• Après Au Revoir •

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NA: Por favor, não sintam ódio nem dessa pobre autora, nem da Luísa, tudo nesa vida tem uma explicação ou motivo.

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França 1870

Cinco anos depois.

Definitivamente o inverno estava chegando, e eu era capaz de ver pelos primeiros montes brancos que surgiam em nossa volta no alto dos cumes. E pelo adiantado do tempo, seria mais forte esse ano.

Descanso a xícara no pequeno pires a minha frente, o chá já estava frio há tempos, e eu nem tinha conseguido aprecia-lo. Por alguma razão eu havia amanhecido inquieta, angustiada, como se algo fosse ou tivesse acontecido, e isso estava me deixando louca. Eu odiava quando sentia isso, porque geralmente não falhava e uma notícia chegava. A última vez havia sido há 2 anos e deu uma girada em minha vida.
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"França 1868

Viúva,
Eu era uma viúva.
Essa palavra ainda me assustava.

Tudo bem que há anos Eugênio e eu não éramos mais marido e mulher, mas eu jamais desejei a morte dele. Desejava que ele fosse feliz do jeito dele, que ele pudesse acompanhar nosso filho o mais tempo possível, e agora vendo meu menino adormecido aqui do meu lado, depois de horas chorando, fazia meu coração ficar menor que um feijão. Dom amava o pai. Era o pai dele e eu sei a falta que ele iria sentir de Eugênio.

Aliso seus pequenos cachos escutando seus suspiros, enquanto ele dormia agarrando em mim. Apesar de seus 14 anos, Dom ainda era um menino.
Meu menino grande que ainda precisava de um colo, mesmo agora.

Eu precisaria ser mais forte do que eu era dali por diante, seria apenas eu, por eles. Em tudo!
Que Deus me desse forças."

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Meu retorno pra França não foi fácil! Nada fácil!
Encontrei um Dominique indócil, rebelde e que me culpava em grande parte por meu tempo no Brasil longe dele. Não foi fácil faze-lo entender que mesmo longe eu nunca deixei de pensar nele ou ama-lo. Os primeiros meses foi de choro, culpa, onde eu me sentia a pior das mulheres!

Se não fosse por Justina, eu teria me entregado a tristeza e talvez não tivesse tido forças pra reconquistar meu filho e entender o que se passava comigo.

Pra minha enorme surpresa, e diferente do que eu pensava, Eugênio me ajudou nesse processo. Talvez a descoberta de sua doença e seu pouco tempo e vida, tenha contribuído pra isso, não sei dizer, mas não posso jamais negar que ele ajudou sim, do seu modo, mas ajudou.

E talvez tenha sido por isso, que me senti na obrigação e também por causa de meu filho claro, de cuidar dele em seus últimos dias. E agora, 2 anos após sua morte, sigo desejando que ele tenha achado seu lugar de descanso e que ele seja bom.

Eugênio também foi a causa de nossa mudança de Paris, pra uma cidade pequena e montanhosa, onde o ar era melhor pra seus pulmões tão afetados. Nos mudamos pra Dijon onde a vida desacelerou e passamos a ter uma vida pacata e calma. Nos afastamos da corte e seus bailes, assim como de pessoas e suas curiosidades a respeito de tudo que nos envolvia naquele momento.

Hoje, não me imagino mais morando na agitada Paris. Aqui eu era feliz, tinha lembranças felizes, minha casa era um lar novamente, tinhamos espaço de sobra. Poucas pessoas sabiam nossa localização, assim tinhamos também poucas e boas visitas, contadas nos dedos.

Aqui eu criei o muro em volta do meu coração, me protegi e voltei a ser a Luísa dona da minha vida, uma Luísa que tentava todo dia ser forte novamente, mas ainda uma Luísa que morria de saudade deles. Todos os dias.

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