Jogo de emoções

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   Theo arregalou os olhos ao ver Liam vomitar. Fazendo uma careta, esperando que o beta acabasse para ir ajudá-lo.

  — Você está bem? – pôs a mão sob as costas do Dunbar. Liam se manteve inclinado, tentando evitar qualquer contato visual com Theo.

— Aham – foi guiado para fora do elevador. Theo apenas encostou Liam em uma parede, deixando o beta se sentar no chão.

   O Raeken se agachou em frente à Liam, parecendo assustado. O Dunbar manteve o olhar baixo, sentindo uma culpa sem sentido por ter vomitado.

— Tem certeza? – perguntou vendo o beta assentir com a cabeça — Fica aí, vou ver o que eu faço com aquilo – Theo falou ainda um pouco perdido, mas tentando não rir.

  Liam apenas se encolheu no canto, agradecendo por não ter ninguém nos corredores naquele horário. Seus dedos frios se entrelaçaram um no outro, seu olhar foi direcionado às mãos. Liam olhou ao redor depois de um tempo, e por não ver Theo ali, apenas se levantou e foi se arrastando pela parede até o quarto.

    Mas bastou entrar no quarto, pra voltar ao chão de alguma outra parede. A cabeça de Liam doeu, então ele fez algo que pensou que nunca mais faria .

— O sol, a lua e a verdade – apertou os olhos, querendo se concentrar em se recuperar e ficar livre do resto dos efeitos da bebida.

   Liam respirou fundo, apertando os olhos com mais força, agora desejava que os últimos minutos fossem também parte da alucinação. Mas assim que abriu os olhos, uma imagem perfeita do homem se formou à sua frente.

   Theo estendeu a mão, Liam a segurou. Bastou suas mãos se tocarem para uma onda fria percorrer o corpo de Liam. Theo estava ali, aquilo afetava ele mais do que imaginava. Talvez porque no momento eram tudo, além de olhares, além de relações frágeis, mais do que qualquer toque suave ou imaginação. Mas parando pra pensar, também eram apenas conhecidos com sentimentos, restos de um passado buscado, um momento pedido, sendo que um era dono de rosto amado.

   E Theo pensava que poderia amar Liam sem incomodar ninguém em outra vida, mas a verdade é que eram uma arte de gritos e empurrões, o verdadeiro jogo emoções. Não tem como esse tipo de amor não incomodar. Não eram uma pintura em exposição junto a muitas outras. Condensado pelo famoso: “Aquilo que não entendemos devemos esquecer”. Eles eram um quadro, não esquecido mas sim guardado, e só depois de muito revirar e checar, pararam de se analisar como mais um bobeira da própria mente, e acabaram desvendado os próprios mistérios, porém era tarde demais as tintas já devia ter secado.

    Mas e se, diferente de tudo e todos, a tinta ainda estivesse fresca? Ainda querendo ser usada. A tela ainda não está completamente preenchida. Retoques podiam ser devidamente dados. Borrões? Não importava, até erros podem ser belos.

   Liam suspirou ficando de pé, deixando o ar escapar quando um sorriso surgiu modelado por sua vaga vergonha. Theo se perguntou como a mente dele podia ser tão capaz de imaginar aquele sorriso. Era exatamente assim, mas receber foi de uma intensidade que fez Theo lembrar de como amar Liam podia afetá-lo de uma maneira profunda.

  Seus pés ainda deram passos causados pela força de Theo ao ajudar ele a levantar, mas nada que Liam não conseguisse conter.

— Ah, eu... – sentiu que deveria dar uma explicação sobre seu estado.

— Eu sei como o álcool funciona, Liam – Theo falou quando viu que o beta se enrolava. Liam apenas abaixou a cabeça, ficando mais envergonhado — Achei que tinha ficado com trauma...

— Acho que não dá pra ter trauma do que eu não lembro – Liam falou erguendo o olhar.

   Era estranho, depois de esclarecer boa parte do que sentia em sua própria cabeça, era estranho ainda mais não poder prosseguir com aquilo.

Thiam - Mais Que OlharesOnde histórias criam vida. Descubra agora