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"Eu fico pronta, eu me visto toda
Para ir a nenhum lugar em especial
Não importa se eu não sou o bastante
Para o futuro ou para as coisas que estão por vir"
|Love, Lana Del Rey|



Faith Hall

ANTES:
03 de Setembro de 2000.

Eu estava de frente para a minha penteadeira rosa que ganhei de aniversário do meu pai. Passei o pente delicadamente pelos meus cabelos e depois, peguei um gloss de morango para aplicar nos lábios. Depois de me arrumar, saí do meu quarto e desci as escadas.

Papai estava sentado na sala de estar com os nossos vizinhos, os Sullivan. Eles tinham mudado para a nossa rua há uma semana e de cara, papai fez amizade com o homem da família. Observei as pessoas no sofá, eu não os conhecia, era a primeira vez que os via. Eles pareciam ser uma família legal. No enorme sofá branco estava uma mulher bonita com uma garotinha no colo, um homem ao seu lado segurava um copo com alguma bebida e ao lado dele, estava um menino de cabelos ruivos.

Ele era adorável. Parecia uma cenourinha por causa dos cabelos ruivos e as sardinhas pelo rosto. Quase sorri pelo apelido repentino, mas se eu o fizesse, papai chamaria a minha atenção. Então não sorri. Caminhei até o meu pai e ele logo me acolheu em seu colo.

— Gatinha, esses são os Sullivan. Diz um oi — papai colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, enquanto me dizia as palavras.

Observei cada um deles novamente e finalmente, abri um sorriso.

— Oi, meu nome é Faith. Mas podem me chamar de Fai ou Gatinha, como meu pai e meu irmão me chamam.

Os mais velhos sorriram com as minhas palavras. O garoto das sardas apenas me olhava com uma carranca no rosto, como se eu fosse a sua pior inimiga.

— Eu sou a Linda — a mulher disse, sorrindo. — Esses são Raydan e Rhydian, os meus filhos.

Desviei meus olhos dela, quando o mais velho começou a falar:

— Meu nome é Carl.

Abri um sorriso gentil e acenei, como uma garota educada. Papai sorriu e beijou os meus cabelos.

— Gatinha, você pode mostrar a casa para o Rhydian?

Desviei meus olhos do meu pai e olhei para o ruivo. Ele estava com os braços cruzados, um enorme bico nos lábios e me fitava, como se eu fosse a sua maior inimiga. Abri um sorriso e voltei a olhar para o meu pai.

— Claro — desci do colo do meu pai e chamei o meu novo vizinho. — Vamos?

Ele não disse nada, não sorriu. Apenas levantou e saiu andando na minha frente, como se conhecesse a minha casa. Eu segui atrás dele, em silêncio, observei para onde ele ia.

— Você tem um cheiro enjoativo — foi a primeira e única coisa que ele me disse. — Me lembra o cheiro ruim de algodão doce de um parque cheio de crianças catarrentas.

Olhei pra ele indignada. Ou melhor, ofendida.

Eu não tinha um cheiro enjoativo. Meu shampoo era de morango e meu perfume de baunilha. Não eram enjoativos. Eu amava essas fragrâncias e realmente, me senti ofendida com as palavras dele.

— E você é um idiota — proferi indignada.

Aquela era a minha nova ofensa para todas as pessoas. Gray, meu único irmão, que me ensinou essa palavra. Eu sequer sei o que significa. Mas pelo que Gray me disse, pode ser usada para absolutamente qualquer coisa, porque tinha todos os sentidos possíveis. Então eu usava para tudo, quando eu estava irritada ou encurralada.

Mas eu usaria, desde que não dissesse ao meu pai que Grayson me ensinou.

— Garotinha irritante — resmungou novamente.

Dessa vez, não aguentei. Eu não ficaria calada.

— E você é um carrancudo — falei indignada e exaltada. — Além de parecer uma cenoura.

Eu estava andando atrás dele e de repente, ele parou. Com toda aquela discussão desnecessária e todo aquele ódio gratuito por mim, nem percebi que estávamos na beirada da piscina.

— Como é?

— Isso que você ouviu.

— Você não pode falar assim comigo. Eu sou mais velho que você.

— Eu falo do jeito que eu quiser, você não é o meu pai!

— Cala a boca, pirralha!

— Cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu.

Ele estava muito irritado e por algum motivo, estava descontando tudo em mim. Eu não sabia o motivo, já que nos conhecíamos a menos de vinte minutos e nos odiávamos como se nos conhecêssemos a vida toda.

Eu não tinha culpa dos problemas dele.

— Oras, sua... Sua...

Suspirei fundo e decidi acabar com tudo.

— Você precisa se acalmar, cabelo de fogo — abri um sorriso.

Em questão de segundos, o joguei na piscina. Quando ele emergiu na água, me lançou um olhar raivoso.

— Isso é pra você esfriar a sua cabeça — falei o óbvio.

— Eu odeio você, algodão.

Lancei a língua para ele.

— Eu te odeio mais, cenourinha.

Saí dali e voltei para a sala. Meu pai conversava com o casal, enquanto a garotinha estava brincando com um tablet.

— Quem entrou na piscina, gatinha? — meu pai perguntou, atraindo a atenção de todos para mim, menos da garotinha que estava ocupada em brincar com o tablet.

Abri um sorriso angelical e inocente:

— O Rhydian. Ele disse que estava com muito calor. Entrou com roupa e tudo.

Meu pai sorriu e olhou para o casal.

— Crianças!

Dei de ombros e subi para o meu quarto, prometendo nunca gostar de nenhum garoto. Porque eles são irritantes. Quero crescer para mandar nos homens e não gostar de um.

FALLING FOR LOVE #1Onde histórias criam vida. Descubra agora