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       Wei aproximou-se mais da pintura e a examinou bastante.

– Você me perguntou antes. Sim, quando ela foi levada e recebi a notícia da morte de vocês, eu quis morrer, eu certamente faria, mas os meus sobrinhos eram apenas crianças que tinham ficado sem ninguém. – Qiren explicou ainda observando o quadro.

       Wei sentiu uma angústia apertar-lhe o peito. Ele nem sabia exatamente o porquê, mas parecia que algo iria explodir dentro dele e ele chorou. Sem explicação ele abraçou Qiren que de imediato não soube como reagir, contudo ergueu os braços e aceitou aquele contato.

      Uma onda de calor o aqueceu e ele pode sentir pela primeira vez o contato direto com seu filho. Seu pequeno Lan estava de volta para o seu lar, nos braços da sua família.

   Um pequeno choro interrompeu aquele momento os fazendo se afastarem, Wei rapidamente enxugou o rosto e saiu rápido dali, seguiu até seu pequeno filhote que movia as mãozinhas tentando alcança-lo.

– Oi meu bebê. Papai está aqui.

      Quando Wei o tocou ele estava quente e aquilo o assustou.

– Meu pequeno, acho que você está doente. Deixe que eu cuido disso.

       Wuxian estendeu a mão e passou a transmitir energia para a criança, mas nem aquilo reduzia a febre. Lan Qiren lhe trouxe uma toalha molhada e levemente quente e estendeu em sua direção.

– Não é preciso energia espiritual quando o problema é um resfriado.

– Entendi.

       O resto do dia basicamente foi Wei tentando fazer o filho parar de chorar e se alimentar. O que restou nos dois dormindo mal e uma raposa de mau humor pela manhã, quem o visse diria que certamente estaria cultivando alguma arte demoníaca ou então que estava com o espírito de Jiang Cheng encarnado. O novo dia que se passou foi da mesma forma, A-Yuan não parecia muito feliz e Wei se sentia o pior pai do mundo.

      Os discípulos do clã estavam até temerosos de passar perto do jingshi, uma energia protetora os repelia dali com um claro sinal de "Não se aproxime".

      Contudo uma pessoa quebrou aquele clima e entrou no jingshi, a raposa dormia sentada ao lado do pequeno berço. Havia uma grande bagunça pelo ambiente, o Lan apenas começou a arrumar aquilo tudo e depois quando foi pegar a raposa para colocar na cama, esta acordou surpresa erguendo as orelhas e o arranhando com suas garras.

       Assim que percebeu o que tinha feito, quase todo tipo de lerdeza o deixou e ele arregalou os olhos.

– Lan Zhan me desculpe, eu tive um pesadelo e você me acordou.

           Wei segurou o braço do dragão vendo um arranhão, tapou o corte com as mãos e transferiu-lhe energia até que o curasse.

– Está melhor agora?

– Mn. – Lan Wangji concordou com um balançar de cabeça.

– Oi Lan Zhan, senti sua falta. O A-Yuan também.

       O dragão deu um pequeno sorriso e abaixou-se até observar o pequeno bebê que tinham seu pequeno narizinho vermelho.

– Ele está doente, mas logo vai ficar bem o mestre Qiren me ajudou a cuidar dele. – Contou como se lesse todos porquês nos olhos do Lan.

– Wei Ying com olheiras. – O maior observou aquilo.

   A raposa deu-lhe um olhar cínico.

– Eu sou uma mamãe agora Lan Zhan, dormir não é uma opção.

        A verdade era que geralmente Lan Wangji que acordava para cuidar do filhote na madrugada, já que Wei para acordar era só mesmo se um cachorro latisse perto dele.

         Wei se ergueu e seguiu até o ninho do dragão se atirando ali, transformando-se em raposa e caindo em sono profundo. Lan Wangji se livrou de todo excesso de itens e vestes, posteriormente esticou-se convertendo-se em um forte e grande dragão. Seu filhote pareceu seguir a mesma intuição dos pais, posto que também virou uma pequena bolinha de pelos. Wangji apenas abocanhou o filhote pelo couro do pescoço e o levou para o ninho.

   Enrolou-se ao redor dos dois formando um bloco de proteção. Três seres totalmente diferentes, mas uma linda e amorosa família.

       Quando acordou Wei percebeu um grande ser que o mantinha preso, analisou deliberadamente aquele dragão que somente agora poderia ver com todos detalhes.

       Wangji tinha extensas escamas que pareciam brilhar como cristais quando era refletido pelo mínimo de luz que fosse. No topo de sua cabeça havia longos chifres que pareciam esculpidos em gelo. Quanto ao seu tamanho, Wei não tinha precisão, mas a julgar pelas voltas que ele dava no ninho poderia dizer que era maior do que podia pensar algo próximo aos 2,5 ou 3 metros.

       A raposa observou o filhote aninhado junto à sua cauda, então permitiu que as demais se mostrassem e o acomodou melhor. Enfim, voltando a dormir novamente.

         A noite transcorreu tranquilamente, mas quando deu 5 da manhã Lan Wangji acordou e seu filho seguiu a mesma rotina, resolvendo que seria uma boa ideia brincar com as caudas da raposa. Contudo, não se sabe como ele mordeu uma delas fazendo com que Wei acordasse em um pulo.

– Yun! YUN! Yun!

   A raposa sacudiu suas caudas e ocultou deixando só uma, depois mordeu o filho pelo pescoço e pulou do ninho. Levou-o até o berço e depois voltou até o dragão que em tese já não era mais um dragão, na realidade Lan Wangji estava nu e de costas.

   Wei observou aquela graciosidade e percebeu que a bendita fita ainda estava na testa, além que o Lan não ocultara seus chifres e nem sua longa cauda.

   O maior virou de frente e ao notar a presença da raposa puxou rapidamente as vestes para se cobrir, já Wei escapou para outro cômodo. O coração da raposa parecia que ia saltar, aquilo não era um pau, era uma pilastra.

      Se ele for mesmo companheiro de Lan Wangji nunca que ele iria permitir ser passivo. Não iria mesmo, ao menos era o que pensava.

       Wangji arrumou-se e saiu, voltando algum tempo depois com o café da manhã da raposa. Foi recebido por duas criaturas peludinhas ora rolando pelo chão ora pulando um no outro.

– Wei Ying!

    A raposa grunhiu e correu para outro cômodo voltando algum tempo depois em sua forma humana e vestido com um robe branco. Lan Wangji estava sentado acariciando o pequeno filhote, quando a raposa retornou e se sentou, em seguida começou a comer observando a interação dos dois.

– Lan Zhan?

– Mnn? – O maior indagou em um simples som vocal.

– Você sentiu nossa falta?

      O dragão assentiu e com cuidado puxou um embrulho de debaixo das suas vestes. Wei o recebeu e abriu vendo se tratar de uma linda flauta negra, em sua ponta pendia um amuleto vermelho.

– Que linda Lan Zhan, vou chamá-la de Chenqing! Obrigado!

     A raposa se lançou sobre o dragão para que este o segurasse, só não contava que seria recebido com um beijo.

Egg (WangXian)Onde histórias criam vida. Descubra agora