sincero, doce e cruel.

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consegue se lembrar de como éramos?
naquela primavera, é possível esquecer de nossas almas?
tão simples

o décimo sétimo nascer, a aurora do divino tempo dourado
sabe muito bem o porquê de nos estranharem

essas são as dezoito palavras que sou incapaz de dizer
pois, mesmo estando aqui, sinto que já se foi
com as asas que aprendemos a bater juntos, você abandonou o ninho

e o que custa admitir?
li por seus lábios um "adeus"
ressoando até mover as ondas
sol, por que deixou de brilhar?

ofegante ao décimo nono suspiro
separado em partes, estou quebrado
se me ouve, faça como dois anos atrás
eu que te fiz destrutivo?

vinte verões se passaram desde o momento em que me amarrei a ti, acredita?
antes mesmo de ser banhado pelo viver
porém isso não mudará sua mente

que lugar é melhor para sonhar do que Nikko, no ápice do outono?
a paisagem me recorda do seu medo de mudança
tão irracional, pois qual seria a graça se as folhagens não alterassem suas cores?

devia estar cansado de ouvir meu choro
tínhamos setenta indolores dias, e olhe o estrago que causamos

promessas, pertencentes ao amanhã
donos de um futuro ingênuo

derretendo em sua mão
é tarde para pedir que me segure?
podemos ser um desastre, porém a despedida doeria muito mais

sabe que eu não sou capaz de te soltar
só não sei se posso afirmar o mesmo sobre você.

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