o tempo passará de qualquer forma.

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aparente no reflexo dos prédios de vidro
através dos pequenos pontos de luz
intrínseco no azul marinho,
na perdição das altas horas da noite
o vento estridente corre
é o que tenho

o sereno persistente, os semáforos quebrados
continuo dirigindo
com braços abertos, olhos fechados
sem som, apenas um eco no túnel
e o eventual esbarrar nas poças d'água
nada além ou escondido, nas estrelinhas
é o que me sobrou

o jeito que amo
que decido responder ao ambiente
inconsequentemente
não evoluíram, nunca irão
caio novamente na caixa postal
com o mínimo que me resta
da voz antes do barulho robótico
posso desejar sem me esforçar?
sem ter as mais básicas das noções?
sem sentir meu coração bater?

cada detalhe
significa o pouco que tento, que sei
o abandono inicial, o medo constante
esse que, inevitavelmente,
promete me cobrir, por inteiro
ao notar que vivi
em tantos momentos
enquanto o tempo cumpria seu propósito
de carregar o presente consigo

longe do dia de amanhã,
engulo a vida noturna por completo
é por esse motivo que nasci,
é por essa chance de lembrar
que anseio, impulsivamente, esquecer
de porta em porta,
filho dos brilhantes chamares
o não apagar intriga o interno vazio
a cidade é viva!
antigo conforto, assustadoramente real
com um novo propósito de me perseguir

no fundo, músicas que não emitem barulho
piscar de faíscas, erros se achando
as pontas dos dedos não sentem mais
um agarrar tão sujo, pernas falhas, comprimentos sem força alguma
inexistente vontade de ir daqui até ali
sinais, sons de seta, buzinas, afinar das rodas nas curvas, grama molhada, bebida derramada no banco, roupas desgrudando, texturas do couro, sinais...

peço que a máquina ligue
disco o número
ouço o esticado tocar
chamando
chamando
um falar aveludado dita:
deixe sua mensagem.

te amar... bem, te amar, ou amar um qualquer, eram... são desafios. códigos impossíveis de decifrar, definitivamente afastados do sentido puro de simplicidade. sou aquele que te dedica uma infinidade de nadas, te escreve sem sentidos, vaga sem porquês até sua porta toda quase-manhã. não digo isso querendo que tente meu amar, de forma alguma, isso seria horrível, meu bem. na verdade, por favor não seja assim. quero que desconheça tudo que ousar vir de mim. me promete? me deixar para trás com todos meus significados? irei ter você eternamente como aprendizado. já, por sua vez, terá ganho um imperceptível, possível bom passatempo que, no fim das contas, não foi mais que um grande, grande ninguém. quando nos separarmos, saberá que não abandonei meu único propósito de nunca ser, e, assim, te deixarei sem remorsos. já que te amar é, enquanto eu, em hipótese alguma, sou. te amar, te amar... de qualquer forma, espero que me perdoe por essa embriaguez sem fim, fico até feliz que não esteja mais atendendo. até amanhã, amor.























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