SETE

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   — Ahh.. ehh...Sabe a nova lanchonete nova? Então éhhh... perto... – percebi que ele ficou um pouco desconfiado mas não questionou. Continuamos o trajeto sem falar nada. Eu com meu cigarro, e ele dirigindo. Eu ainda estava tensa, tinha medo do que ele poderia fazer se descobrisse, mesmo tendo conhecido um lado mais sensível dele, ele ainda era um chefe de uma gangue.
   Depois de ter enrolado muito e me confundir pra cassete onde era o lugar, finalmente chegamos. Estacionamos na frente casa com um portão verde e algumas plantas cobrindo ele.
   Saímos juntos do carro, ficando em frente ao portão.
   — Você mora aqui? – disse ele me olhando sério.
   — É, Por que? – tentei fazer cara de confusa, mas o nervosismo não ajudava.
   — É a casa de um ex companheiro da gangue – falou cruzando os braços e ficando com a mesma cara de sério, mas agora como se fosse me interrogar.
   Meu cérebro simplesmente parou de funcionar. Tentei parecer normal e falar a primeira coisa que apareceu na mente.
   — El-le é meu primo... Tô passando uns dias na casa dele... porquê é como eu disse, meu pai é um cuzão– tentei dizer em um tom descontraído.
   Ele pareceu convencido, sua postura de "macho alfa" já não era mais visível, então dei um sorriso e me direcionei ao portão da casa, ele fez o mesmo, mas antes que eu batesse no portão, segurou meu braço me colocando frente ao seu corpo, segurando meu rosto e me dando um beijo. Me despedi dele não conseguindo esconder um sorriso bobo. Ele entrou dentro do carro me esperando entrar, percebi que ele também estava sorrindo.
   Bati no portão umas cinco vezes antes de alguém finalmente aparecer, e pra minha sorte, foi minha prima. Estava sonolenta, o cabelo bagunçado e uma camiseta larga que ia até os joelhos, quando me viu arregalou os olhos e depois olhou para Assombrado, como se realmente fosse uma assombração, acenou com a cabeça logo em seguida me puxando pelo braço para dentro do quintal(que pra uma mulher grávida doeu pra porra).
   — Mas que por...
   — Cala a boca — disse curto e grossa fechando o portão e ainda me segurando pelo braço até dentro da casa.
   Entramos direto na sala. Não tinha muitos móveis, parecia que tinham acabado de se mudar, do lado direito era a cozinha, com poucos armários, uma geladeira pequena e apenas uma bancada como mesa. Seguindo reto, dava para um corredor que parecia ser os quartos.
   Me soltei dela indo me sentar no sofá.
   — Você só pode estar louca, Camila!
   — Tô começando a acreditar que sim.
   — Tem noção do que tá fazendo? É claro que não! Você já percebeu quem é ele? O chefe da gangue dos Santos, o homem por quem seu pai tem mais desprezo no mundo.
   Quando terminou de falar um homem apareceu, aparentemente tinha acordado com o barulho.
   — Tá tudo bem, Amor? – falou se aproximando de Carol e dando um beijo em sua testa, ele não tinha me visto ainda.
   — Tá, tá sim. Só estou falando com a minha prima – disse apontando para mim com a cabeça.
    Olhou para mim com um sorriso tímido e me cumprimentou com um beijo na bochecha. Quando se afastou vi que ainda tinha algumas tatuagens meio apagadas, que iam do peito até a barriga, a mais visível era uma do lado esquerdo do braço com um coração escrito "Madre" e uma lágrima de baixo do olho também esquerdo.
   — Finalmente tô te conhecendo. Carol não parava de falar de você desde que soube que ia voltar – disse indo pegar água na geladeira.
   — André, meu amor, estamos falando sobre algo MUITO sério, então por favor! – Carol o olhou com se a qualquer momento fosse pular em cima dele. Terminou de tomar a água e levantou os braços em forma de rendimento, voltou para o cômodo de onde tinha saído.
   — Você vai dormir aqui hoje, e amanhã a gente conversa, entendeu!?
   — Eu posso tentar me explicar pelo menos?
   — NÃO! – disse saindo batendo os pés, logo em seguida voltando com uma coberta e travesseiro – Eu estou sendo bem bouazinha, porquê se não você dormiria do quintal.
   Ela saiu sem dizer mais nada e apagando a luz. Fiquei no escuro refletindo onde é que estava aquela Carol doce e gentil com o jeito de tiazona do pavê que tinha me recebido quando voltei. Mas ela tinha razão, eu não sei onde estou me metendo.
   Me deitei no sofá, que era um pouco desconfortável, desbloqueei meu
celula visualizando todas as mensagens que meu pai e meu irmão mandaram, mas não respondi nenhuma, já era o suficiente pra saber que eu estava viva. Desliguei meu celular e fechei meus olhos tentando entender oque tinha acontecido, era como se tudo estivesse vindo de uma vez só.
   Percebi um outro lado da história, o lado em que eu estava me envolvendo com alguém extremamente proibido, que nunca daria certo.
   Não consegui dormi direito, pensando nele.

Por Amor // Oscar Diaz (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora