71| A Menina e O Menino

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Caveira;

Dia 1

Bela me contava várias histórias, todas as noites. Eu sabia que em algum momento ela iria repetir uma das histórias e eu ouviria como se fosse a primeira vez, porque ela fazia até as coisas mais conhecidas soarem diferentes

Mas uma delas, a histórias da caveira apaixonada, essa eu sei que ouvi uma vez...

Em um vilarejo no de uma montanha inalcansavel a beira de uma praia congelante e cercado por uma floresta de espinhos existia um garoto e também existia uma garota e outras pessoas figurantes sem nenhnuma importância
Para o garoto existia ela
Para a garota existia ele
Sendo assim, não importava a prisão que nasceram, o lugar que pretenderia seus sonhos pela eternidade que vivam pois até mesmo a pior das vidas valeria a pena pelo outro
A garota amava o sorriso do garoto
O garoto amava os olhos da garota
Eles se amavam
Eles se namoravam
Eles se amavam no outro sentido da palavra
E eles namoravam além do símbolo de relacionamento
Os deuses daquele inferno tinham inveja daquele paraíso que habitava o coração daqueles jovens
Foi quando no vigésimo primeiro dia do penúltimo mês do ano, ao som de uma chuva forte, com as ondas de gelo batendo na costa, a menina e o menino se abraçavam a proteção de uma árvore oca mas forte, a menina sentiu em seu coração que sentia amor que aquela chuva não passaria
O menino sentiu em seu coração que sentia amor que aquela chuva passaria e levaria algo precioso
Eles sentiram coisas diferentes um pelo outro no primeiro dia de chuva até o décimo quinto dia
Ela sentiu saudade
Ele sentiu medo
Os deuses anunciaram, aquela terra seria castigada até que o amor tivesse fim, pessoas começaram a morrer, a comida começou a estragar, o mar levantava a cada dia, na montanha escorria a água fervendo e pelas florestas animais selvagens nasciam
Tudo os perseguia e a menina sabia o que fazer no vigésimo dia de chuva eles compartilhavam o mesmo sentimento, a perda!
Ela o beijou, o abraçou, o amou e pulou
Fundo e frio no mar, se despedindo do seu amor durante todo o trajeto do fim de sua vida
Quando seu coração parou a chuva cessou, quando o garoto olhou para o mar viu que ela primeiro vez não tinha gelo ali, era um caminho de liberdade
Quando olhou para trás viu sua árvore oca, viva e com o formato de sua amada no tronco abaixo das flores vermelhas vidas destacadas naquele cinza
Ele seguiu até ela, a cada passo um pedaço de sua pele escorria para o chão, seu amor estava morto, seu corpo não queria aquela realidade, seus órgãos furam apodrecendo, seu sangue secando, seus cabelos caindo, quando finalmente alcançou sua garota ele não era mais um garoto, ele era uma caveira
Um viúvo, um símbolo do que a perda faz com um pobre coração
Todos do vilarejo foram embora pelo mar livre, mas a caveira permaneceu com um coração batendo diante do corpo do seu amor
Os pássaros fizeram ninhos nele e vida nasceu ali, ao redor tudo se transformou no paraíso semelhante ao de seus corações, mas ali existia a maior tristeza da terra a vida sem vida
A garota amava os sorrisos do garoto mas agora ele era uma caveira, não sorria mais
O garoto amava os olhos da garota mas agora ela estava morta, eles não se abriam mais
O fim foi esse, sem nenhuma explicação ou moral, é apenas uma história triste com um final patético que jamais vai apagar a beleza que existia no interior que era capaz de mudar o exterior

BELA| A Garota dos Cigarros de Menta!Onde histórias criam vida. Descubra agora