[ Pedro ]
- Com o seu perdão meu pai, mas o senhor está horrível! - escuto Isabel falar ao abaixar sua xícara, assim que entro na sala de jantar.
- Eu, eu não dormir bem noite passada! - me limito a dizer.
- E quando é que o senhor dorme?
- Isabel! - escuto meu genro Gastão falar baixo, olhando pra esposa.
- O que? Ele não dorme! - ela limitasse a dar de ombros e me olhar.
E eu nada falo, porque não tinha o que falar ou negar ali. Há anos que eu não sabia o que era dormir mais do que 2, 3 horas em uma única noite. Mas não gostava de ser o foco das atenções, nunca gostei.
- A Condessa voltou pro Brasil. - falo de uma vez só.
Vejo Gastão me olhar e Isabel se engasgar com o chá que tomava.
- Luísa? Nossa ... nossa Luísa? - ela me pergunta com um sorriso.
- Sim, a Condessa de Barral! - falo
- Por que ela não avisou? Por que ela não ...
- Isso e o por que ela também foi embora sem uma despedida, você terá que perguntar diretamente pra ela. - falo.
- O senhor falou com ela? A viu?
Respiro fundo.
- De longe. - minto. - Vi Justina e Dominique mais cedo na praça.
- Dominique! Nossa ele deve está um rapaz! Quase um homem já! - Isabel fala com um sorriso. - Lembro que quando Luísa se foi, ele deveria estar com uns 11, 12 anos.
- Sim, ele cresceu bastante! - me limito a dar um sorriso.
- Será que ficaria feio se eu aparecesse pra uma visita? - Isabel fala.
- Mon amour, se acalme! Esperre a Condessa lhe mandar um bilhete, ou algo que ela lhe avise que chegou! Ela passou anos na Eurropa, deve ter muitas coisas pra organizar.
- Pela primeira vez tenho que concordar com Gastão, minha filha! Espere a Condessa querer nos deixar saber que ela chegou. - eu sinto uma coisa ruim em meu estomago. - Se me dão licença, eu tenho uns papéis pra revisar no gabinete.
- Mas papai o senhor nem comeu nada e ... - não escuto o que Isabel tinha a dizer, continuo meu caminho.
Me jogo na cadeira mais próxima, levando minhas mãos até a testa, massageando. Eu estava cansado, exausto pra ser mais sincero. Queria poder dormir uma noite inteira, ou até mesmo um dia inteiro se fosse possível. Mas não conseguia.
Não sei quanto tempo se passou, mas uma batida na porta me assusta.
- Pode entrar.
Isabel passa pela porta carregando uma bandeja.
Já seria hora do almoço?- O senhor precisa comer! - ela fala colocando a canja em minha frente. - É de galinha! Sua favorita! - seu sorriso é doce, e me lembra muito minha pequena Isabel, minha menininha.
- Eu estou um chato não é mesmo? - falo retribuindo seu sorriso.
- Só um pouquinho! - ela sorri de volta, beijando minhas mãos. - Come!
- Você devia estar na sua casa, cuidando dela, aproveitando seu casamento filha! Não aqui com um velho rabugento numa casa enorme, vazia e fria!
- Primeiro que o senhor não é velho! Segundo, que eu amo a Quinta. Foi aqui que eu tive os melhores momentos da minha vida papai. Cresci, corri, brinquei. Conheci Luísa, passei os melhores anos ao lado dela, aqui também que tenho as poucas lembranças de mamãe, das minhas brigas com Dina. - sorrio junto com ela. Que saudade de Dina! Ela estava há quase 1 ano na Europa. - Eu não me importo senhor Pedro! Não me importo de ficar aqui com o senhor!
VOCÊ ESTÁ LENDO
• Au Revoir •
RomanceUma pequena loucura que se passa após o término Pedrisa. Se eles dissessem não, mas o destino dessisse sim! E um novo pequeno inesperado viesse confirmar isso?