o tanto que penso em você

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encarando pesados retratos
da sua silhueta estirada
que é guardada, sagrada
em molduras, um pouco muito chamativas

no quadro número um
a calça marcada na cintura de ossos afiados
ofusca a visão, como se segurasse uma adaga
e, com a lâmina, captasse toda luz do sol
desnorteando as tintas da paleta

ousou, vagarosamente, chegar perto
criando um pincel próprio
que memorizasse, sem exceções
cada movimento
por mais imperceptível
leve, ou gracioso
que seus olhos caramelo se orgulharam ao fazer
em ritmo,
com as pontas de seus dedos
até o final de seu pálido, extenso braço

progressivamente, ultrapassa o limite das telas em branco
com palmas estendidas
ah, como se acabasse de encostar em uma estrela
e resplandecesse em resposta
interrompendo a criatividade, encerrando a racionalidade
por horas
e dias

um hipnotizante tom de bege rosado
corado, decorado sutilmente
uma tão encantadora delicadeza que se compara aos brilhantes jogos de xícaras de chá
que cintilam, personificando sinais dos céus
por trás de seu cabelo dourado
que caía, erroneamente, em seu lívido rosto

este que, de tão meigo,
foi, verdadeiramente, apresentado em milhares de pedras preciosas
e aroma doce
consumindo, por completo,
o corredor de tapete veludo vermelho
da minha mente













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