A casinha (parte I)

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14 dias para o Natal

🎄

Viro outra vez na cama sem conseguir pregar os olhos. A respiração pesada de Serkan ao meu lado ressoa no quarto e me deixa calma, mas não me permite dormir. Viro de um lado para o outro e sempre acabo voltando para cima de seu peito nu. Ele parece uma pedra, sem fazer nenhum movimento além da própria respiração desde que adormeceu depois que nós dois conseguimos esgotar absolutamente toda a nossa energia no corpo um do outro.

Eu sabia agora que nunca iria me cansar de transar com Serkan. Nenhum dos homens que eu já havia feito sexo na vida – não que fossem muitos – fizeram metade do que ele fez e me proporcionou em apenas duas noites. Revivo nossos toques e ainda sinto um finzinho de fadiga depois do esforço físico que fizemos e sorrio involuntariamente no escuro do quarto.

Passo a mão pelo seu peito, sem acreditar que aquilo tudo realmente estava acontecendo. No meio de tantas descobertas, tantos beijos, tantos afagos e palavras que não foram ditas por tantos anos, não tive um tempo para parar e pensar na reviravolta que nossas vidas deram nas últimas 48 horas. Era o meu melhor amigo que estava ao meu lado e que havia me feito gritar seu nome há pouco.

A cada detalhe de nossa história que vai surgindo no quebra cabeça que venho montando, tudo se torna mais lindo e especial. Relembro de coisas que passaram despercebidas por mim por todo esse tempo e vou me dando conta do quanto Serkan sempre me amou. Não me sinto culpada por não ter percebido antes. Como ele mesmo havia dito, tudo aconteceu no tempo certo e quando era para acontecer. De uma certeza eu tinha: ele nunca mais iria escapar de mim porque agora eu o amava ainda mais.

Sinto seu ronco cessar e ele respira fundo, gemendo baixinho ao esticar o corpo abaixo do meu braço esquerdo. Trilho um caminho pelo seu tórax com a ponta do dedo e Serkan parece ter acordado, pois seu nariz inala o cheiro dos meus cabelos ao lado de seu rosto.

– Acordada? – Ele sussurra.

– Sim. Não consigo dormir. – Digo e derramo minha boca em sua pele.

– Por que? – Sua voz parece preocupada apesar de rouca e sonolenta.

– Porque você ronca demais. – Brinco e solto uma risada baixa e faço nossos corpos tremerem um pouco. – Mentira. Você dorme que nem um anjinho.

– Eu sou um anjinho. – Serkan tateia por algo em sua barriga e encontra meus dedos, pegando cada um deles para brincar. – O que está acontecendo, Eda?

– Não sei. – Suspiro. – Acho que tenho medo de dormir e acordar e você não estar mais aqui. De ser um sonho e quando eu te encontrar ainda sermos só amigos.

– E você ter que viver sem meus beijos?

– Sem os beijos seria fácil. Difícil seria sem sua árvore de Natal.

Ele fica em silêncio e não sei se voltou a dormir, se não entendeu meu trocadilho, se não viu graça ou apenas ficou ofendido.

– Você chamou o meu pau de árvore de Natal? – Ele finalmente diz algo depois de alguns segundos.

– Não é esse o espírito natalino? Sentar no colo do papai Noel? Ainda bem que eu fui uma boa menina.

Sua gargalhada estrondosa me assusta e sinto a cama sacudir com seus movimentos involuntários. Rio junto com ele e não há nada mais que eu possa pedir além disso. Eu me apaixonei pelo cara que mais me faz rir no mundo inteiro. Eu era sortuda.

best christmas everOnde histórias criam vida. Descubra agora