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            Wei Wuxian passeava pelos Recantos da Nuvem evitando grandes aglomerações, mas era inevitável não reconhecer os olhares e cochichos que algumas pessoas faziam umas com as outras. Apenas buscava uma oportunidade de deixar seu bebê receber um pouco que fosse da luz solar quando esta resolvia aparecer entre as nuvens. Ele parou de andar um pouco e sentou-se em uma das passarelas de madeira enquanto tudo parecia mais calmo, A-Yuan tinha seus olhinhos abertos encarando o pai enquanto tentava morder o próprio punho.

– Criatura, ainda bem que você parece o Lan Zhan, se fosse que nem eu estaríamos todos perdidos.

       Alguém silenciosamente veio até a raposa, ao ver o bebê olhar para cima e quando Wei olhou para o lado viu botas brancas impecáveis, ergueu a cabeça até vislumbrar Qiren parado ali. Rapidamente levantou-se e curvou-se levemente em sinal de respeito.

– Olá Mestre Qiren.

– Olá, não te vi no café da manhã, aconteceu algo?

– Apenas dormi muito, o A-Yuan demorou a dormir, sentiu muita falta do Lan Wangji.

– Eu cuido do meu neto, pode ir até a cozinha ou dar uma volta pelos Recantos da Nuvem. – Qiren se ofereceu.

– Mas e se ele chorar ou ...

– Eu praticamente criei meus sobrinhos, não se preocupe eu sei me virar, além disso faz anos que não temos uma criança aqui.

          Wei ponderou um pouco e passou A-Yuan para o Lan mais velho, a criança até gostou sobretudo de puxar a barba do homem.

– A-Yuan, nada de traquinagens garoto.

          Qiren seguiu para a sua residência, enquanto Wei foi procurar algo para comer mesmo que estivesse fora dos horários de Gusu. Ao chegar à cozinha lhe foi imediatamente dado uma bandeja de madeira com alguns alimentos.

– Lan Wangji instruiu a deixar sua refeição separada já que possivelmente você iria acordar tarde. – O cozinheiro explicou para a raposa.

– Obrigado.

        Wei procurou uma mesa e começou a comer, enquanto isso sua mente vagava em torno da segunda jade. Este tinha ido a uma conferência na Mansão das Quatro Estações e certamente voltaria em 2 dias, mas para a raposa isso parecia muito, já estava acostumado a invadir o ninho do dragão e usar A-Yuan como desculpa para dormirem juntos. 

– Você que é o companheiro do Lan Wangji? – Alguém questionou fazendo Wei engasgar pelo susto.

        Nem havia notado a chegada da outra pessoa, o que estava sendo bem frequente.

– Desculpa, não era para te assustar. 

– Tudo bem. Já estou entre os vivos de novo. – Wei brincou após desengasgar.

       O menor estendeu as mãos à frente de seu corpo em um arco e curvou-se segurando o leque entre suas mãos.

– Aliás eu sou Nie Huaisang. 

– Olá, eu já te vi por aí. Eu sou Wei Wuxian. Sente-se. Seu clã não costuma cultivar com sabres?

– Sim.

– Onde está o seu?

        O jovem abriu o leque e escondeu a face por trás dele.

– Entendi, você não gosta da cultivação com sabres.

– Não conte para o meu irmão, ele arrancaria meus chifres. – Huaisang pediu enquanto acariciava seu cornos.

        Dava para perceber o quanto o Nie gostava de dar valor à sua aparência, tudo nele despertava elegância. Wei tinha certeza que aquele coitado mal saberia como usar um sabre corretamente, a julgar a forma como tinha tinta na ponta das mangas da roupa o garoto deveria ser devoto às belas artes e talvez à astronomia.

Egg (WangXian)Onde histórias criam vida. Descubra agora