50| A Menina e os Cigarros

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Eclipse;

-Você sabe que isso vai acabar não sabe?- levanto o meu olhar para encontrar Ângelo apoiado na porta segurando uma garrafa qualquer de uma cerveja ruim que não valia o preço, sua expressão era seria era o que mas me chamava atenção na imagem do meu gêmeo, ele estava quase impenetrável, eu sabia bem que aquilo significava que por dentro ele estava se despedaçando, mas sua cabeça muito masculinizada não o permitia transparecer tamanha fraqueza...

Acompanho seus movimentos até ele se senta ao meu lado no banco de madeira da varanda, pego a garrafa com minha mão livre e tomo um pequeno gole comprovando que o gosto era terrível como acetona velha

-Não quero falar sobre isso a...- ele não me deixa terminar a falar e já me corta de forma impaciente

-Não tem essa opção, Adam já está com quase dois meses acha mesmo que David vai se comover com as fotos da sua família perfeita e te deixar ser feliz pra sempre? Você não pode esquecer que somos os herdeiros do submundo do crime, e se não fosse a sua gravidez com certeza nada planejada estaríamos presos com ele treinando para assumir esse posto de merda a bastante tempo- coloco Adam no carrinho ao meu lado arrumando seu macaquinho rosa bebê com desenhos de leões pequenos, esse foi um belo presente do seu padrinho Evan

Ficava tão feliz de ver como meu filho estava crescendo lindamente

Ele tinha um sono regulado, uma risada fofa, o costume de dançar com Rocky todas as noites, gostava de dormir apoiado da minha barriga, e se alimentava muito bem apesar de tudo... Nas primeiras semanas de vida do meu leãozinho o meu leite começou a secar, lembro do sentimento de desespero que eu tive quando tentava fazer o maldito leite sair, nada adiantou, eu era seca! Me sentia tão mal quando essa lembrança voltava a minha mente, meu peito ainda dói quando me lembro que naquele dia tentei várias vezes dar de mamar para meu filho e só ouvia seu choro, ele chorava de fome e eu não era capaz de suprir isso, foi agonizando, Rocky o tirou dos meus braços praticamente a força enquanto Evan me abraçava com um maldito olhar de pena, quando vi o loiro entregar uma mamadeira a Adam eu entendi... Entendi que não era capaz de ser uma mãe descente a ele, em tão pouco tempo de vida meu filho largou completamente esse laço comigo! Sua vida não dependia mais de mim, e sim de um leite horrível que vinha de uma lata de supermercado

-Ângelo eu não quero falar disso agora, da pra entender que eu estou querendo aproveitar a minha família enquanto ainda posso?- ele me olha soltando uma risada tosca, insuportável enquanto pega um maço no bolso da calça; ah não!

Ele pega um cigarro e prende nos lábios com calma, como se não se importasse em me torturar daquela forma, seus dedos pouco ágeis puxam um esqueiro azul com desenhos de peixes do mesmo lugar e acende fazendo um escudo com a mão para facilitar o processo de fazer seu vício queimar como o fundo da minha alma; vendo tudo aquilo só desejava dar um soco em seu rosto e roubar aquela maço pra mim! Eu mataria todos aqueles cigarros em poucas horas, de três horas com toda certeza não passaria 

-Infelizmente irmãzinha, você não pode mais...- ele solta a fumaça que vai como um ímã para o meu rosto, puxo toda a maldita fumaça para meus pulmões querendo matar o que estava me matando, mas meu corpo queria mais que isso; bem mais!

Tento ignorar, forçando minha mente a entender que por mais falta que essa merda fizesse a mim, eu era uma boa mãe e tinha que resistir, olho para o lado de fora analisando a minha família

BELA| A Garota dos Cigarros de Menta!Onde histórias criam vida. Descubra agora