• c i n c o •

16 2 0
                                    

Quando Louis era pequeno, foi ao funeral do pai de Zayn e viu o melhor amigo chorar baixinho enquanto vários adultos vinham o consolar, mas ele não não queria a presença daquelas pessoas que mal via. Ficou ao lado de Tomlinson, olhando pro nada enquanto tudo ao seu redor acontecia sem o seu entendimento.

Ouvir o médico falar sobre a cirurgia que Louis fazia naquele momento foi como voltar para o enterro do pai. Zayn apenas encara o rosto do outro homem, absorvendo uma palavra ou outra, sem ter real noção da realidade a sua volta. Talvez o seu cérebro tenha processado "é grave", "o cérebro corre risco", "muito inchado" enquanto a boca dele mexia por serem as partes mais impactantes da conversa.

Foi Liam quem o agradeceu e fez o namorado sentar na sala de espera, entregando Hope aos braços de uma Emma atordoada e muito abalada. Ele tenta dizer que Alex estava bem, na medida do possível, sem lesões graves e apenas um tornozelo torcido e engessado.

Ao ver o sobrenome "Tomlinson" escrito no quadro, Harry vai no mesmo instante até a sala de cirurgia e fala com o Carl Mikaelson, o responsável por neuro, e encara os olhos azuis de Niall, que diz pra ele ir falar com a família de Louis na sala de espera. Reconheceu a pequena Hope assim que a viu folheando uma revista no colo de uma mulher que chorava baixinho.

— Família de Louis Tomlinson?

— Somos nós — Liam se levanta. — Como ele tá, Harry?

— A cirurgia está em andamento e não houve nenhum problema até agora. Quando ele for pro quarto e estiver estável chamamos vocês, okay?

— Oi — a criança segura sua perna e acena com a mãozinha.

— Oi, passarinho — se lembra de Louis a chamando assim. — Eu vou voltar pra lá. Qualquer coisa venho avisar vocês.

— Obrigado, Harry — aperta o ombro do amigo e o deixa ir embora.

— O meu melhor amigo, Liam — ouve a voz baixa de Zayn. — O meu irmão tá lá e eu não posso fazer nada...

— Hey, não pensa assim! — senta ao lado dele e pega sua mão. — Aconteceu, Zayn, já foi. Agora temos que torcer pela recuperação dele e sermos fortes pela Hope.

— Eu não posso perdê-los, Lee... não o Lou e a Alex.

— E você não vai, meu amor. Não vai — deita a cabeça dele em seu ombro e põe Hope sentada em sua coxa.

Alex foi a primeira a receber visitas. Não estava nada bem, rosto e braços cheios de cortes e a perna esquerda imobilizada, mas estava viva. Ela chorou ao segurar Hope e a apertou em seus braços como se fosse a última vez que faria aquilo, agradecendo mentalmente por ter conseguido voltar pra filha.

Mas Alex era esperta, e notou a expressão agoniada de Zayn e Emma mesmo que ambos tentassem forçar um sorriso. Nenhum dos três quis contar sobre o estado de seu marido, mas Zayn tomou coragem e contou que ele ainda estava em cirurgia.

Após explicar como ocorreu o acidente e esperarem por longos e torturantes minutos, Harry correu até o quarto que todos estavam juntos, trazendo notícias. Ele conheceu a esposa e melhor amigo do paciente, deu oi outra vez para a criança tentando permanecer de pé na cama da mãe e falou sobre o quadro de Louis.

Não entrou em detalhes para deixar o Dr. Mikaelson explicar tudo direitinho, mas disse que ele estava... vivo. Ele e Niall chegaram pouco depois e finalmente puderam conversar melhor. Enquanto falava, Emma segurou Hope e tentou fazê-la dormir, o que só deu certo após ter que sair do quarto e caminhar pelos corredores enquanto cantava baixinho. Zayn segurou a mão de Alex e — dessa vez — ouviu cada palavra que o médico dizia.

— Coma? — pergunta incrédula.

— Não sabemos por quanto tempo, Sra. Tomlinson. Ele pode acordar essa semana ainda, não podemos afirmar com certeza.

— Há algo que podemos fazer? — o olha com súplica.

— Infelizmente não, apenas esperar ele acordar. Eu sinto muito — faz um aceno com a cabeça e sai do quarto.

— Coma... — repete a palavra. — Louis está em coma — passa a mão no rosto.

— Ele vai ficar bem, Alex — Zayn fala querendo acreditar naquilo também. — Acha que ele deixaria vocês duas sozinhas? Daqui a pouco já o teremos aqui cantando sem parar pra Hope.

— Podemos vê-lo? — encara Harry, que ainda estava ali.

— Eles podem, você não — ela bufa irritada. — Acabou de sofrer um acidente, Sra. Tomlinson, descanse! Em poucos dias poderá receber alta já.

— Eu quero ver o meu marido agora!

— Escute ele, Alex — a voz de Zayn soou triste. — Eu vou lá ver o Louis e depois volto aqui.

— Mas... é o Lou, Zee. O meu Lou! — chora.

— Eu sei, meu bem, eu sei — abraça a amiga. — Vai dar tudo certo, okay? Tem que dar!

Liam o acompanhou até o quarto do melhor amigo, sendo seguidos por Harry, os três em silêncio e abalados demais pra tentarem desenrolar uma conversa. Ao entrar no quarto, Zayn prende um suspiro vendo a situação de Louis, com o rosto enfaixado e braços cheios de hematomas feios e enormes, nem parecia a mesma pessoa que conhecia.

— Ele... hã... tava bem machucado no rosto — diz Harry olhando por mesmo lugar que os outros dois. — Por isso a faixa. Mas não se preocupe, vai melhorar.

— Posso ter um momento sozinho com ele?

— Zee...

— Por favor, Liam — nem o encara. Assentindo um pouco preocupado, chama Harry e os deixam sozinhos.

O quarto fica em completo silêncio, apenas o som das máquinas ligadas à Louis fazendo algum som. Ainda segurando as emoções, Zayn se aproxima da cama sem tirar os olhos dele ali deitado, imóvel e dizendo que estava vivo pelos batimentos que apareciam nos monitores. A situação toda era difícil, mas a incerteza do futuro piorava ainda mais.

Zayn não podia simplesmente voltar ao quarto de Alex e dizer que o seu marido estava todo arrebentado e em sono profundo, sem uma data para acordar. Então ele chora, ali sozinho e segurando a mão — também ferida — de Louis, rezando para que toda aquela tempestade passasse logo.

Comatose - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora