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VI - "Aguentar? Mais ainda?"

Terça-feira, 17 de outubro de 2021;

Yun Sol's Pov

A manhã em Seul era admirável vista do meu apartamento. Pessoas indo para seus locais de trabalho e deixando os seus filhos nas creches preenchiam as avenidas com os seus carros luxuosos e refinados.

Eu tinha acabado de acordar, peguei o meu celular do criado-mudo e o desbloqueei. Olhei o horário; 8:10. Tinha acordado um pouco atrasada sim, mas nada que me impeça de chegar na faculdade antes do sinal bater.

Enquanto mexia em meu celular, à procura de qualquer mensagem vinda de Seo Jiwan, procurei algo para vestir, porque eu tinha acabado de sair da cama. Já tinha tomado meu café e uma ducha breve, mas a indecisão diante do que usar estava me atrasando bastante. 

Sem mais enrolação, peguei qualquer coisa preta daquele armário e vesti. Arrumei a minha mochila e antes de sair de casa dei mais uma breve olhada no meu celular, para checar mensagens novas. Nada de novo. 

Saí de casa e entrei no elevador, guardando o celular em meu bolso. Desci até o térreo de elevador e esperei. Por mais que soubesse que ela não iria comigo para a faculdade hoje, senti a necessidade de esperar por ela mesmo assim. Era algo tão usual que me acostumei.

Passei um tempo sentada num banquinho de parque que ficava na frente do meu prédio, onde normalmente nos sentávamos para passar o tempo. 

O tempo que fiquei lá, vegetando, me atrasou um pouco mais do que o esperado. 

~

Cheguei na faculdade e fui correndo até o depósito, aonde nossas esculturas para a apresentação ficaram guardadas enquanto estávamos fora. Eu precisava checar se tudo estava bem, e em seguida, voltar correndo para a minha sala de aula. 

Abri a porta de correr do grande depósito e procurei pela minha obra. Haviam várias, abandonadas e em andamento, de todos os formatos e cores. Precisei desviar de vários ornamentos chiques e pontiagudos até encontrar a minha escultura, União, intacta e conservada num cantinho só para ela.

Eu estava pensando em Seo Jiwan quando tive a ideia de esculpir isso. Além da história dos trilhos, gostava de pensar que éramos unidas por algo forte e resistente, como o ferro que ligava os trilhos. Mas... Talvez eu tenha sido iludida. 

Não aguento mais me lamentar, eu passo o dia inteiro sentindo coisas terríveis, que eu não sentia há muito tempo. Sei que devo conversar com ela (de novo), porém não consigo arranjar a coragem para fazê-lo. Nossa briga já está ficando repetitiva, e eu já estou ficando de saco cheio. Queria que as coisas fossem mais simples, banais e fúteis. Não queria ter desenvolvido esses sentimentos por ela, porque eles são o motivo da minha dor. 

"Não podemos controlar os nossos sentimentos". É o que dizem, não é? Bom, aparentemente, isso é verdade. E isso é uma merda.

Eu não me arrependo de amá-la dessa forma. Nem um pouco. Mas, às vezes, desejo parar de me sentir assim. Queria me livrar desse fardo, que é esconder tudo isso apenas para mim. Escondo tudo isso por simples medo.

E todos os dias a minha vontade em tê-la em meus braços aumenta. E continua aumentando, dia após dia. É como se paredes se fechassem ao meu redor, e eu tivesse que fazer uma escolha. Poderia apenas me deixar levar, ou persistir, lutar pelo melhor acontecer. 

Eu podia me declarar para ela e jogar tudo o que temos para cima, como num cassino. Isso seria brincar com a sorte, o destino e os sentimentos dela. Ou poderia morrer guardando esses sentimentos, assistindo-a ter a sua tão sonhada vida perfeita, com o seu futuro marido, filhos e um animal de estimação, numa grande casa nos campos. 

- Que droga! Eu não quero sentir mais isso, eu não quero! - Gritei o mais alto que pude, sabendo que ninguém poderia me escutar. No momento eu não estava preocupada em perder uma aula,  pois estava ocupada demais tentando conter a minha angústia.