QUATRO

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Acordei por volta das onze horas com uma claridade infernal no meu quarto, só percebi agora que a cortina era de um tecido fino, dava até para ver as casas da frente onde meus vizinhos estavam com vários fios nas mãos e duas baixas de som enormes em cima de uma picape azul escuro. Me espreguicei e fui procurar a minha mala de roupas. Por algum motivo minha roupa estava toda molhada com um liquido meio amarelo e marrom que tinha um cheiro horrível. Encontrei minha mala no meu guarda-roupa, peguei uma blusa de alcinha e um short e fui direto para o banheiro do corredor.

- Bom dia, princesa! Bora tomar café- disse Latrell, depois de entrar no banheiro comigo.

- Só vou tomar banho e já tô indo. Vira de costa ae - disse e ele logo se virou com os olhos fechados. Tirei a minha roupa rápido, para que não ouve-se nenhum constrangimento e entrei no box. A água estava fria, mas logo em seguida começou a esquenta, fechei meus olhos aproveitando a quentura percorrendo meu corpo e tirando a ressaca que persistia em ficar.

- Já chegamos nesse nível de intimidade? Há é, o pai vai fazer outra festa, tu vai ficar?

Abri um pouco o box de uma forma que mostrasse apenas o meu rosto e olhei para ele com uma cara de "Serio?" e ele balançou a cabeça em modo de confirmação.

- O velho tá fazendo de tudo pra te agradar, aproveita.

- Não fala assim dele - respondi voltando à tomar banho.

- Tá defendendo ele agora?

- Eu sou a mais velha, tô mais sequelada que você então eu TENHO esse direito, agora me deixa tomar banho em paz- disse jogando um pouco de água nele- Não, pela ae, tu sabe que merda aconteceu com a minha blusa ontem?

Latrell olhou para mim segurando o riso e disse:

- O Ethan vomitou em você - respondeu rindo e em seguida saindo. Isso explicava muitas coisas, principalmente o cheiro de lixão que tinha no meu cabelo.

Depois de um longo banho e uma hidratação digna de uma princesa, coloquei minha roupa e uma sandália qualquer e fui direto para a cozinha onde encontrei meu pai na bancada cortando alguma coisa.

- Bom dia, Cavomito - disse e rindo com uma risada de fumante.

- Serio, não ri disso, foi difícil pra cassete tirar aquele cheiro do meu cabelo - ele continuou rindo enquanto eu pegava o resto do churrasco de ontem e esquentando no micro-ondas.

- Você tinha que ver a cara do Ethan, coitado - respondi com um "Hum" e continuei comendo.

- Eu fiz panquecas pra você, do jeito que você gosta com a massa crocante - falou pegando um prato da geladeira e colocando no balcão.

- Não gosto mais de panqueca, mas valeu - percebi que ele ficou um pouco chateado, mas não disse nada. Eu realmente valorizo oque ele tem feito por mim, toda essa recepção e tal, mas essa não é a minha praia. Terminei de comer enquanto meu pai saia e entrava toda hora do quintal com alguma coisa na mão, não demorou muito para que a casa começasse a ficar cheia demais. Eram as mesmas pessoas da noite anterior, cumprimentei todos, mesmo não me lembrando da maioria dos rostos. Decidi não ficar na "Parte dois" da festa, não queria ter outro apelido com o meu nome, então peguei minha bolsa e sai de casa. Quando sai, cumprimente meus vizinhos que ainda estavam resolvendo o problema da caixa de som e fui andando meio que sem destino, tinha alguns lugares que eu queria ir, mas provavelmente estariam fechado. Conforme fui andando algumas pessoas me paravam na rua, com sempre as mesmas perguntas sobre como estava meu pai, meu irmão e minha mãe. Era engraçado, por muito tempo sempre fui reconhecida apenas por ser filha do meu pai, e isso continua até hoje. Continuei andando imersa em meus pensamentos sobre como seria na faculdade e até pensei em ligar para a minha mãe, até parar em uma quadra de basquete onde vi alguém que eu conhecia bem, meu irmão.

Por Amor // Oscar Diaz (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora