Azuis. Porra.

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Magnus mal dormiu naquela noite, se revirando, e acordou na manhã seguinte se sentindo cansado e frustrado, mas com uma determinação raivosa correndo em suas veias. 

Ele iria apagar Alexander Lightwood de sua mente.

A Dra. Imogen Herondale era uma mulher de meia-idade com olhos castanhos inteligentes emoldurados por óculos finos. Seu escritório era decorado com bom gosto e ainda assim parecia confortável e acolhedor. 

Magnus se sentiu instantaneamente à vontade quando ela sorriu e o convidou a se sentar.

Por meia hora, ela simplesmente ouviu sem interrompê-lo, enquanto ele tropeçava em sua história. 

Ele contou tudo a ela. Não fazia sentido procurar a ajuda de um psicólogo se não se pretendesse ser honesto.

O rosto de Imogen era levemente simpático quando Magnus descreveu seu problema, mas, para sua decepção e confusão, ela não concordou imediatamente que ele tinha síndrome de Estocolmo.

— Embora eu concorde que o isolamento e o desequilíbrio de poder óbvio em seu relacionamento com seu sequestrador não poderiam ser saudáveis para você, você não exibe o comportamento típico de alguém com a síndrome. – Ela disse. – Você não está dando desculpas para o seu captor. Você não acha que ele é realmente um cara bom. Você conseguiu escapar. Cada caso é diferente, é claro, mas as vítimas da síndrome de Estocolmo normalmente nem querem ser resgatadas. – Seus olhos não julgaram quando ela acrescentou suavemente. – Quanto ao desequilíbrio de poder em seu relacionamento, eu entendo que isso se originou de suas preferências sexuais, não é?

Magnus só conseguiu gaguejar e corar. Ele nunca tinha realmente discutido suas fantasias sexuais e perversões com ninguém além de Alexander.

Falar sobre elas com uma mulher que tinha a idade de sua mãe era meio constrangedor.

— Vocês usaram palavras de segurança? – Imogen perguntou. Mordendo o lábio, Magnus acenou com a cabeça. – Porque você acha que ele deu a você palavras de segurança em vez de apenas pegar o que ele queria?

Magnus encolheu os ombros. 

— Ele me disse que não gostava de estuprar ninguém, e eu acredito nele, mas ele provavelmente também queria que eu confiasse nele.

Ela sorriu. 

— É isso que quero dizer, Magnus... você é capaz de pensar criticamente quando se trata de seu captor, você questiona seus motivos em vez de confiar nele sem reservas. Isso é muito bom. Isso é saudável.

Magnus se encolheu um pouco. 

— Mas eu confiei nele, pelo menos na cama. Ele me fez sentir seguro o suficiente para... – Sua pele se aqueceu.

Imogen não parecia nem um pouco perturbada. 

— Para interpretar cenas de estupro sexual com ele?

Magnus nunca se sentiu tão mortificado em sua vida. 

— Hum...

O olhar que Imogen deu a ele foi gentil e um pouco divertido. 

— Não fique envergonhado, não é nada que eu nunca tenha ouvido antes. Muitas vezes, as fantasias das pessoas estão fora dos limites do que elas acreditam que deveriam sentir, fora do que elas acham que é normal. Fantasia de estupro ou fantasia de sedução forçada é, na verdade, uma das fantasias sexuais mais comuns entre homens e mulheres. Contanto que ambas as partes dêem seu consentimento e usem palavras de segurança, não há nada de errado com tal interpretação. –  Ela fez uma pausa, olhando para ele com calma. – O fato de que você se sentiu seguro o suficiente com seu sequestrador para fazer isso, indica um grau de confiança que normalmente não se sente em relação ao sequestradores, no entanto. Você pode explicar porque você confiou nele?

Síndrome de Estocolmo Onde histórias criam vida. Descubra agora