VIII

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Binghe não sabia o que houve depois que cortou ao meio o fundador dos mundos, mas se viu sendo devorado por ele enquanto ele proferia 3A84H30M. Xin Mo estava fora de seu alcance e não podia mais voltar para seu castelo no mundo demônio e constatar Mobei-Jun e Sha Hualing do que havia feito. Se tivesse conseguido verdadeiramente destruir o destino, logo nada mais existiria, assim como ele mesmo. 

Binghe era egoísta o suficiente para sequer pensar nas outras vidas que teriam o mesmo destino que sí. Seu propósito estava cumprido, afinal de contas.

  Ele foi cuspido em um outro mundo, e não podia convocar seus poderes demônio e nem sentir sua espada Xin Mo.

 Aquela era a Terra, o mundo dos civis comuns. Ele havia visto ela brevemente quando estava na presença daquele deus fajuto que controlava a todos por seus caprichos.

Binghe sentiu os cheiros ao seu redor e uma voz estranhamente agradável chegar ao seu cérebro.

 A voz reclamava sozinha por longos minutos, enquanto despejava o que parecia ser um líquido, que presumiu ser chá em uma xícara, e praguejava maldições sobre si. Estava inserto sobre oque fazer, e onde estava.

"Aish… Eu só arrumo problemas!" diz revoltado, se questionando em seguida "Porquê eu trouxe ele até aqui mesmo? Deveria ter o levado até a cidade..e o deixado por lá mesmo." 

"Que cruel Shen… você não é tão ruim assim, ao ponto de deixar alguém morrer moribundo. Ao menos não na sua floresta de bambu, você seria acusado de assassinado e ocultação de cadáver!" 

"De fato… isso seria ainda pior pra minha reputação na cidade. Meus amigos me casariam com uma das várias pretendentes que eles juram que tenho e me obrigariam a voltar para a sociedade... Então, que ele morra em outro lugar!" 

"Bem… eu poderia ter jogado ele montanha abaixo. Quem achasse o corpo primeiro poderia arcar com a culpa ou com a hospitalidade.- reclama novamente, bebendo o chá antes de concluir- Oras… Ao menos ele é bonito!" disse um pouco alto, para calar a discussão interna que tolava dentro de sí.

Luo que recobrava totalmente a consciência e o movimento dos membros, deu uma risada curta e respondeu a ele com um "Obrigado", que fez o homem engasgar com o chá e o olhar surpreso.

 Sua voz era atraente e agora um pouco atordoada e rouca, mas tinha aquele suavidade e calmaria fingida, como se apenas pairando no mar para em seguida ser perturbada por uma tempestade 

-Você acordou. -diz o homem suavemente, deslizando elegante até onde estava a cama onde Luo se encontrava, tocando-lhe a testa para conferir sua temperatura e aquela estranha marca vermelha em sua testa, que não saía de forma alguma- mesmo ele tendo-a esfregado diversas vezes com um pano, chegou a conclusão de que era uma tatuagem de mal gosto.

-Sim… onde estou? -pergunta Luo confuso, seus olhos enfim explodindo em gratificação por ver tamanha beleza ao despertar de forma miserável.

-Em minha casa.-responde ele, como se fosse óbvio. Luo apenas confirma com a cabeça, observando os belos olhos do outro que se afastava dos seus rapidamente, ao constatar que o outro já estava razoavelmente bem. -Mas pode ir embora se quiser. Têm um prato de comida ali em cima na cozinha, caso esteja com fome. Logo aviso que foi um dos meus alunos que fez, e talvez você morra ao ingerir... por intoxicação alimentar.

-Woow. Então você é um Shizun... -diz surpreso, rindo pequeno da afobação do outro quando o chamou de Shizun. -Obrigado… por avisar.

Shen nada podia fazer quanto àquilo. E quanto ao jovem Liu, ele era muito atencioso consigo - mesmo que de forma bruta às vezes. Eles eram quase colegas de faculdade, se não fosse por alguns anos de diferença e de Qingqiu ter simplesmente sumido como fumaça do mapa  depois que acabou na faculdade de literatura, argumentando que não queria mais ser professor, pois achou uma profissão melhor: "pesquisar" antiguidades e plantar plantas exóticas e raras em sua nova casa no alto da montanha. Foi assim que ele ficou conhecido como O Senhor do Pico, chamando atenção de Ming Fan e Ning YingYing - que o forçaram a aceitá-los como alunos. Ming Fan e Ying que como fofoqueiros que eram, entregaram sua localização para outros, atraindo um certo Liu para o torturar de vez em quando.

 A verdade é que, quem havia cozinhado dessa vez, não havia sido o assassino culinário Liu Qingge, muito menos seus vizinhos de baixo do pico, e sim ele mesmo.

E talvez - só talvez - não tenha ficado tão bom quanto o tutorial da internet tenha ensinado. 

 Tentaria não fazer um interrogatório cansativo ao recém acordado, mas haviam muitas perguntas em sua cabeça que precisavam de respostas.

Contagem regressiva para o fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora