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Quando os pés estão corretos, todo o resto nos acompanha" (C.S Lewis)

Ella

Deixe que a faca siga seu movimento próprio até o alvo, Ella - o meu pai sempre dizia isso.

Há três tipos ideais de facas para arremesso: com lâmina pesada, com cabo pesado e as balanceadas. O mais importante é o ângulo e a forma como você pretende arremessar, numa distância curta, o pulso precisa ter uma dobradura adequada para trás rumo ao antebraço, a faca vai girar rápido o suficiente para atingir o alvo no momento certo.

Por inúmeras vezes, desde sempre, eu treinei em caixas de papelão e em madeiras macias com boa espessura. Então, sempre que há um bom alvo a minha frente, eu sei exatamente sobre qual perna aplicar o peso, em que momento eu devo redirecioná-lo à perna não dominante e a forma como devo continuar o movimento mesmo após lançar.

Força não é necessária, o tempo e as pequenas lições transformaram a vontade de aprender em um sofisticado impulso de caça, predador. É precisão, sutileza é o que conta, e a necessidade por trás do ato.

- Você errou vadia - sorri mostrando os dentes - brancos sob o avermelhado dos seus lábios -, -não sabia que errava anjo da morte

- E não erro.

Eu não havia errado porque sabia, perfeitamente, distinguir a necessidade que eu tinha de acertá-lo e a de fazê-lo achar que eu iria acertá-lo. Eventualmente, eu faria isso em algum momento.

Amarrado a uma tábua numa sala escura, iluminado por um forte facho de luz, está um homem. Ele está sangrando, alguns cortes pelo corpo vestido apenas em uma calça, apesar de machucado o suficiente, ele não havia dito o que eu esperava ouvir.

Tudo começa nos encontros de olhares.

Caminho até ele, puxando a faca do ponto em que ela afundou na madeira ao lado de sua orelha, vendo o pequeno corte feito.

- Para quem você trabalha?

- Eu trabalho sozinho - mente. Dou meia volta, caminhando de volta para o meu ponto, o ponto em que me viro e assumo a postura novamente, disparo, acertando o centro de sua palma e arrancando um grunhido bestial de sua garganta.

- Para quem você trabalha? - pergunto novamente, assim arrancando a lâmina de sua carne sangrando.

- Eu não - gagueja entredentes. - vou falar - termina

-Vou mudar a pergunta - digo, testando a ponta da próxima faca. - o que seu chefe quer ? - nenhuma palavra escapa de sua boca.

- Nunca vou dizer a você

- Então, estamos sem opções- murmuro atirando mais uma faca, acertando agora o lado de sua têmpora. Ele se manteve em silêncio

"Minha filha às vezes, o silêncio poderá falar mais do que todas as palavras, precisa aprender a ouvi-lo e interpretá-lo ele me dizia isso"

-Para quem você trabalha ?-pergunto, bem próximo ao seu ouvido. - Se não me disser agora, eu vou estender isso, lenta e dolorosamente, o bastante para que me implore para matá-lo.

Eu não me importo com a dor dele. Com seus gritos arrastados. Com os pedidos de piedade. Eu não sinto absolutamente nada.A próxima faca foi disparada com precisão e, por isso, acertou o alvo desejado, entre uma coxa e outra, o urro de dor surgiu quando ela encontrou a pele sob a calça. O corpo tremia, então, ele desmaiou.

Depois que sai daquela sala eu tinha um cadáver dilacerado ,sangue por todo o corpo ,algumas respostas e duas conclusões. Eles estão em perigo e eu os protegeria ,mesmo que isso custasse minha vida .

ELLA Onde histórias criam vida. Descubra agora