DOZE

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   — Eu não sou abrigada a entrar, só quero saber que merda você tava fazendo lá. O que você tá querendo Assombrado?
   Ele pareceu surpreso com minha mudança de humor, até eu fiquei.
   — Olha, eu vou te contar, mas não posso ficar aqui. Aqui é zona neutra, se me virem vão me matar e você também! – disse ficando mais perto de mim. Dei um passo para trás, o que fez com que eu batesse no portão e em seguida o choque fez um barulho alto, alto o suficiente para atrair latidos de cachorros e luzes acendendo.
   Agora eu não tinha escolha, se o bagulho acordade Carol e André ferraria tudo.
   — Tá bom, vai ficar ae mesmo? – disse já entrando no carro. Ele foi em seguida, com um sorriso de como se tivesse ganhado alguma coisa.
   Deu a partida no carro e fomos.
   Respira....tá tudo bem, tomei noção tarde demais. Repentinamente minhas mão começaram a tremer, tentei escondê-la no bolso da minha blusa, o que não adiantou, minha perna começou a balançar na mesma hora. Tentei me distrair olhando a janela, pensei em como as ruas estavam vazias, e porque não tinha nenhuma festa acontecendo.
   — Pra onde a gente tá indo? – conferindo a faca no meu bolso.
   — Você vai ver – disse ligando o som baixinho e abrindo os vidros.
   Finalmente senti um pouco de ar batendo no meu rosto, era como se uma tensão enorme saísse do meu corpo, e a tremedeira acabou. Aproveitei aquele momento me encostando na janela e fechando os olhos. A música combinava com andar de carro de noite, era meio triste, mas tinha um certo tom de profundidade na letra, o que me dava lembranças de relacionamentos passados....
    Depois de alguns minutos percebi um outro som, como alguém cantarolando o refrão da música.
   — Que música é essa? – perguntei olhando para ele.
   — Não conhece "It's a Wrap?" – balancei a cabeça – Mariah Carey?Dios mio, não quero nem saber o que você escuta.
   — Eu conheço sim, tá bom? Só não é meu tipo de música, não curto música natalina. E nem vem falar do meu gosto pra música– peguei meu celular no bolso – Onde posso conectar? – ele continuou olhando para mim, pegou um fio e me entregou. Conectei o cabo no celular e escolhi alguma música, alguma que tivesse a mesma vibe da que estava tocando. Coloquei "Good Days" da SZA.
   Dei play ma música e deixei meu celular apoiado na minha perna. A música foi tocando, me deixando com aquele momento de nostalgia, vivi muitos momentos bons com ele, e ruins também.....
   — É, até que é boa, mas prefiro mi Mariah.
   O olhei revirando os olhos e deixei a música rolando.
   Voltei a olhar pela janela, e só assim percebi onde estávamos, o cheiro do mar invadiu minhas narinas, o som do mar ficava cada vez mais alto, e em pouco tempo já pude ver a praia, completamente vazia e escura, apenas com a suavidade do mar e o brilho da lua.
   — Poderia ter me falado antes – disse assim que estacionamos.
   — Se eu contasse não seria surpresa.
   — Uma pena que eu já tenha vindo aqui, se não estaria MUITO impressionada – disse com ironia. Olhei para trás vendo minha faculdade com poucas luzes acessar e uma pequena movimentação. Voltei a olhar o mar, respirei bem fundo aproveitando o ar fresco, tirei meus sapatos aproveitando aquela areia quente e macia.
   — Então perdi meu tempo tentando te imprecionar?– disse do meu lado. Olhei para ele revirando os olhos.
   — Precisa de muito mais do que água com sal pra me imprecionar.
   — Ah, então você é daquele tipo.
   — Que tipo?
   — Difícil. Não se conquista fácil.
   — Conseguiu descobrir isso só com uma frase? E eu não vou ser mais uma das suas, se é o que tá pensando.
   — Se não quisesse não teria vindo – ficamos frente a frente, ele segurou minha cintura e ficou me olhando como se analisa-se cada detalhe meu, entrelaçou seus dedos em meus cabelos, me fazendo ficar arrepiado. Começou dando leves beijos em meu pescoço, me segurando cada vez contra seu corpo. Levantei minha cabeça, ele foi se movimentando até meu queixo e finalmente até minha boca, no começo o gosto de cigarro incomodou um pouco, mas com o tempo em que nossas línguas se movimentavam finalmente senti a sincronia de um beijo macio e confortável, como se tivéssemos necessidades um do outro, como se não precisaremos de mais nada. Ele foi me empurrando até o capô do carro, suas mãos já não estavam mais em meu cabelo. Senti uma mão quente em minha barriga que foi subindo, como se quisesse tirá-la, e indo até meus seios.
   — Não.....não tá certo, que merda eu tô fazendo – me afastei dele – não é pra isso que vim aqui. O que você foi fazer na casa do André?
   — Sério isso? – balancei a cabeça como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Me olhando confuso ele acendeu um cigarro.
   Minha respiração estava falha, tentei voltar ao normal e limpei minha boca com a mão.
   — Chica loca – disse dando mais uma tragada. Fingi não ouvir nada e esperei ele se explicar – E por que isso te interessa?
   Respirei forte tentando pensar em alguma coisa, se eu dissesse a coisa certa talvez conseguisse tirar a verdade dele.
   — Porque você é um criminoso!
   — Se eu sou tão perigoso assim – seu jeito de falar já não era mais tão calmo. Antes era como se estivesse fazendo de tudo para me levar para a cama, e agora.... – Por que você tá aqui? Pelo o que eu sei você quem me mandou mensagem foi você, não foi?
   — É! Mas não sou eu o idiota que não tá me levando a sério e só fica com gracinha PRA ME LEVAR PRA CAMA!! – sem pensar duas vezes eu o empurrei, o que não causou nenhum impacto nele, por ser mais alto e fisicamente mais forte. Percebendo o que tinha feito me retrai para trás e encostando na faca que estava em meu bolso. Ficamos nos encarando alguns segundos, ele com uma cara de raiva, um pouco estranha e engraçada, e eu quieta com a mão ainda perto do bolso. Vi seu olhar seguir minha mão, a pequena faca de cozinha estava marcada na minha coxa, o que me causou um desconforto e até mesmo um "Ai" sem querer. Percebendo o que ele achava que eu ia fazer, se aproximou de mim tentando pegar meu braço. Me afastei indo para trás com medo de sua ação. A essa altura ele não parecia com raiva, era difícil saber o que estava pensando.
   — Camila, me dá essa faca!
   Quando dei mais uma esquiva para trás percebi pequenas pedras ao redor, e então.
   — MERDA – uma pedra maior que as outras apareceu sem que antes eu olhasse para trás, fazendo com que eu caísse e a faca cravasse em minha coxa. Uma dor intensa começou junto com sangue escorrendo da minha perna até a areia, formando uma pequena poça.
   — AI MEU DEUS. MERDA, MERDA, MERDA – disse colocando a mão em minha coxa.
   Assombrado se aproximou de mim no mesmo estante, o choque tomou conta de mim e não me preocupando com a sua aproximação – Tá doendo muito? – respondi que sim, minha respiração já estava muito falha me impedindo de pronunciar algumas coisas. Ele examinou o local, sem coragem de olhar fiquei encarando o nada, pela sua expressão não estava nada bem – vem, eu te ajudo a levantar – ele me levantou com muita facilidade, tentei firmar meus pés na areia, mas foi em vão, era como se eu não sentisse mais nada na minha perna esquerda.
   Percebendo minhas falhas tentativas, me pegou no colo, o que causou mais dor, vi um clarão preto e minha cabeça foi jogada para trás com o peso da gravidade. Assombrado ficava tentando falar comigo, coisas como "Camila, CAMILA fica acordada" "acorda" "A gente já ta chegando". De relansse vi seu rosto mais firme, mas ainda assim com um ar de preocupação, ele estava ofegando, pois estava correndo comigo. Fiquei assim ate perceber uma movimentação diferente no meu corpo. Fui colocada sentada em um lugar com cheiro de couro e macio como um, estavamos no carro. Abri meus olhos e evantei minha cabeça com uma força sobrenatural, o vi de frente a mim...sem camisa? Olhando bem, vi que ele tinha rasgado meu short e feito uma tala emprovisada com a camiseta, a apertando com toda a sua força. Não vi a faca, provavelmente caída em algum lugar na areia. Um ecstase estranho começou, e o que antes era uma dor insuportável já não estava lá, algumas lágrimas caíram do meu rosto enquanto ele apertava.
   — Ei, tenta ficar consciente, olha pra mim, tá bom? – pode deixar que eu vou – A faca não chegou a ir fundo, mas mesmo assim vai precisar costurar. Que porra você tem na cabeça? – disse olhando para mim.
   — Costurar?! Puta merda, me mata logo – disse com um tom choroso.
   — É de confiança, você vai ficar bem.
   — Desconfio dessa sua "confiança". Aí, aí!! Tá bom, vai logo – ele ajeitou minhas pernas no banco, cuidadosamente, e logo fechando a porta correu para o banco do motorista.
   — Cadê meu tênis?
   — Você tá quase morrendo e tá preocupada com seus tênis? Eu pego eles depois.
   — Duvido muito. Tem como ir mais devagar?! – disse quando passamos por uma lombada.
    — Você tá muito tranquila pra alguém que tá perdendo sangue – olhei para o machucado e ainda sangrava muito. Meu estômago deu um embrulho e minha pressão voltou a cair. Minha mente começou a delirar, vendo lembranças antigas e recentes....e naquela noite.


Esse capítulo não ficou como eu queria, não era para terminar nessa parte mas como já estava atrasado(era pra sair domingo) resolvi postar assim mesmo, mas espero que gostem e prometo melhorar no próximo. <3

Por Amor // Oscar Diaz (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora