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"O peão é a causa mais da frequente derrota"
(W. Steinitz)

Eu não sou um peão ,eu sou a rainha . Eu não morro ,eu permaneço até o final . Minha estratégia pode ser arriscada mas eu ainda estou controlando esse jogo , é nele . Eles são os meus piões . Por isso ,fiz uma coisa que jamais pensei que faria novamente .

Deixei que me prendessem em uma gaiola .
Os cortes em minha pele eram um sinal de que eu ainda estava viva . E eu permanecerei assim .observava os guardas ao redor ,gravando seus movimentos quando a porta rangeu me dispersando dos devaneios. Mas logo uma picada em meu braço me deixou alerta . Mas já era tarde .

Era a maldita escuridão e eu estava caindo

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Era a maldita escuridão e eu estava caindo.

O passado é uma história que repetimos para nós mesmos, talvez para acreditar que ele tenha existido, ou, simplesmente, para fazê-lo perder o significado. E, então, presos a essa história, ficamos estagnados. Se há algo ruim nesse passado, algo a que, mesmo nos quebrando aos poucos, estamos agarrados, então... Isso quer dizer que é a hora.

De enfrentar. Ainda que os medos gritem pavorosamente para que você fuja, abrir os olhos é a primeira chance de se soltar deles, de ser alguém novo. É a primeira chance de ser mais, realmente, de provar a si mesmo que pode agir, apesar de tudo.

- Acorde, querida.

Eu queria acompanhar meus medos em seu grito agudo. Mas, eu ouvi duas coisas. A primeira delas foi o meu coração batendo no mesmo ritmo, não havia susto, eu estava calma. E isso me surpreendeu. E a segunda foi a voz de Gonçalo quando sussurrou ao meu ouvido todas as formas sobre as quais jamais me perderia.

Pisco algumas vezes me acostumando com a claridade . Tiros , dardo ,escuridão ,gaiola , um guarda me irritou , eu o degolei , um tiro na perna ,dardo e depois escuridão .

Levanto meus olhos e está lá ,Parei bem a sua frente, perto o bastante para sentir sua respiração. Ele me olhava, ou fazia parecer que sim, porque ele não manteria seu olhar no meu pelo tempo que preciso. Poucos o fazem. Eu olho dentro dos olhos dos meus inimigos e não desvio um só milímetro antes que eu possa ver com que tipo estou lidando . Ele desvia o olhar e eu sorrio ,ignorando a dor de um corte nos lábios e uma bochecha dolorida .

-Você...-sorrio, com um sarcasmo estratégico. Ele não me reconheceu

-Quem é você? - ele pergunta ,o olhar frio em seu rosto enviou calafrios pelo meu corpo

-Seu pior pesadelo -Desta vez, Ele sorriu e algo iluminou os olhos do homem.

- Na verdade, parece que eu sou o seu ,já que quem está acorrentada é você

-Deixe-me sair e veremos- o sorriso morrendo em seu rosto é o nascer do meu

-Você matou aquele homem? - cruzei os tornozelos.

-Eu acredito que ele escorregou e caiu sobre minha lâmina.

-Foi a garganta dele que caiu sobre a sua lâmina?

-Estranho, certo?

- Estranho, de fato. - Gonçalo inclinou a cabeça para o lado enquanto ela olhava fixamente para mim. - Isso acontece com bastante frequência perto de você.

- Infelizmente. - Eu arqueei uma sobrancelha - Homens com punhos descuidados devem estar mais atentos por onde pisam.

- Ninguém vai te salvar, então é melhor você parar de esperar por isso-  Ele estreitou os olhos para mim.

- Eu decido o que esperar. Você pode governar Las Vegas e esses homens, mas você não decide sobre mim, Gonçalo.

-Você é surpreendentemente irritante, deve ter muitos inimigos

-Eu não sei ,mas eu tenho pena de quem ficar no meu caminho ,por que eu posso garantir que suas mortes serão memoráveis . Então é bom que saiba com quem está lidando Gonçalo, por que meus inimigos estão mortos de mais para te contar sobre meus atos de misericórdia

-Eu conheço você? - questionou.

- Não, não conhece, mas vai conhecer. -Aproximei-me dele, sem tirar meus olhos dos seus. - Mas apartir de hoje eu sou seu inferno particular.

-Vou machucar você - ele rosnou.

-Se você me machucasse pode acreditar que eu não choraria ,eu te machucaria também ,e pode acreditar que faria muito melhor que você ,que precisa me ter algemada para se quer chegar perto de mim .
-Mas eu gostaria de te ver tentar ,Tente, Você não seria o primeiro. Mas não me curvei antes e não vou me curvar agora.

-Eu quero ter o prazer de te ouvir implorar pela morte.

- Lamento. Mas eu sou uma Ross , eu não imploro - digo sorrindo venenosamente.

Sua mão se levanta e desce rápido e cortante em direção ao meu rosto , me fazendo cair em direção ao chão . O impacto da minha cabeça ao chão foi inevitável e rapidamente a escuridão chegou .

A dor atrás dos meus olhos era horrível, mas, à medida que eu os abria, eu percebi que era pouco, porque em minha nuca ela estava pior. Ergui o meu tronco, instintivamente levando a mão ao local da dor. Toquei algo viscoso, então, trouxe a frente do rosto e, turvamente, percebi que era sangue. O meu sangue. o sangue escorrendo dela pingava no chão ,como uma goteira lenta

Meus braços pressos em correntes ao teto me impediam de tocar o chão . Fechei meus olhos abafando as memórias e voltei a fechar os meus olhos, apertando-os, para abri-los em seguida. Não havia tanta claridade no quarto, mas, deu pra ver perfeitamente o homem sentado ao lado da porta.

Tentei formular algo e não consegui, minha garganta estava seca e tentar falar fazia doer. Ainda assim, continuei.

- Pode - tento, mas, a dor na cabeça é muito forte -me dar um pouco de água pelo menos?

Ele não diz nada, mas, sai de seu lugar até à mesa no canto e despeja o conteúdo do jarro no copo. Quando se inclina, eu vejo um volume ao lado de sua cintura.

O homem me avalia, quieto. Eu havia ouvido Gonçalo falar com ele na sela um tempo antes da sua visita ilustre . Ele me olhava cauteloso ,então fingi meu melhor olhar de inocência e bela indefesa . Eu já tinha conseguido o que queria . Descobri quem era o mandante e seu poder . Estava na hora de voltar pra casa .

Ele encostou o copo em meus lábios me permitindo beber a pouca água . Eu só precisava ser rápida . Assim que ele se virou ,segurei as correntes erguendo meu corpo e abracei o pescoço do homen cortando o seu oxigênio e logo ele caiu aos meus pés . Estiquei e consegui alcançar as chaves . E logo meu corpo pesado estava de encontro ao chão. Pegando a arma do homen caído segui para fora dali ,usando o mapa mental que tracei observando a troca de guardas .

Ignorando a dor latejante em todo meu corpo e a minha visão turva . Optei pelo mais seguro. segui pelos corredores escuros evitando alardes . Pescoços quebrados foram eficientes . E logo estava fora dali ,mas não antes de deixar um presentinho ali . Quando já estava a alguma distância ,observei as chamas vermelhas surgirem após a explosão . Minha respiração pesada e a tontura me alertavam que iria apagar . Me escondi o suficiente para não ser achada facilmente pelos inimigos mas eficiente para me resgatarem ,e antes que tudo não pace de escuridão ,aperto o colar em meu pescoço enviando a localização e torço para que cheguem rápido .

Isso era só o início do fim.

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