• Pierres •

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NA// antes de tudo e mais nada, não me matem! Lembrem-se que esse homem sofreu então não associa que nada bom possa ser ligado a ele.
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O Rio de Janeiro continuava igual, quente, com seus barulhos característicos, e suas noites com músicas no velho cassino hotel de Quinzinho. Ele por sua vez parecia ter dado um pouco mais de sorte na vida após a chegada e seu casamento com Vitória, ela parecia saber administrar bem o negócio.

Havíamos desembarcado no porto naquela manhã, havia sido uma viagem relativamente calma, e o dia se seguiu com descobrir os móveis e fazer uma pequena limpeza na casa. O clima e a mudança brusca de horário haviam pego meu pequeno Pierre, o mesmo passou o dia enjoado, cansado e agora a noite se recusou a dormir em seu quarto. Era sua primeira vez fora da casa que ele sempre conheceu, pra um primeiro dia era normal. Ele só tinha 4 anos, era cobrar demais de uma criança.

Ele estava aqui, dormindo grudado em meu peito enquanto aliso seus cabelos, que finalmente haviam ganhado um corte. Tanta coisa ia mudar na vida dele, na minha, na de Dominique, que eu não negava o medo que estava sentindo. Ninguém do Brasil sabia da nossa vinda, mas agora podia suspeitar que alguns já sabiam da nossa chegada.

- Mãe? - a voz de Dom seguida por sua cabeça aparecem na porta de meu quarto. - Ainda acordada? - ele me pergunta já entrando, olhando pro irmão adormecido ao meu lado e indo se deitar do outro, também colocando a cabeça sobre meu peito.

- É a noite dos filhos dormirem com a mãe? - pergunto com um sorriso, alisando seus cabelos da mesma forma que fazia com Pierre.

- Não consigo dormir. Acho que tem muito do horário e também estranhei a cama! - ele fala e vejo seus dedos fazerem um carinho na mãozinha do irmão.

- Vou confessar que também estranhei! Tantos anos sem vir aqui, e sem planos pra voltar. - falo com um suspiro.

- Eu estranhei quando a senhora disse que viríamos, não imaginei que fosse querer vir pra cá de novo.

- Eu precisei! Tenho uma coisa pendente aqui ainda. E, bem, eu não podia resolve-la por carta!

O vejo se remexer e seus olhos encontrarem os meus.

- É sobre o pai do Pierre? - ele me pergunta de uma vez, e não consigo evitar a surpresa em meu rosto.

- Como, como assim? De onde você tirou isso?

Ele se senta na cama, mas seus olhos nunca largam os meus.

- Um pouco antes de morrer, o papai me contou. - ele fala olhando pras próprias mãos. - Ele não contou com raiva, ou pra que eu ficasse com raiva, ele ... ele me contou pra que eu ajudasse a senhora caso precisasse e também, me disse que isso jamais faria o Pierre menos meu irmao. Pra que eu sempre cuidasse dele, e o amasse.

- Seu pai não tinha o direito de jogar uma coisa assim em cima de você Dom! Você só tinha 14 anos!

- Mãe, eu não me importo! - ele fala - Eu amo a senhora, muito! E amo meu irmão! Ele é meu irmão e sempre vai ser meu irmão! E mesmo que o papai não tivesse me pedido, eu sempre vou proteger vocês dois! De tudo!

- Assim como eu sempre vou proteger vocês dois! Com a minha vida se for necessário! - falo pegando em sua mão. - Vocês dois são as melhores coisas que eu tenho!

- A senhora acha que o pai do Pierre, vai querer levar ele da gente? Por isso que está preocupada?

Ele pergunta, e eu vejo o medo que ele sente de perder o irmão.

- Não! Ele não vai querer levar o Pierre da gente! - sorrio - Vai querer ele por perto, e isso eu não vou poder negar, mas tira-lo de nós não!

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