ELLA

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"O destino baralha as cartas, e nós jogamos"
(Arthur Schopenhauer)

Ella

Enquanto carregava a Glock, eu pensava nele, pensava em como deveria passar as mãos pelo cabelo enquanto pensa sobre qualquer coisa que o tire do controle , se estava apreciando mais um dos quadros que penduro na extensa parede do agora ,nosso aparatamento .Se ele estava bem e se estava sentindo saudades.

Instinto primitivo de proteção e cuidado. Eu tinha isso por ele. Mas, não sabia se deveria, em algum momento ele poderia voltar para sua vida, ou recomeçar, talvez em outro lugar, outra pessoa . Mas não quero pensar nisso .

Depois de sair do hotel, eu passei quase uma hora estacionada na Intrepid Dr, aguardando o momento certo, eu tinha estudado a rotina do único morador da residência, então, quando vi o carro entrar, eu desci do meu e fui em direção ao belo gramado, aproveitando a garagem ainda entreaberta.

Escorreguei pelo vão entre o carro e a parede branca, seguindo os passos do homem, sem tocar em absolutamente nada. Girei a maçaneta devagar e passei pela porta, observando o cômodo a minha frente percebi que não fazia jus à fachada. Quão desorganizada poderia ser a casa de um assassino fugitivo ?! .

Não tem volta, uma vez que se envolve com essa vida  , estará ligado a ela até o dia da sua morte.

Mas contrariando meu planejamento de uma luta ,o homen simplesmente me aguarda ,pelo seu olhar eu sei que ele já aceitou seu destino .

-Não esperava ser tão digno a sua presença anjo da morte - ele diz calmamente enquanto abaixa o olhar

-Você tem algo que eu quero ,então há duas opções , se você me ajudar eu farei com que sua morte seja rápida mas se assim quiser ,eu lhe entregarei aos meus inimigos e eles o farão sofrer tanto que a morte será algo que você implorará

Ele levanta seu olhar e vejo ali ,todo o medo que minhas palavras alcançam . E então eu sei que tenho o que quero .

Depois de ouvi-lo eu tenho mais provas de que isso é só o principio do fim ,do meu fim.

-Sente-se ali!  - digo, apontando a arma em direção ao sofá em marrom sujeira. - Isso não vai demorar.

O homem de barba esbranquiçada senta-se no sofá, passa as mãos pela cabeça livre de cabelos e sorri para o seu fim. Nem que eu quisesse eu poderia livrá-lo disso. Caminho por sobre o tapete cinza e fico a sua frente.

- Algo que gostaria de dizer antes que eu termine isso? -O homem acena em negativo. -

-Hodie in pugna finita.

Sem murmúrios ou lamentos e um tiro silencioso.

saio da casa em total silêncio ,sem deixar rastros ,sempre um fantasma . Desde que iniciei me orgulho de ser um ser completamente invisível , apensas meus contratantes veem meu rosto mas ainda sim ,só sabem isso . Um rosto sem nome ou qualquer informação .

Não que eu me importasse tanto com o sigilo quando era tão divertido vê-los tentando me cassar ou buscar qualquer coisa sobre mim ,era um jogo ardiloso vê-los tentarem me alcançar sem sucesso ,mas agora havia alguém .

Alguém que estava do outro lado do oceano que guardava meu coração ,alguém que eu queria ,não ... Que eu precisava que estivesse seguro .

As ruas escuras ,iluminadas somente pelo brilho da lua iluminam as ruas . As nuvens derrepente pesam e raios surgem substituindo a lua e a chuva forte cai .

Nunca fui uma mulher que acreditava em mitos ,sempre acreditei em meus instintos mas quando encontrei um homen em frente ao meu prédio eu sabia que algo estava errado .

Engatilho minha arma e ando até ele ,seus traços e rosto estavam escondidos pela escuridão da noite e seu corpo abraçado por um terno molhado mostravam que ele era somente um mensageiro . Ele me entrega um envelope e sai . O deixo ir por que sei e ele também que como um mensageiro, ele morrerá ainda hoje .

No envelope está apenas um nome

Arabella Venturelli

Meu corpo se arrepia em alerta ,eles a pegaram e sabem que irei buscá-la . Isso não é um aviso ,isso é um convite .

Há algumas coisas na vida que, eu digo com clareza, nós não controlamos.

A primeira delas é a raiva.

Essa raiva líquida corre em minhas veias , é eu sinto pena . Por que vou faze-los se arrepender .

A segunda coisa que não controlamos é que eu descobri recentemente é o amor ,o que me leva a pensar em Lian

Por que a verdade é que Lian Venturelli fez tanto barulho na minha vida que afugentou toda a solidão que existia em mim, hoje eu já acho completamente estranho quando minha casa está em silêncio ou quando - a cada dez palavras que ele diz - não escuto nenhuma piadinha. O pior é que ele me conhece perfeitamente bem, sabe tudo que eu gosto de comer, as partes do meu corpo mais sensíveis, as posições sexuais favoritas e que gosto de ficar abraçada após sexo, só imaginando um futuro perfeito com o homem perfeito depois de um sexo perfeito.

Eu sei que depois de Lian não conseguirei conhecer mais ninguém sem compará-lo, não vou conseguir ver o coração de outra pessoa tão grande como vejo , vou esperar piadas e brincadeiras a todo mundo e quando não as  tiver -me decepcionarei.

Porque Lian fez tanto barulho em minha vida e em meu coração que hoje eu sou completamente surda para outros homens.

E agora está sendo uma das atitudes mais difíceis de se tomar, pois não sei como será depois. Se ficarei viva, se ele continuará comigo, se eu ainda o terei ou o que acontecerá. O medo de perde-lo grita tão alto em meu interior que me questiono que porra de sentimento é esse, a solidão em minha volta começa a me sufocar e eu tenho que controlar a vontade de sair correndo, deixando meu descontrole a vista e exclamando que sou uma estúpida .

Então, foco meus pensamentos em uma menina de cabelos castanhos e que Deus me recompense futuramente por isso.

Só peço que a quem quer que seja ,me ajude a voltar pra casa