente à qual ele havia se acostumado.

Bem, tecnicamente, o e-mail não era para ele. Se Magnus não estivesse em Moscou, o pessoal de seu pai teria simplesmente o encaminhado para o escritório principal em Londres, onde seu pai estava atualmente.

A rigor, Magnus deveria fazer o mesmo em vez de ler, mas ficou entediado e inquieto, e a mensagem o intrigou.

"Asmodeus,

Minha secretária parece estar tendo problemas para entrar em contato com você.

Eu disse a ela que você era um homem ocupado. Mas eu também sou um homem ocupado. E também não sou um homem muito paciente.

Temos coisas para discutir. São Petersburgo, 21 de fevereiro, 21h, restaurante "Pandemônio".

Eu espero que você esteja lá. Não se atrase. Você sabe o quanto eu odeio atrasos.

Síndrome de Estocolmo Onde histórias criam vida. Descubra agora