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"Tudo depende do tipo de lente que você utiliza para ver as coisas" (Jostein Gaarder)

Ella

Tão pouco quando a porta do quarto foi fechada ,
Seus lábios tocaram os meus, era como um bom romance sendo escrito, leve e suavemente, apenas se encostando, deixando o sabor deles nos meus. Eu poderia dizer como me sentia flutuar no momento.

Mas, em algum tipo de provocação, tão rápido quanto inesperado, seu braço firme apertou minha cintura, puxando meu corpo trêmulo contra o dele e colocando nossos lábios próximos demais. Mas, eu não fugi e quando enlacei meus braços em volta de seu pescoço, meus olhos se fecharam, deixando que eu pudesse sentir seu perfume inebriante.

Eu não queria sair dali e queria que ele sentisse o mesmo. Eu não conseguia pensar em nada, porque não havia nada que não fosse Lian, eu e nosso abraço caloroso. Sua língua percorreu meu lábio inferior como numa tortura, distribuindo arrepios pela extensão da minha pele, enquanto sua mão em minha cintura pressionava num aperto que continha certa urgência.

Foi um beijo sôfrego, carregado de uma necessidade que eu não havia percebido em meu corpo, mas, a possessividade que ele impôs, agora tocando a base da minha nuca, fazia certamente as minhas pernas fraquejarem e o chão fugir sob elas. Lian me mostrou um lado que não havia notado, mas, tanto quanto qualquer outro de seus lados, eu me sentia incapaz de formular uma frase que o descrevesse. Lian é simplesmente... Lian

Seu braço envolve minha cintura em um aperto forte, como se não quisesse que eu saísse deles, eu repousei minhas mãos em seus antebraços. Eu estou em seus braços, Lian, e eu não quero sair. Eu queria gravar nos meus pensamentos a forma como eu me sentia estando tão perto dele, queria poder lembrar o cheiro e a textura de sua pele colada a minha, eu queria o calor do seu corpo como a melhor lembrança de hoje.

No tempo daquele beijo, não havia dor, mágoas ou segredos. Havia seus braços agarrando minha cintura, seu rosto, suas mãos, nós dois. E a percepção do quão grande era o que eu estava sentindo por ele.

-Você tem algum medo, Lian? - pergunto baixo, mantendo o contato.

- Até correr o risco de perder você , eu não tinha um - diz com honestamente. - Qual é o seu medo real?

- Acordar - digo agora num sussurro tão baixo que quase não me ouço.

- Acordar?- ele pergunta curioso

-Sim! -De seus lábios escapou um murmúrio
pesaroso-E perceber que você foi apenas um sonho bom.

Houve algum silêncio, seguido pelos nossos lábios se tocando sob aquele a pouca luz do quarto. Sob a camada negra daquela noite escura, sob o brilho apagado das estrelas, eu decidi que o amava. Eu não era mais vazia. No meu peito havia um coração que tem sobrevivido. A minha frente, outro coração batia corajoso, tenaz e forte. E eu estava simplesmente impossibilitada de esconder o que sentia.

algo que me consome sem pedir, uma força que devora cada parte de mim e eu não me importo.

Assim sendo, cada vez que aqueles clicks soaram em cada vez que eu descarreguei e recarreguei cada uma das armas naqueles homens, eu estava pensando nele. Nesse sentimento pleno que tenho no peito. Não estava pensando na mágoa e na dor que ainda se penduravam em mim como parasitas incômodos. Eu queria voltar pra ele.

E o entendi, perfeita e completamente. Fazer qualquer coisa por quem amamos. Ainda que isso signifique estar à beira de sacrificar as próprias convicções. Afinal, abrir mão de algo por amor não pode ser chamado de sacrificio.

ELLA Onde histórias criam vida. Descubra agora