1 mês para o Natal
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– Finalmente! – A porta a minha frente se abre e com um som abrupto, escuto a voz de Serkan antes mesmo de ver sua cara. Ele fecha a porta com o pé esquerdo e reviro os olhos para seu novo hábito – adquirido depois de uma noite de jogos em que eu não consigo me recordar direito o que aconteceu até hoje. Serkan deixa em cima da minha mesa de jantar uma enorme caixa de papelão, ainda lacrada, sem muitos adereços do lado de fora. Paro de digitar e o observo, suado e, o que minha mãe chamaria se o visse agora, mulambento. – A melhor... ouça bem, Eda! A MELHOR época do ano chegou. Está aqui, entre nós...
– Uhul? – Dou um soquinho fraco no ar e sou repreendida por seu olhar. Finjo que não sei sobre o que ele está falando, mas admito que é em
vão. O sorriso em sua cara já diz tudo, sem ser necessários questionamentos. – Qual é, Serkan... você sabe que...– "Que eu não gosto do Natal..." – Ele diz tentando imitar minha voz, sem sucesso. – Eu sei disso há anos, mas fala sério, Eda. A gente tá há uns 2 bons Natais sem comemorar nada por causa da pandemia. O que custa você se animar pelo menos um pouco? Por mim?
– Não adianta fazer essa carinha que você não vai me convencer. – Balanço a cabeça em negativa. – Você sabe meus motivos e eu não vou ceder por sua causa. – Volto meu olhar para o trabalho que estou finalizando no computador e, como ele não diz mais nada por mais de 1 minuto, o encaro outra vez. – Que foi? Vai ficar aí parado me olhando a noite toda?
– Quanta grosseria, Eda. Você era mais simpática comigo antes, sabia? – Serkan cruza os braços e seu olhar fixo em mim começa a me deixar irritada.
– Vai logo para sua casa, você tá fedendo. – Digo enquanto meus dedos voltam a trabalhar no teclado. Ouço seus passos ao fundo se aproximando e seu cheiro ficando mais forte, empesteando o ambiente.
– Você não gosta disso?
Ele abre os braços em cima de mim e grito com nojo do cheiro que seu corpo suado exala. Todos os dias, quando volta da academia, ele passa no meu apartamento que, muito convenientemente, é no caminho para sua casa. Nossa amizade de anos não requer que estejamos em contato 24 horas por dia, 7 dias na semana, mas sempre damos um jeito de nos vermos. Até mesmo nesses momentos nada agradáveis.
– SERKAN! Uiiii... que NOJO! Sai daqui. Que ridículo. Você é ridículo! – Bato no seu braço com minha mão livre e com a outra cubro meu nariz. Sua gargalhada estrondosa e convidativa preenche meu apartamento, ressoando até nos menores cantos. – Sai daqui!
– Eu vou, mas não porquê você quer. – Ele sorri e antes de se afastar bagunça meu cabelo preso em um rabinho.
– Ai, que ódio! – Meu reflexo não é páreo para sua habilidade e não alcanço sua mão a tempo de bater nela. – Te odeio, sabia?
– Uhum. – Serkan me ignora e pega a caixa de volta, posicionando-a em baixo do braço que acabou de levantar para mim na tentativa de me intoxicar. Dá um tapinha na lateral e me pergunto o que está lá dentro para ele ainda não tê-la aberto. – Preciso experimentar minha roupa desse ano, então vou nessa...
– Roupa? – Arqueio as sobrancelhas, confusa.
– De Noel. – Ele diz com desdém. Minha cara ainda deve lhe mostrar que eu não consigo entender sobre o que ele está falando porque ele continua. – Do hospital, Eda. – Esclarece. – Esqueceu que todo ano eu me voluntario para ajudar as enfermeiras? Esse Natal foi liberado apenas para mim e o outro Noel mais velho.
O mundo inteiro conhecia Serkan Bolat pela sua aparência – que eu não posso sequer negar porque ele é realmente o homem mais bonito que eu já vi na vida – e pela sua carreira bem sucedida. Os olhares são únicos e exclusivamente para ele quando ele adentra em algum lugar. Não que eu ache isso ruim. Às vezes é bom ter alguém tão influente no meu círculo de amigos. Mas isso também me incomoda. Poucas pessoas – e elas certamente podem ser contadas nos dedos de apenas uma mão – conhecem o verdadeiro Serkan Bolat e seu enorme coração.
O homem que faz de tudo para ver as pessoas que ama bem. Que é apaixonado por crianças e sonha em ser pai de um batalhão. Que é mais romântico do que todas as minhas amigas juntas. Que ama o Natal como ninguém e faz questão de levar o espírito natalino por onde passar. Que deixa de trabalhar nas tarde perto do dia 25 apenas para levar alguns brinquedos para as crianças do Hospital. O Serkan que ama sua família incondicionalmente e não mede esforços para estar sempre presente.
O conheço desde quando tínhamos 16 anos e o vi de camarote se tornar o homem incrível que ele é hoje. Tenho orgulho de poder chama-lo de melhor amigo, apesar de ele me importunar na maior parte do tempo.
– Ah! Fico feliz então. Pelo menos o natal dessas crianças será especial. – Digo, de coração. Sei o quanto ele se esforça para preparar tudo e o quanto sentiu falta dessa aproximação nos dois anos anteriores. Vê-lo em casa, sozinho, no natal, conseguiu amolecer um pouquinho meu coração. – Boa sorte com a... ãn... roupa. Eu acho.
– Obrigado! – Serkan faz uma reverência e vira as costas para deixar meu apartamento mas logo volta a olhar para mim. – Ei. Esse ano você vai comemorar o natal, quer queria, quer não. Tá me ouvindo?
Uma gargalhada irrompe por minha garganta e seu rosto sério só me deixa com mais vontade de rir.
– Tô falando sério. Amanhã seu presente especial chega, pode esperar. – Ele aponta para mim e paro de rir. Parece que ele estava falando sério de verdade.
– Que presente? – Quase grito mas ele não me responde. O vejo saindo pela porta e, a última coisa que ele me diz causa arrepios na espinha.
– Você vai comemorar o natal comigo ou eu não me chamo Serkan Bolat.
A porta se fecha e fico prostrada ereta na cadeira da cozinha com a última imagem de Serkan piscando para mim antes de ir embora. Mil ideias mirabolantes se cruzam em minha mente à procura de uma explicação para suas palavras. Mas a única coisa que eu consigo ter certeza depois de uns bons minutos pensando é:
Serkan Bolat sempre consegue o que quer.
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Ei! Prontas(os) para a contagem natalina mais fofa do ano? Serão 30 dias acompanhando esses dois em uma saga de amizade e amor e a reconstrução do espírito natalino. Espero que vocês embarquem nessa comigo! Haverá atualização todos os dias, sem horário definido, e espero cumprir essa contagem até o final. Ho ho ho!
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best christmas ever
FanfictionEda odeia o natal. Como um ateu odeia Deus ou uma criança odeia brócolis. Como os opostos se atraem, seu melhor amigo - Serkan Bolat - é um fissurado pelo Velhinho e comemora o Natal com respeito e dedicação. Faltando apenas um mês para a melhor dat...